Gomercindo dos Reis: o Poeta de Passo Fundo

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Gomercindo dos Reis: o Poeta de Passo Fundo

Em 11/06/2008, por Paulo Domingos da Silva Monteiro


Gomercindo dos Reis: o Poeta de Passo Fundo

 

No período em que comemoramos o sesquicentenário de emancipação político-administrativa de Passo Fundo, é de inteira justiça lembrar a figura do poeta Gomercindo dos Reis. Passo-fundense, nascido em Pinheiro Marcado, no então distrito de Carazinho, se não foi o primeiro poeta local, foi o que mais cantou Passo Fundo, especialmente o Boqueirão.

Sua filha, Nira Worm Reis, que reside entre nós, permitiu-me acesso a originais autógrafos do poeta, de onde retiro alguns poemas dedicados à terra natal. Os poemas, escritos entre 1915 e 1956, foram publicados em revistas e jornais consagrados, como “O Malho”, “Fon-Fon”, “Vida Chic” e “Ilustração Pelotense”, além dos jornais passo-fundenses, “O Nacional”, “Diário da Manhã” e “A Tarde”, além de periódicos de Santa Catarina e Paraná.

Gomercindo dos Reis formou seu estilo literário na primeira metade do século XX, lendo os grandes poetas da chamada “Belle Époque”, fundamentalmente os parnasianos. A exemplo de outros poetas passo-fundenses, que foram seus contemporâneos, como Antonio Donin e André Pithan, permaneceu fiel à poemática dos seus modelos. Assim, majoritariamente, encontramos em sua obra a poesia metrificada. Praticou, de preferência, a redondilha maior e o decassílabo. Cultuou, dentre os poemas de forma fixa, o soneto e o sonetilho, práticas que o filiam como um continuador da poesia da “Bella Époque”.

Transcrevo, a seguir, acompanhados de observações rápidas, alguns dos poemas que dedicou a Passo Fundo. A poesia – e Gomercindo dos Reis foi verdadeiramente um Poeta – dispensa comentários. Algumas de suas obras, aquelas que têm um gosto de crônica, “poemas datados”, na definição consagrada pela Crítica Literária, mereceram observações mais pertinentes, outras, como “Bacanal do Casino”, deixamos, por motivos óbvios, à mercê do esforço investigativo de quem desejar identificar os personagens envolvidos.

Comecemos por um poema de 1938, antecipando o tema do “gaúcho que não dobra esquina”, imortalizado por Victor Matheus Teixeira, o Teixeirinha. Era um período em que o veterano da Revolução de 23, enfrentava a ditadura estado-novista e o interventor Arthur Ferreira Filho.

Carapuça[1]


Tenho medo até de sombra,

Me apavora o lobisomem,

Tudo no Mundo me assombra,

Menos o “bufo” dum Homem!


Tenho horror duma peleia,

Tudo eu temo neste Mundo,

Só não temo é cara feia

Porque sou de Passo Fundo!


De dia ou de noite escura

Ando sozinho – sou Homem!

Não me assusta essa figura

Semelhante ao lobisomem!


Não faz mal seu safardana

Pode andar me hostilizando!

Quando passa a caravana

Também ficam cães ladrando!


Outro poema em que exalta a coragem dos passo-fundenses chama-se Vulcão da Serra. Por isso, mesmo sem dada de escrita e publicação, foi disposto ao lado do poema acima. O original, no terceiro verso da segunda estrofe consta “investe”, que o poeta, de próprio punho, substituiu por “entra”.

Vulcão da Serra[2]


Na gloriosa Passo Fundo

Há brasileiro de ação,

Que briga no campo raso

E briga também de avião.


Na gloriosa Passo Fundo.

Que é berço de rebelião,

Há brasileiro que corta

Metralhadora a facão.


Na gloriosa Passo Fundo

Nesta terra, neste chão,

Há Maragato que entra

Pela boca de um canhão!


Na gloriosa Passo Fundo,

Na cidade e no sertão,

Há fogueira n`alma humana

como chamas num vulcão!!!

Passo Fundo[3]


Passo Fundo, Passo Fundo,

Tem Jesus a nos guiar,

Tem estrelas cintilantes,

Tem noites de almo luar.


