A Origem da Cidade de Passo Fundo
A Origem da Cidade de Passo Fundo
Em 2015, por Ney Eduardo Possapp d Ávila
A Origem da Cidade de Passo Fundo[1]
Ney Eduardo Possapp d’Avila[2]
A cidade de Passo Fundo, a rigor, não foi fundada, o núcleo urbano nasceu guaxo, no meio das capoeiras, à beira de uma estrada de tropas e caravanas. O primeiro morador foi o Cabo Neves, sua esposa Reginalda da Silva, demais família, agregados e escravos. Neste caso aquele ex-miliciano foi o fundador, não intencional, mas fundador. Ele pretendia apenas fundar “uma modesta fazenda pastoril e agrícola”. Assim nasceu a cidade, sem padrinho, sem madrinha, sem documento. Apenas em 30 de novembro de 1831 foi concedida pelo comando militar de São Borja a posse “de uma gleba de terras de quatro léguas quadradas, no Alto Uruguai”. Nessa época o Cabo já havia construído sua casa próximo à atual Praça Tamandaré, onde hoje a Rua Paissandu encontra-se com a Teixeira Soares. Os fundos da casa ficavam para o lado da atual 15 de Novembro. Nas proximidades foram levantados os ranchos dos agregados e escravos.
E a data? A data do início da povoação deve ser situada no mês de dezembro de 1827. Em qual dia? Não existe nenhum registro possibilitando determinar. Todavia sabendo-se haver o Cabo Neves feito Nossa Senhora da Conceição orago do lugar e sendo antiga tradição escolher o Santo ou Santa do dia ou de algum dia próximo é fácil deduzir ser o dia 8 de dezembro a data referência. Esta data sinaliza a chegada do Cabo e sua gente, vindos de São Borja. Inicialmente arrancharam-se junto à fonte da Goiexim (atual Fonte da Mãe Preta), mais ou menos onde hoje está a esquina da Rua Uruguai com a 10 de Abril. Por ali passava o “caminho dos paulistas”.
Pouso obrigatório de tropeiros, ervateiros e viajantes, o lugar deu origem a um povoado de birivas, caboclos, índios aculturados, negros escravos e libertos. Mais tarde chegou gente vinda das bandas do Rio da Prata, e gringos vindos das colônias velhas, alemães e italianos. O casario, a maioria ranchos, foi se estendendo ao longo do caminho para ambos os lados da fonte. Ali próximo ficava o “boqueirão”, local bom para o pernoite das tropas que da fronteira demandavam as feiras paulistas. Outro atrativo eram as boas aguadas formadas por dois pequenos cursos d’água, mais tarde denominados do Chafariz e Lava-Pés, do lado norte da estrada. Do mesmo lado também ficava um capão, recanto seguro porque desligado da mata, era o Capão do Valinho, o Mato do Barão.
O Cabo Neves havia escolhido um ótimo lugar. Passado 188 anos não há dúvidas sobre a boa escolha daquele miliciano, quase analfabeto e que por pouco não ficou para sempre no Rincão das Galinhas.