Delsi Branco da Luz

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Delsi Branco da Luz
Delsi Branco da Luz.jpg
Nome completo Delsi Branco da Luz
Nascimento Maio 1925
Local Passo Fundo/RS
Morte
Local
Ocupação expedicionário


Delsi Branco da Luz nasceu em Passo Fundo, em maio de 1925

Biografia, Histórico

"Eu fui pra linha de frente"

Assim dito pelo Tenente Delsi Branco da Luz.

Em maio de 1925, na cidade de Passo Fundo, nascia Delsi Branco da Luz. Que mais tarde seria um dos heróis brasileiros a combater o Nazismo e a opressão na Itália, durante o maior conflito já visto, a Segunda Guerra Mundial.

Durante a guerra, ainda na patente de Cabo, Delsi, integrou o 1º Regimento de Infantaria (1º RI), o Regimento Sampaio, junto de seus companheiros, participou da Tomada de Monte Castello.

Conta ele que quando se apresentou, não era voluntário:

"Como era necessário completar o efetivo e não se alcançou a quantidade de homens. Convocaram outros. E, nessa leva fui incluído."

Delsi Branco da Luz, desfile

A convocação e a ida de Delsi para a guerra foi complicada e turbulenta:

"Depois da inspeção de saúde, iniciamos uma fase de instrução forçada, a qual foi recebida em Santa Maria em 1943. Nesse interim, houve uma reviravolta na minha ida a guerra. Eu era das Transmissões, do PE 3º (Pelotão Extra do III/7 RI), comandado pelo Capitão Tércio Veras. Então, um colega do meu pelotão, Olmiro Vargas, apresentou-se como voluntário em meu lugar. Porém antes de embarcar, ele pediu licença para ir em casa e não mais retornou. Desertou. Como eu tinha conseguido a minha saída, e não sabia da deserção do Olmiro, fui a uma festa a fim de comemorar. De repente, lá pelas vinte e três horas chegou uma patrulha de serviço de Batalhão convocando-me para o embarque. Eu fui convocado para substituir o desertor. Embarquei sozinho porque o pessoal do meu Batalhão já seguia viagem para o Rio e, em Santa Maria, tive que esperar um contingente de Cavalaria que vinha da fronteira. Juntei-me a ele e viajamos de trem até o Rio de Janeiro."

O Tenente Branco embarcou para Itália junto ao 5º Escalão da FEB, integrando o 2º Escalão do Depósito de Pessoal.

"a bordo do navio-transporte General Meighs que aportou em Nápoles, em 22 de fevereiro. Após completar sua preparação em Staffoli, foi designado para o 1º Esquadrão de Reconhecimento.

Fomos acompanhados por três destróieres e realizamos repetidos treinamentos contra ataques de submarinos, que eram praticados em plena madrugada, mesmo em alto-mar.

Passávamos muito trabalho porque os canhões e o pessoal da segurança - soldados tripulantes - eram os únicos que ficavam no convés. Tínhamos que permanecer nos compartimentos, não podíamos sair. Permanecíamos o tempo todo com salva-vidas, confinados juntos aos beliches; não podíamos subir para não atrapalhar a segurança do navio. Seguidamente aconteciam exercícios. E sofríamos bastante, enjoávamos com o cheiro de enxofre da pólvora dos canhões. Era um navio muito grande e aquilo entranhava em tudo que era lugar.”

Delsi Branco da Luz, atirador de bazuca:

“A base brasileira – o Depósito de Pessoal e as tropas de apoio estavam em Staffoli. Então, quando havia grandes baixas no front os substitutos eram oriundos do Depósito, onde havia instrução forçada também. Lá era brabo, danado mesmo, havia dias que ficávamos surdos de tanto tiro que dávamos. Tínhamos que treinar com o armamento americano e eu fui designado para fazer um curso de bazuca. Aprendi a atirar contra as lagartas dos tanques alemães. Fui atirador de bazuca.".