Passo Fundo, Passo Fundo,

Tem loiras e tem morenas,

Lindas mulheres que matam

As minhas mágoas e penas...


Passo Fundo, Passo Fundo,

Não precisa ter roseiras:

Há uma rosa em cada face

Das mocinhas feiticeiras.


Passo Fundo, Passo Fundo,

Tem por arma o guamirim,

A espada, cavalo e lança,

Tem heróis, na luta, enfim!


Passo Fundo, Passo Fundo,

Foi sitiado em vinte e três:

Cuidado, que os maragato

Querem cercá-lo outra vez...


Passo Fundo, Passo Fundo,

Já cumpriu o seu mister,

- Tendo Prestes Guimarães,

- Tendo Antonino Xavier!!!


No dia 24 de agosto de 1954, noticiado o suicídio de Getúlio Vargas, amotinados, os seguidores tentaram tomar o prédio do Diário da Manhã, que ficava na esquina das ruas Coronel Chicuta e Independência. Gomercindo dos Reis noticia os fatos num poema publicado a 9 de setembro daquele ano. O poeta relata o que aconteceu na reunião ocorrida na sede do diretório municipal do Partido Trabalhista Brasileiro e o que se seguiu, depois, com investida contra o jornal de Túlio Fontoura, oportunidade em que morreu o aspirante Jenner, e a posterior depredação das sedes do Partido Libertador e do Partido da Representação Popular, sucedâneo do Ação Integralista Brasileira, partido fascista, liderado por Plínio Salgado. Casas de antigetulistas, como o libertador Gomercindo dos Reis, também foram atacadas.

Comício e Tiroteio[4]


A morte do ex-presidente

Trouxe um protesto solene,

Foi tão sério e veemente

Que o povo ficou infrene.


Falou primeiro o Canfieldt,

E o caso tornou-se preto,

Exaltando a gente humilde

Falou Nei Menna Barreto.


Qual Gambeta do Rio Grande

Discursou o Daniel Dipp,

Se o nosso povo se expande,

Agüenta, agora, Felippe...


Já tristonho e meio bambo,

Quais em lágrimas e prantos,

Ouvimos Basílo Rambo,

Mais o Doutor César Santos.


Vi que a plebe Bagunceira

Já estava bem na genebra...

No final da discurseira

Começou - o quebra-quebra...


Houve grande estardalhaço

Contra o “Diário da Manhã”,

Onde há touro há guampaço,

E a tentativa foi vã!...


Naquele instante se ouvia

Tumulto e gritos – de guerra!

Lá dentro do “Diário” havia

Dez touros cavando terra...

São deploráveis os fatos

Que esta noite se passaram,

Na sede dos Maragatos

Tudo o que havia quebraram.


Era gente amotinada

Nem mesmo o meu

Escritório escapou da tijolada,

Da sanha do zé-povório!


Como este povo bem viu

Ninguém deteve essas hordas,

Vitorino faz “bugiu”,

Depois me deixa nas “cordas”...


E o Partido Integralista

Também foi esbodegado,

Já tinha o couro na lista,

Desta vez ficou Salgado...


Com tiroteio de novo

Fui me afastando de perto,

Porque bala contra o povo

Não traz endereço certo...


Gomercindo dos Reis foi um cronista em versos, quando se trata de Passo Fundo. Deixou, por exemplo, alguns poemas, de 1951, sobre as eleições municipais daquele ano. Legou-nos, outros tantos, como este publicado no Diário da Manhã, a dois de novembro de 1952, descrevendo a surra que um prefeito levou, por causa de uma das prostitutas que faziam as glórias do Cassino da Maroca. Publicou-o sob o pseudônimo de Pinhão Cru.

Bacanal no Cassino[5]


No Cassino a farra é grande

Lá dançam as Messalina,

Mulheres lindas, divina,

Coquetes que têm rival:

Champanha, música e flores,

Encanto, beleza e arte,

Cochichos por toda a parte,

Ciumeiras na bacanal...


