A empresa Z D Costi & Cia Ltda
A empresa Z D Costi & Cia Ltda
Em 07/08/2007, por Celi Maria Costi Ribeiro
Celi Maria Costi Ribeiro (*)
A empresa Z. D.Costi & Cia. Ltda. teve como fundador Zeferino Demetrio Costi, filho de imigrantes que aqui aportaram por volta de 1879. Ao passar por Passo Fundo, na década de 1940, Demetrio, como era conhecido, encantou-se com o desenhar de um horizonte aberto, na imensidão dos campos passo-fundenses.
Era o alvorecer de uma indústria de produtos suínos que, em 1948, reunia um grupo de sócios, que, posteriormente, desligar-se-iam da empresa para fundar o Frigorífico Planaltina. A sociedade foi transformada em companhia limitada, permanecendo na empresa Zeferino Demetrio Costi e Valdomiro Lamaison. Mais tarde, associaram-se Sidney Celso Costi e Eronilde Ribeiro. Os documentos registram 1º de dezembro de 1948 como a data de início das atividades do primeiro frigorífico de Passo Fundo, instalado, primeiramente, em armazém existente em terras recém-adquiridas. No início, dedicou-se ao refino da banha; depois, à produção de embutidos e ao curtimento de couros.
A área da empresa fica na Avenida Presidente Vargas, atual Bairro São Cristóvão. Chamava-se, na época, Avenida Mauá, Bairro Exposição. Quem hoje transita pelo bairro não consegue imaginar as precárias condições daquela época: terra de chão batido, ruas mal traçadas, falta de luz elétrica, de água encanada e sistema de esgoto, com transporte público precário e carência de mão-de-obra e de apoio do poder público.
O primeiro passo foi incentivar os moradores da região a criarem suínos, matéria-prima para o funcionamento do frigorífico. Quanto à mão-de-obra, foi suprida com a busca, na zona rural do município, de pessoas com vontade de trabalhar e com a oferta de moradia para os operários. Nasciam, assim, as duas vilas operárias próximas à indústria: uma à Rua Camilo Ribeiro e a outra nos fundos da própria indústria, hoje chamado “Beco do Costi”. Foi adquirida uma olaria que fabricava os tijolos para a construção das casas e prédios da indústria.
A sede do frigorífico sempre foi em Passo Fundo, com filial em São Paulo, e representações em Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Maceió e Vitória. Exportava para Bélgica, Espanha, Portugal, Chile e Ilhas Canárias.
Em 1966, por ocasião da 1ª Feira de Exposição Industrial, Comercial, Serviços e Agropecuária de Passo Fundo (EFRICA), a Z. D. Costi & Cia. Ltda. pôde demonstrar a pujança de sua produção. Com a marca Deliciosa já consagrada, apresentou a linha de produtos principais, todos derivados de animais. Em primeiro lugar, a banha; depois, frescais – vários tipos de lingüiças; cortes especiais – lombo, pernil, carré, filé, costela, paleta; cozidos – apresuntado, mortadela, salsicha; salgados – chispes, orelha, rabo, língua, costela.
Fabricavam sabão, que, pela qualidade, não conseguia atender a todos os pedidos. Um curtume oferecia couros coloridos para a confecção de sapatos e vestuário, que, por seu padrão de qualidade, foram bem aceitos pelo mercado europeu. Posteriormente, foi implantada, ainda, uma fábrica de ração animal.
A pluralidade de fatores étnicos, políticos e culturais influenciou o crescimento da empresa, que oferecia emprego, moradia e atendimento na área da saúde. Adotando tecnologias sempre mais avançadas, a empresa deu grande impulso à região. Por conseqüência, a liderança e o pioneirismo empresarial facilitaram o progresso do bairro, contribuindo para a implantação de melhores condições de vida. Assim se criou a paróquia S. Cristóvão, organizou-se o Clube Industrial, instalou-se a Escola Estadual Jerônimo Coelho e o Colégio Cecy Leite Costa, implantou-se linha de coletivos urbanos, houve o calçamento das ruas. O esporte também recebeu impulso com a organização de um time de futebol amador, o Grêmio Esportivo Costi, cujos jogadores eram selecionados entre seus empregados.
Por seu pioneirismo, espírito empreendedor e atuação empresarial, vários prêmios foram concedidos à empresa, na pessoa de seu fundador Zeferino Demetrio Costi, com destaque ao da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), que lhe concedeu o prêmio Mérito Industrial 1975.
As dificuldades foram surgindo em razão do contexto socioeconômico mundial e nacional, como os diversos planos financeiros do governo, o que levou à decadência da empresa, que acabou por fechar as portas e hoje é massa falimentar.
Apesar dos percalços, não se pode desconhecer a significativa e fecunda contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico, social e cultural do Bairro São Cristóvão.
Hoje, o bairro oferece todas as condições para que seus moradores vivam com qualidade, distinguindo-se como uma área de progresso, que impulsionou não só Passo Fundo, mas toda a região do Planalto Médio gaúcho.