O Planalto Médio e a Segunda Guerra Mundial

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O Planalto Médio e a Segunda Guerra Mundial

Em 30/09/2010, por Guilherme Ribeiro de Souza


O Planalto Médio e a Segunda Guerra Mundial

Guilherme Ribeiro de Souza[1]

Vivendo no interior do estado do Rio Grande do Sul, muitos trabalhadores levavam suas vidas, assim como seus antepassados, numa calmaria, e aos poucos vendo a tecnologia e o avanço chegar. Precariamente sabendo das ocorrências mundiais, muitos destes tinham pouco conhecimento do que era e o que representava a guerra, apenas sabiam de suas sementes, do seu arado, de sua fonte de sustento, que no momento, era o que lhes importava. Mas a muitas milhas dali, uma ordem do então ditador alemão, Adolf Hitler, de torpedear as embarcações mercantes do Brasil, que levavam consigo matéria-prima, que resultava na fabricação de armas e equipamentos de guerra, usados contra a Alemanha Nazista, causaria tamanha avaria na vida dos simples cidadãos de pacatas cidades do interior.

Em consequencia dos torpedeamentos sofridos pelos navios da Marinha Mercante do Brasil, pelos submarinos do Eixo, a 22 de agosto de 1942, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, num ato tão banal, de assinar seu nome, mudaria para sempre a História e a vida de um povo, colocando os brasileiros numa situação jamais vivida. Esse ato do presidente brasileiro, tão comum e tão repetido por todos, mudara o destino de muitos cidadãos, não somente daqueles que demonstraram sua coragem e sua dedicação a causa da Liberdade, mas daqueles que foram de algum modo, afetados pelo conflito. Na verdade, esse ato, ainda continua mudando a vida dos brasileiros, a vida daqueles que se dedicam a rever os fatos, e dessa forma, refletir e analisar os acontecimentos, com o intuito de repetir os bons feitos, e extinguir os maus. Daqueles que ainda ouvem a histórias de guerra dos veteranos, daqueles que se preocupam em mostrar a todos, as vertentes e as passagens do mundo, de todo aquele que ainda houve na escola, durante uma aula de História, os horrores dos campos de concentração, e os feitos dos pracinhas brasileiros, que arriscaram, ou deram, a sua vida em prol da liberdade dos cativos, que fizeram de sí, um instrumento da igualdade e do combate ao preconceito. Assim, num ato, isolado que na sua literalidade não possui importância alguma, tirou a vida de muitos.


As reações e consequências que toda essa série de fatos tiveram na região do Planalto-Médio, do Rio Grande do Sul, foram enormes, em todos os aspectos, principalmente, na rotina das famílias e das cidades, afetando de maneira considerável a economia da região. Trazendo aos municípios e vilarejos, novas preocupações, e assim, fazendo com que a História provasse mais uma vez, que tudo afeta tudo, que todos os fatos possuem ligação.


Com a entrada do Brasil na guerra, em conjunto com os Aliados, principalmente com os Estados Unidos, decidiu-se criar a FEB (Força Expedicionária Brasileira), uma força a qual o destino era a Segunda Guerra Mundial, porém, o teatro de operações a qual esta atuaria demorou a ser decidido. Inicialmente, pensou-se numa possível atuação dos brasileiros no Norte da África, auxiliando os ingleses e os americanos que lutavam arduamente contra as forças ítalo-germâncias, sendo seu principal líder, o general alemão, Erwin Rommel, conhecido como raposa do deserto, por suas rápidas e mortais investidas, e retiradas precisas, quando se fazia necessário. Desse modo, muito se analisou sobre o destino dos soldados brasileiros, enquanto isso, o recrutamento tinha começado. Procurando todo aquele que se encontrava em condição física e psicológica, fora chamado tanto os que estavam na ativa, quanto os reservistas, no Planalto Médio não foi diferente, os exércitos do Rio Grande do Sul, iniciaram os recrutamentos a partir dos soldados que cumpriam o serviço militar obrigatório, depois direcionando as convocações aos civis.


Por fim, o destino dos brasileiros havia sido determinado, a Itália, era lá que deviam mostrar sua dedicação a causa da liberdade. Porém, isso se manteve em segredo até os últimos momentos anteriores ao desembarque das tropas febianas do 1º Escalão em Nápoles.


A convocação e a partida dos soldados do Planalto Médio para a Itália causou uma reviravolta na região, o esforço de guerra é um dos vários exemplos dessa mudança. Comissões e grupos foram criados para arrecadar tudo e qualquer coisa que servisse ao Brasil em termos bélicos, de dinheiro a ferro. Doações de dinheiro eram comuns, a campanha de arrecadação de ferro foi muito forte pela região também, ou seja, pedia-se ferro, assim o governo poderia derreter e transformar em algo útil aos pracinhas, de armas, a cantis, de panelas a munições, enfim, serventias não faltavam.


A rotina do comércio e dos empregos mudou bastante, pois muitos dos soldados que foram para a guerra, deixaram uma família a qual sustentavam isso fez com que as mulheres, esposas dos combatentes, ficassem responsáveis por "botar dinheiro em casa". Sendo assim, tiveram de procurar emprego, buscar fontes de renda, qualquer serviço, desse modo causando, grande movimentação e modificação do comércio e da economia das cidades, fazendo com que o caráter dos serviços mudasse.


Outra coisa bem comum durante a guerra, foi os seguidos protestos e comícios contra os países inimigos do Brasil, causando muitas mudanças na política local, estudantes frequentemente promoviam reuniões e cerimônias públicas para protestar, e falar dos abusos a qual, principalmente os alemães, cometiam.


Depois do final da guerra, os heróis brasileiros que fizeram e continuam fazendo história, voltaram e retomaram suas vidas, tentando esquecer, e ao mesmo tempo sem deixar que se apaguem as memórias de guerra, que de um lado traumáticas, e de outro necessárias, para que o homem se lembre do quão horrível é o sofrimento, e o quão tolo é matar o seu irmão.

Referências

  1. Estudante, Tese: Segunda Guerra Mundial