A Construção da Catedral Nossa Senhora Aparecida

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A Construção da Catedral Nossa Senhora Aparecida

Em 07/08/2007, por Dom Urbano José Allgayer


A Construção da Catedral Nossa Senhora Aparecida

Dom Urbano Allgayer[1]


Todas as dioceses devem ter a sua catedral, de acordo com o antiqüíssimo costume obrigatório para o culto divino (conforme cânon 1.205 do Código de Direito Canônico). Não é necessário que a catedral, igreja-mãe da diocese, seja um templo suntuoso. Vale para a catedral o que é prescrito para as igrejas em geral: “Na construção e restauração da igreja, usando o conselho de peritos, observem-se os princípios e normas da liturgia e da arte sacra” (CÂNON 1.216). Vale, de modo especial, para a catedral, a prescrição seguinte:

“Concluída devidamente a construção, a nova igreja seja quanto antes dedicada, ou pelo menos benzida, observando-se as leis da sagrada liturgia. As igrejas, principalmente as catedrais e paroquiais, sejam dedicadas com rito solene” (CÂNON 1.217, parágrafos 1 e 2).

A nossa catedral foi planejada e construída em etapas. Em 29 de julho de 1930 dom João Becker, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, veio para verificar o local onde poderia ser construída a igreja, futura catedral, e a instalação do bispado. Um projeto inicial de Victorino Zani, em estilo gótico, não foi aceito por seu alto custo. Dia 29 de abril de 1935, dom Antônio Reis, bispo de Santa Maria, deu a bênção à pedra fundamental da futura catedral, no mesmo local onde fora construída a primeira capela (entre os anos de 1934/1935). Em 1938, foram concluídos os alicerces e as obras tiveram continuidade.

Executada sem projeto definido, foi admirável o resultado conseguido. Na análise do engenheiro Ronaldo Marson, “os arcos circulares, descobertos pelos etruscos, aparecem no plano geral e revelam mais as características do estilo romano [...] A fachada da Catedral segue a arquitetura clássica, mostrando o notável ecletismo dos romanos, mestres em aproveitar tudo aquilo que admiravam na ciência construtiva dos povos que iam conquistando” (Welci Nascimento, De capela a catedral, Passo Fundo, 2000).

Em 25 de dezembro de 1965, dia de Natal, com rito solene, bênção e dedicação, de volta do Concílio Vaticano II, dom Cláudio Colling presidiu a inauguração oficial da catedral, nas dimensões atuais, porém inacabada. Em 1975, foram desenhados os painéis em alto relevo do interior. Desde a bênção da pedra fundamental até sua inauguração, transcorreram trinta anos conforme dados colhidos no livro-tombo da Catedral. No dia 12 de março de 1950, como bispo auxiliar de Santa Maria, dom Cláudio Colling viera residir em Passo Fundo, onde juntamente com a Comissão Central Pró-Bispado, presidida por Ernesto Morsch, deu início à organização da futura diocese, instalada em 22 de julho de 1951, sob o pontificado de Pio XII. Como primeiro bispo diocesano, dom Cláudio Colling a pastoreou por 30 anos, até 1981, ano em que assumiu a arquidiocese de Porto Alegre.

A Catedral de Nossa Senhora Aparecida é um belo símbolo de Passo Fundo, realçado pela imagem clássica da Praça Marechal Floriano, tendo à frente o monumento da cuia gigante e o verdor dos arbustos. Trata-se de um monumento bem executado de arte sacra, apropriada para acolher paroquianos, devotos de Nª Sª Aparecida e visitantes. Aliás, o turismo religioso é incentivado pela Igreja e pela sociedade, que recomendam a boa acolhida aos peregrinos.

Chama a atenção dos moradores e turistas o par de torres reluzentes, visíveis a longa distância; o relógio da torre, marcando as horas com sonoridade; os sinos harmoniosos, chamando os fiéis ao culto; as esculturas dos quatro evangelistas e de Nª Sª Aparecida no frontispício; os três pórticos da entrada, encimados por séries de pórticos menores em estilo romano, até o cimo da fachada; o monumento de Jesus Cristo de braços abertos, junto à entrada. Na parede dos fundos do presbitério, encontra-se o painel de Cristo ressurgindo do sepulcro. Três outros maravilhosos painéis, de autoria do artista polonês Arysyarch Kasznrewicz, circundam o altar, representando o Natal, a Páscoa e o Pentecostes. Na cúpula sobreposta ao altar-mor, exposto à luz solar, encontra-se um grande vitral representando a Última Ceia, de autoria do artista sacro Emilio Zanon. As estações da Via Sacra são representadas por 14 grandes vitrais, que adornam as paredes laterais da catedral. A 15ª estação, a ressurreição de Cristo, é representada pelo painel da Páscoa. A catedral mede 75,80 m de comprimento e 23,10m de largura, espaço distribuído por três pisos, além do subsolo, com o salão comunitário; primeiro piso – hall de entrada, nave e presbitério; segundo piso – coro e depósito; terceiro piso – torre com relógio e carrilhão dos sinos.

Honra seja dada a Deus e gratidão aos abnegados benfeitores, vivos ou já falecidos, generosos promotores dessa epopéia arquitetônica, a Catedral de Nª Sª Aparecida de Passo Fundo.

Referências

  1. Bispo-emérito de Passo Fundo