No front:

“Depois daquele mês de treinamento pesado fui direto para o front. Um detalhe que é interessante ser comentado: só o pessoal do Sexto ficou na própria Unidade. O 6º RI (6º Regimento de Infantaria) foi o primeiro que chegou, entrou em combate e se manteve unido. A maioria do pessoal das outras Unidades – aqueles que chegaram nos outros Escalões – foi para o Depósito e, mais cedo ou mias tarde se espalhou, ficou sem a Unidade de origem. Com o meu Batalhão ocorreu o mesmo, se dispersou, se espalhou na Itália"

Cheguei lá em fevereiro, ainda em pleno inverno. E contam que o de quarenta e quatro para quarenta e cinco foi um dos invernos mais rigorosos. Durante o tempo que permanecemos em Stafolli, ficamos em barracas. Foi demais. O frio era um horror. A água virava gelo durante a noite. Então para fazermos a nossa higiene matinal, deixávamos capecetes cheios d’água à noite e, pela manhã, os esquentávamos com gasolina, senão era só gelo mesmo, uma camada em cima da outra. Um horror!

A farda era americana e a recebemos na Itália. Com a nossa certamente não iríamos agüentar. Se não fosse a americana ninguém teria agüentado. Eles tinham uns sacos, impermeáveis por fora e de lã por dentro que permitiam ainda o uso de cobertas. Assim podíamos dormir a noite toda na neve que não havia perigo de sentir frio."

O pior de tudo, as patrulhas:

“As patrulhas de reconhecimento, a gente fazia o inimigo atirar com as armas que tinham, e nós não podíamos revidar, para termos conhecimento para depois fazer o ataque. Então essa era a função da patrulha de reconhecimento, era a pior que tinha. E, além disso, tinha as minas”.

Partigiani descuidado:

“Eu estava baixado ao hospital, já em fase de recuperação, quando sofri um acidente. Parte dos italianos estava contra os aliados e outra parte a favor, eram os partisans que colaboravam e às vezes até trabalhavam conosco. Certa ocasião um grupo deles estava fazendo limpeza ao redor do hospital quando um deles bateu em uma mina antitanque colocada pelos alemães e ela explodiu. Havia tanta mina nessa parte de Livorno, junto ao porto, que ao se abrir as passagens para as viaturas – jipes e carros – formava-se montes e montes de minas antitanque, aquelas do tamanho de um queijo, todas desativadas, Tínhamos um pelotão especialista que não só as neutralizavam, mas também nos ensinava como fazê-lo. O restante do campo era cercado com arame farpado e colocavam placas de aviso para o pessoal não entrar ali. Não sei como os italianos conseguiram limpar aquela quantidade de campos minados depois da guerra. E foi uma dessas que explodiu. Estavam limpando o campo e, por acaso, um dos italianos bateu em uma mina que embora do lado de fora, estava colocada junto ao hospital. Nesse mister os alemães foram cruéis, aonde tiveram oportunidade eles minaram ou armadilharam. Em todo e qualquer lugar. Até em prédios como clubes, junto ao mobiliário, em instrumentos musicais – pianos, gaitas – ou em qualquer outro objeto. Um descuido e tudo explodia. Era um Deus nos acuda. Eles fizeram isso. O lugar ou o objeto mais simples servia de pretexto para uma armadilha. No hospital, bem próximo do local onde ocorreu a explosão havia uma saguão aberto, um avarandado, e muitos pacientes caminhavam ali. Eu me recuperava da pneumonia e quando houve esse problema da mina estava lá. Morreram o italiano que pisou na Iná e um brasileiro. Dois mortos e dezoito ficaram feridos. Esses dezoito estavam dentro do hospital. Fiquei mal, eu e outros. Inclusive um que foi se tratar junto comigo nos Estados Unidos não conseguiu resistir, a perna secou, o braço direito rebentou todo, e ele acabou falecendo. Acho que nem todos eram da mesma enfermaria, estavam ali caminhando. Como eu, que era de outra ala. Mas todos nós estávamos no referido saguão.”.

Depois da guerra, o passofundense foi para Nova Orleans, nos Estados Unidos, em função de uma enfermidade que apresentava, ficou se tratando em um hospital que classificou como muito bom.

Depois de se tratar nos EUA, Delsi voltou para Passo Fundo, sua terra natal, onde mora até hoje.

Títulos, prêmios e honrarias

  • 2001 - Registro de Reconhecimento Público[1]

Conteúdos de seu acervo

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Referências

  1. «Decreto 2001 119 de Passo Fundo RS». leismunicipais.com.br.