A História do Kartismo em Passo Fundo

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A História do Kartismo em Passo Fundo

Em 2007, por Marco Antônio Damian


A HISTÓRIA DO KARTISMO EM PASSO FUNDO

Corrida de kart em Passo Fundo em 1972

No momento em que Passo Fundo se orgulha em receber mais uma vez o campeonato gaúcho de Kart, em sua casa, o resgate da história do kartismo em nossa cidade se faz necessário. Foi há exatos 35 anos que jovens pilotos passo-fundenses do automobilismo, foram a São Paulo buscar esses pequenos carrinhos, que, para os menos avisados, podia-se tratar de uma atividade apenas lúdica.

Em 1972, os pilotos estavam praticamente órfãos, pois as corridas de rua haviam sido proibidas, pelas tragédias ocorridas alguns anos antes, entre seus carros e os espectadores, que sem nenhuma proteção se aglomeravam muito próximos à pista e nas curvas. Autódromo só o de Tarumã, inaugurado em 1970 e alguns outros de terra. Passo Fundo, como ocorre até hoje, é pródiga na revelação de grandes e vitoriosos pilotos que não tem casa própria para treinar e competir.

A proibição de corridas de rua falava em automóveis, mas não de kart, e assim mais de uma dezena de pilotos adquiriram os equipamentos e se organizaram para competições. Inicialmente a prova era domar a máquina, que foi fácil, pois todos eles vinham do automobilismo. Depois era pensar em dar maior potência no motor e diminuir o peso pessoal (do piloto) e do equipamento, para torná-lo mais veloz. Os treinamentos eram realizados no pátio da Cesa, pois era um dos poucos locais asfaltados da cidade.

Chegou então o dia 5 de junho de 1972, data da primeira prova de kart disputada em Passo Fundo. A pista improvisada foi o centro da cidade, nas ruas asfaltadas. General Neto, General Osório, Bento Gonçalves e Morom. Alguns sacos de areia foram estrategicamente colocados em pontos que oferecessem maiores dificuldades para os pilotos domarem a máquina em curvas apertadas. Exatamente 11 karts estavam inscritos, número muito acima do esperado. Mas, o domingo amanheceu cinza, nublado, um pouco triste. A chuva era iminente e ela realmente deu as caras. Nada, porém, arrefeceu o ânimo entre os competidores e o público foi enorme. Aproximadamente cinco mil pessoas se espremeram entre guarda-chuvas ao longo do trajeto.

Foram quatro baterias, todas de altíssima velocidade, adrenalina em alta e o coração batendo mais forte. Cada bateria consistia em 10 voltas na improvisada pista. A primeira bateria foi vencida por Ison Iaione, com Paulo Tagliari em segundo lugar e Roberto Albuquerque, de Carazinho, em terceiro. Um descanso merecido, os preparadores, na maioria os próprios pilotos, ajustando seus equipamentos para a segunda largada. Esta foi vencida por Hércules Borges, tendo Paulo Tagliari chegado em segundo lugar e Carlos Alberto Oltramari, em terceiro. O povo delirava com o arrojo dos pilotos. A fumaceira e o estrepitante barulho dos motores, era coisa familiar e saudosa para os passo-fundenses. Veio então a terceira bateria e ela foi vencida por Paulo Tagliari, seguido de Hércules Borges e Celso Menegaz. O asfalto liso e perigoso não era empecilho para nenhum dos intrépidos homens voadores. A média de velocidade era de 80 km. por hora, considerando os empíricos equipamentos, era alucinante para os pequenos carrinhos. A quarta e última bateria foi vencida por Roberto Tasca, com Paulo Trevisan, em segundo e Hércules Borges, na terceira colocação.

Ao final da contagem de pontos, quem ergueu o primeiro troféu do kart, em provas realizadas em Passo Fundo, foi Hércules Borges, com 22 pontos, seguido por Paulo Tagliari, com 21, Izon Iaione, com 11, Paulo Trevisan, João Carlos Klaus e Roberto Tasca, com 9 e Celso Menegaz, com 8 pontos.

Ainda em 1972, outras provas foram realizadas, no centro da cidade e no trevo da saída para Porto Alegre, no Boqueirão. Lá os pilotos largavam como em Le Mans. Alinhavam os karts em oblíquo e na bandeirada corriam até eles e o mais ágil dava a partida primeiro. Uma largada emocionante, mas extremamente perigosa.


A CONSTRUÇÃO DO KARTÓDROMO

Essas primeiras corridas entusiasmaram os corredores e aficionados e empolgaram o público. Assim, no ano seguinte, 1973, passou-se a cogitar a construção do kartódromo, através da Associação de Automobilismo de Passo Fundo, presidida então por Renato Tagliari. Foi-se agregando pessoas influentes e entusiastas da velocidade, como Ítalo Bertão, elevado à condição de Presidente Honorário da Associação. As verbas escassas das mensalidades dos sócios eram insuficientes. Desta forma promoções, como competições de kart ou km de arrancada, eram realizadas, com o único objetivo de arrecadar fundos que iriam exclusivamente fazer parte do caixa para construção do kartódromo. Mas essas iniciativas se tornariam inócuas sem colaborações de suma importância, como de Iradi Laimer, que doou a área da Roselândia, Lander Machado, que sem qualquer custo, conseguiu maquinário para a terraplanagem, desenhou, com a ajuda dos pilotos, o melhor traçado e deu os primeiros e gigantescos passos para concretização da obra, Fernando Machado Carrion, então presidente da Cintea, que custeou a base e o asfaltamento da pista e o Prefeito Edu Villa de Azambuja, um entusiasta do esporte, que nada negou a qualquer solicitação da Associação.

Assim, passados seis anos do início das conversações sobre a construção da obra, em 1979, na gestão do Presidente Nereu Grazziotin, foi inaugurado o Kartódromo da Roselândia.


PILOTOS E ABNEGADOS DIRIGENTES

Foram eles que trouxeram o novo esporte a motor para Passo Fundo. O amor pela velocidade e a paixão pela adrenalina moveu os jovens pilotos a iniciarem um movimento que chega ao ano de 2006, com a organização e o patrocínio de um campeonato gaúcho de kart. Foram centenas de pessoas entre pilotos, preparadores ou apenas abnegados dirigentes. Porém, entre os pioneiros destacaram-se: Sérgio Ughini, Roberto Tasca, João Carlos Klaus, Paulo Afonso Trevisan, Paulo Tagliari, Hércules Borges, Mauro Machado, Ison Iaione, Caetano Borella, Antonio Carlos Oltramari, Moacir Cabeda, Guilherme Locatelli Wolff, Celso Menegaz, Ivânio Bernardon, Ernani Rigon, Roberto Albuquerque (Carazinho), José Alexandre Tagliari, Renato Tagliari, José Schroeder, César Paulo Ghiggi, Luiz Carlos Tizatto, Nereu Grazziotin, Nivaldi Grazziotin, Nilton Bertão, Edson Bertão, Hélio Ughini, um ícone desse esporte, Luiz Fernando Cogo, Júlio César Sebben, Mário Dal Pont, João Gilberto Cogo, Julmar Biancini, Arthur Canfield, Ronaldo Marson, Ivan Tissot, Carlos Ortiz, Walter Helbling, Wilson Tissot, Carlos Pretto Martins, Paulo Roberto Magro.