Vê-se a Turca sorridente

Mais linda do que os amores,

Parece um jardim de flores

De formosa que ela é;

De olhos negros, fascinantes,

Envenena seus amantes

Nas danças do Cabaret!


E a Turquinha endiabrada,

Com ancas e lindos seis,

Quando dança faz meneios

No palco das bacanais;

Conhaque, champanha, uísque,

Vai e vem o diz-que-diz-que

Das duas turcas rivais...


Nessa noite forasteiro

Que dançava com a Turquinha

Por maus olhares que tinha,

Um conflito provocou:

Era um prefeito já bêbado

Que às quatro da madrugada

Saiu de cara estragada

Dos sopapos que levou...


Neste Brasil de Los Vargas

Já se vive em plena orgia,

Na grande cena se via

Grande afronta ao nosso povo.

Quem não vê que a camarilha

Pretende viver agora,

Como nos tempos de outrora,

Nas farras do Estado Novo!...


Num sonetilho (nome que se dá ao soneto em versos com menos de dez sílabas métricas – decassílabo), em redondilha maior, canta os encantos de Passo Fundo. Aliás, o setissílabo era um dos versos preferidos pelo poeta. O título original do poema era Passo Fundo. Trata-se de um poema da juventude do autor, escrito nos tempos em que se grafava “attraente”, “circumdada”, “pinheiraes”... À época usava o pseudônimo Garcindo Dornelles.

Cidade Encantada


Esta cidade encantada

Fica atraente demais,

Assim toda circundada

De orgulhosos pinheirais.


Foi talvez privilegiada

Pelos seres divinais

Por isso é toda prenda

De belezas naturais.


Sendo afilhada de Deus

Possui um solo fecundo,

Encanto dos olhos meus!


A terra de Passo Fundo,

Orgulho dos filhos seus,

É o paraíso do mundo!.


Quando se aproximava a data de emancipação de Passo Fundo, poeta publicou, em O Nacional de 23 de outubro de 1954, um poema alusivo à efeméride. Em epígrafe aos versos, vê-se que acreditava que a emancipação ocorrera a 7 de agosto de 1857. Evidente erro, naquela data aconteceu a instalação da Câmara Municipal. Ele mesmo, enquanto um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Passo Fundo contribuiu para esse erro. Tentou corrigi-lo, alguns anos depois, mas o dano já estava causado...


Como é do nosso conhecimento, a 7 de agosto de 1957, o município vai comemorar o seu 1º centenário de emancipação política.

Conforme li nas obras o ilustre historiador passo-fundense, Sr. F. A. Xavier e Oliveira, a cidade nasceu para os lados do poente, nos campos de Cabo Neves.

Como a flor que procura o sol da manhã, virando a haste, a nossa encantadora cidade pendeu para o nascente

Canção do Centenário de Passo Fundo[6]


Para a frente Passo Fundo

Que a vitória há de surgir;

Teu primeiro centenário

Mostra glórias no porvir.


Nos campos de Cabo Neves

Foi que a cidade nasceu;

Daquele sítio risonho

Para o nascente pendeu.


Oh! Passo Fundo adorada!

Tens Jesus a nos guiar,

Tens estrelas cintilantes

E noites de almo luar!


Cm raios de luz da aurora

Passo Fundo floresceu,

É um lindo jardim de rosas

Que a natureza nos deu.


Tenho n`alma enlevada

No lago do rio Jacuí,

No luar que beija as águas

Da represa Capingüí!


Esta terra hospitaleira

É encanto de tantas almas,

Como é dadivosa e boa,

Seu povo merece palmas.


Naqueles campos floridos

Do planalto ela cresceu,

Como a flor também se inclina

Para o nascente pendeu!


Com raios de luz da aurora

Passo Fundo floresceu,

É um lindo jardim de rosas

Que a natureza nos deu!...


