A mortandade do Boi Preto

From ProjetoPF
Jump to navigation Jump to search

A mortandade do Boi Preto

Em 30/11/2013, por Welci Nascimento


WELCI NASCIMENTO[1]


O historiador Wenceslau Escobar, também narrou a famosa tragédia de Boi Preto, no município de Palmeira das Missões, ocorrida durante a revolução federalista ocorrida no período de 1893-95. O historiador era um federalista maragato.

“O general Lima continuando de Passo Fundo para Nonoai, marchando para a brigada do general Firmino de Paula para o município de Palmeira das Missões. Nos arredores de Boi Preto, onde estava acampada parte da brigada do Coronel Ubaldino Machado, surpreendida e presa pelo piquete revolucionário de observação. Havia um único soldado, sob o compromisso de descobrir o local do acampamento federalista, ele estava vivo, todos os outros foram decapitados friamente!

Descoberto com precisão o acampamento de Boi Preto na madrugada de 5 de abril de 1894, grande parte da força Ubaldino foi surpreendida e apanhada, sem dar um tiro! Os seus, ou o tenente-coronel Brasil Ribas Pinheiro e mais alguns escapam de Deus e da misericórdia.

O tenente-coronel João Gabriel dos Santos, de Santo Ângelo, e mais alguns companheiros, não morrerão como cordeiros, matar-se-ão lutando.

Caíram em poder da força governamental, prisioneiros, servindo a força revolucionária, cerca de 250 homens, segundo o despacho oficial de Firmino de Paula 370. Este maldito chef, com exceção de 40 ou 50 designados para o serviço militar, mandou matar todos. No local chamado Olho d'Água foram mortos 140, no Posteiro 100 e no sitio do cárcere 30. Por fim, cerca de trinta homens, esta fera humana mandou friamente matar, entre eles seu próprio primo-irmão Arthur Beck, ou salvador de seu filho e sua ama em Santa Maria.

Esta atroz carnificina, que só não foi a maior por estar parte da gente licenciada na Vila e outros em serviço, como o tenente-coronel Perry, foi causada pela facilidade e descuido do chefe revolucionário, que tendo recebido o aviso por escrito de Prestes Guimarães, não tomou, como ele queria, as necessárias cautelas!

Firmino de Paula, mais tarde promovido a general honorário, dando parte deste feito d’armas ao presidente do Estado, passou o seguinte telegrama:

CRUZ ALTA, 10 DE ABRIL DE 1894. – VIVA A REPUBLICA. HOJE, 5 MANHA, BATI UBALDINO ACAMPADO BOI-PRETO. COMPLETA DERROTA; MORRENDO 370 MARAGATOS, MUITOS DELES OFFICIAIS. TOMEI 3 CARRETAS, 38 ARMAS COMBLAINS, 222 LANÇAS, MUNICOES, ABUNDANTE ARMAMENTO PARTICULAR, BARRACAS, MUITOS PRISIONEIROS, 500 ANIMAIS, PARTE MINHA PROPRIEDADE. UBALDINO, BRASIL PINHEIRO E ALFREDO PINHEIRO FUGIRAM. ENCONTREI NO ACAMPAMENTO PORCAO DE FAZENDAS. AMANHA SIGO BATER FORCA REUNIDA PALMEIRA, DEPOIS PERIE, CAMPO NOVO, REPRESENTAM 600 MARAGATOS. UBALDINO TINHA ACIMA DE 500. – CORONEL FIRMINO DE PAULA, COMANDANTE 5ª BRIGADA DA DIVISAO DO NORTE.

Dos termos deste telegrama, com certo exagero para dar mais volume a seu feito, se depreende que não houve combate e nem se compreende que houvesse luta e morresse 370 revolucionários e nenhum governista!

Houve, pois, uma matança exagerada exigida por malícia sanguinária sem nome.

Referências

  1. Welci Nascimento, historiador e memorialista, membro da Academia Passo-Fundense de Letras e do Instituto Histórico de Passo Fundo.