A fundação do Instituto Educacional Metodista em Passo Fundo

From ProjetoPF
Jump to navigation Jump to search

A fundação do Instituto Educacional Metodista em Passo Fundo

Em 2019, por Roberto Biluczyk


Roberto Biluczyk[1]

Prédio Texas, Foto: 1990 Desconhecido[2]

Há mais de cem anos, um simples pedido de recomendação mudaria o panorama da educação básica em Passo Fundo. A cidade, que contava com extenso território, possuía nos primeiros anos do século XX estruturas escolares insuficientes para a demanda. O setor público não dava conta de implantar novas medidas eficazes para resolver o problema do analfabetismo.

Nascido nos Estados Unidos da América (EUA), o Reverendo Jerome Walter Daniel (1884-1955) conheceu a Igreja Metodista em 1908, convertendo-se à religião enquanto cursava o ensino superior na Universidade do Texas, em Austin, conforme relata o historiador estadunidense Robert W. Sledge. Ao se formar, buscou preparação ao trabalho de pastor, interessando-se pelas missões promovidas por sua Igreja. A Igreja Metodista, criada no século XVIII, possui em seu ideário, a necessidade do trabalho missionário envolvendo a área da educação. No Rio Grande do Sul, sua primeira iniciativa educacional foi em Porto Alegre. Com o tempo, novas atuações se desenvolveram no estado.

Para ser escolhido como missionário J. W. Daniel precisava informar o nome de três pessoas que fornecessem boas indicações sobre ele. Entre suas escolhas estava sua ex-professora, Mary Elizabeth Decherd (1874-1954), que lecionava na Universidade do Texas. Metodista, a educadora se engajava em ações ligadas à religião. Ao ser contatada pelo Secretário de Relações Exteriores das missões, Decherd forneceu excelentes recomendações sobre seu ex-aluno. Com isso, ele foi designado para trabalhar em Uruguaiana/RS.

J. W. Daniel trabalhou por um ano em Uruguaiana, sendo transferido em 1915 para Passo Fundo. Desde que chegou ao Brasil, o Reverendo contou com auxílio financeiro proveniente da Junta de Missões. No entanto, o dinheiro que recebia era insuficiente para desenvolver ações além de seu sustento. Foi então que Mary Decherd entrou em ação. A educadora texana coordenou por cerca de quinze anos, ações destinadas à arrecadação de fundos, com apoio de alunos metodistas da Universidade do Texas. Estes donativos seriam destinados à consolidação da missão da Igreja Metodista em Passo Fundo. Por intermédio dos valores captados, possibilitou-se a construção do principal templo metodista na cidade, na esquina da Avenida Brasil com a rua Bento Gonçalves.

Após a doação de um terreno pela municipalidade, em 1919, J. W. Daniel fundaria o Instituto Gymnasial de Passo Fundo, hoje chamado Instituto Educacional Metodista (IE), em 15 de março de 1920. O poder público acreditava que, ao delegar a construção aos metodistas, Passo Fundo teria uma escola que serviria de modelo às que viessem a ser edificadas posteriormente.

Para construir a robusta estrutura escolar e corresponder às expectativas do poder público e da Igreja Metodista, o pastor contou novamente com auxílio da liga assessorada por Decherd. De posse dos recursos, foram erguidos dois prédios, inaugurados em fevereiro de 1923: o Texas, tombado como patrimônio histórico, e o Daniel, destruído em 1994 por um incêndio.

Em 1921, pouco antes do início das obras, J. W. Daniel foi promovido a pastor do distrito de Cruz Alta/RS, passando a ser líder regional da Igreja Metodista. Com isso, acompanhou as construções à distância, confiando ao Reverendo Daniel Lander Betts (1887-1965), o comando direto dos trabalhos. Betts, assim como J. W. Daniel, era estadunidense.

Mary Elizabeth Decherd seguiu promovendo a obra metodista voltada para Passo Fundo até o início da década de 1930, quando uma série de eventos, como a forte crise econômica que assolou os Estados Unidos no final de década de 1920, impediu a continuidade dos auxílios. A parceria que viabilizou as construções dos prédios é rememorada a cada aniversário do Instituto Educacional Metodista, e também junto à imprensa local em diversos períodos, em jornais disponíveis para consulta local no Arquivo Histórico Regional (AHR). Em 2020, a escola completa cem anos de atividades.

Referências

  1. Mestrando em História – PPGH-UPF
  2. Mestrando em História – PPGH-UPF