O Bairro Boqueirão era uma das fontes inspiradoras do poeta. Com a aproximação do Centenário de Passo Fundo, algumas pessoas começaram a conferir-lhe o título de “Terra de Fagundes dos Reis”. E esse líder do movimento emancipacionista acabou adquirindo fama de “fundador da cidade” e até de “primeiro morador”, contra a verdade histórica assentada em torno da primazia de Manoel José das Neves. O poeta revolta-se contra os novidadeiros, invocando em seu auxílio a figura guerreira do general maragato Antônio Ferreira Prestes Guimarães, neto do Cabo Neves. É o que canta neste poema, que faz parte da coletânea que tenho em mãos consta:

Boqueirão![7]


Disse Antonino Xavier,

Num dos livros que escreveu:

- Nos campos de Cabo Neve

Foi que a cidade nasceu –

Daquele sítio risonho

Para o nascente cresceu.


E agora o povo está vendo

Querem jogar na sarjeta

O velho pai centenário!

Mas trema o pulso, a caneta,

De quem pretender deixá-lo

A ossos de borboleta...


Neste recanto da Pátria

Vê-se um passado de glória,

Tem fundadores e filhos

Para se honrar a memória!

Seus nomes já são lembrados

Na voz do povo, na história.


Pioneiros do Boqueirão,

De hora em hora Deus melhora,

Deixai o tempo correr...

Que esses governos de agora

Hão de ver que há sucessores

Daqueles bravos de outrora!


Gente da terra lendária

Essa afronta clama aos Céus!

Faz tremer as catacumbas,

Tragam Prestes Guimarães,

Lança, espada e mais troféus!


De um raio de luz da autora

A Passo Fundo nasceu,

- Um lindo jardim de rosas

Que a natureza nos deu

Como a flor também se inclina,

Para o nascente pendeu!


Oh! Boqueirão da minha Alma!

Desse teu berço de amor,

Eu recordo as serenatas,

A viola, a gaita, o cantor,

As noites enluaradas,

E as pitangueiras em flor!


Vejo a carreta e cargueiros

Do gaúcho varonil,

Vejo a macega, o ranchinho,

Mais a chinoca gentil,

E ouço o berro de um touro

Nessa Avenida Brasil!


Da velha Matriz de outrora

Recordo em prantos e ais

O sino do Campanário,

- Preces, cantos divinais -

E os raios do sol doirando

A copa dos pinheirais!


Joaquim Fagundes dos Reis,

Já estão jogando labéus

No Boqueirão da minha Alma!

Revolvam os mausoléus,

Tragam Prestes Guimarães,

Lança, espada e mais troféus!


O Boqueirão está presente neste último poema, que foi recitado durante reunião do Grêmio Passo-Fundense de Letras em meados de junho de 1952, e publicada no Diário da Manhã de 25 daquele mês e ano.

Meu Velho Boqueirão[8]


Trago sempre na lembrança

Aqueles tempos de outrora,

Bem diferentes de agora,

Do meu velho Boqueirão;

Trago ainda na memória

Os versos que eu recitava

E as modinhas que cantava

Nas cordas do meu violão.


De uma morena me lembro,

Trago impresso na retina

Sua graça peregrina,

Seus encantos que senti;

Lembro ainda uma loirinha

De olhos azuis e bonita,

Tinha um vestido de chita

Que outro mais lindo, não vi!


Tudo agora é diferente,

Não vejo mais os pinheiros,

Já morreram os gaiteiros

Que à noite vinham cantar;

Não vejo a velha bailante,

Nem a luz dos pirilampos

Que vagueavam pelos campos,

Em noites de almo luar...


Esses encantos passaram

E o que vemos hoje em dia

É somente hipocrisia

De mulher – sem coração!

Por isso às vezes recordo

Os versos que eu recitava

E as modinhas que cantava

No meu velho Boqueirão!


Lembro-me bem da morena,

Quando morreu, era linda!

Mas a loira existe ainda,

Para o mundo ela sorri...

Não perdeu os seus encantos,

De olhos azuis e bonita,

Tinha um vestido de chita

Que outro mais lindo, não vi!


Transcrevo a seguir dois poemas de Gomercindo dos Reis. No primeiro, de 1948, canta a Passo Fundo de antigamente; no segundo, de 1951, a Passo Fundo que ele imaginava para o futuro. Ei-los:

Passo Fundo de outrora[9]


Quanta beleza que havia

Naquele romper de aurora,

Cheio de encanto e poesia

Da Passo Fundo de outrora!


Quando me vinha um bafejo

Da primavera ou verão,

Sempre se ouvia um realejo

No meu velho Boqueirão!...


Na Passo Fundo adorada,

De uma esperança infinita,

Minha sorte era tirada

No bico da caturrita...


Como minha alma sonhava,

Pelas estradas sem fim,

Quando a guitarra tocava

Nos ranchinhos de capim!


No alegre florir dos anos

Da Passo Fundo de outrora,

Não havia os desenganos,

Nem as tristezas de agora.


Tinha minha alma enlevada

No violão de algum cantor,

Quando ouvia uma alvorada,

Belas cantigas de amor...


Naquela vila poética,

Das florestas e dos campos,

Não havia luz elétrica:

Tinha a luz dos pirilampos.


Quanta beleza que havia

Naquele romper da Aurora,

Cheio de encanto e poesia

Da Passo Fundo de outrora!...

Passo Fundo de amanhã[10]


Para a frente habitantes da Comuna

Que a vitória há de surgir

Límpida, cristalina e retumbante,

No presente e no porvir.


Um povo em harmonia, unido e forte,

Dando exemplo singular,

Terá a força das “varas misteriosas”

Que ninguém pode quebrar.


Lutar pela grandeza da Comuna

Nos encanta e nos apraz;

O egoísmo, qual poeira das estradas,

Devem deixar para traz!


Na cidade, nas vilas e nos campos

Vê-se a firme diretriz

De um povo laborioso e progressista

Que a vitória nos prediz.


Se o trabalho nos honra e glorifica

Dedicai-vos com afã,

Que tereis riqueza e paz na Comuna

Para os dias de amanhã.


Olhai com simpatia os ruralistas

Que, no inverno e no verão,

São heróis nas florestas e nos campos,

Nas lavouras do sertão!


Qual um facho de luz no Céu da Pátria

Contemplai nossos aviões

Que lá vão através das nuvens brancas,

Em diversas direções.

Nas fábricas, nos campos e hospitais

Podeis observar também

Milhares de operários e de médicos

Que trabalham para o Bem.


A gloriosa e lendária Passo Fundo

Tem as graças do Senhor;

Nos esportes, escolas e ginásios

Canta a mocidade em flor!


Para a frente habitantes da Comuna

Que a vitória há de surgir,

Límpida, cristalina e retumbante,

No presente e no porvir!...


Outra característica de Gomercindo dos Reis, enquanto cantor das coisas terrunhas, era dedicar poemas a mulheres que se destacassem. Sirva de exemplo este que publicou louvando uma das moças passo-fundenses mais belas de sua época:

Yara Lucas[11]


Essa Rainha que passa,

Com tanta beleza e Graça,

Pelos salões, a cantar,

É uma Rainha divina,

Que os nossos olhos fascina,

Nos encanta e faz sonhar...


Se essa morena atraente,

Deslumbra os olhos da gente

Com a Graça singular,

Em verdade nos encanta,

Tem qualquer coisa de Santa

Na expressão de seu olhar!


Nestas horas de alegria,

Cheias de encanto e Poesia,

Há noites de almo luar;

E a soberana da Graça,

É como a jóia sem jaça,

Tem o dom de fascinar...


Quando ela fala, sorrindo,

A gente fica sentindo

Que há nela um vago cismar...

Na cidade se propala

Que há doçura em sua fala

Que há magia em seu olhar!...


Gomercindo dos Reis, passo-fundense, poeta, jornalista, político fiel ao parlamentarismo, cantou como poucos sua terra natal. Se há um poeta aqui nascido, que merece o epíteto de “Poeta de Passo Fundo”, é o autor de dois livros de versos Jardim de Urtigas e Nuvens e Rosas, ambos de 1957.

Referências

  1. Publicado em Passo Fundo 10/6/1938
  2. Ao meu prezado amigo Francisco de Lima Morsch
  3. Passo Fundo é o título de um poema poema com data de 8/11/1936.
  4. Começaram as piadas dos últimos acontecimentos. A 24 do corrente houve um comício em frente à sede do P.T.B., em sinal de protesto pela morte do Sr. Getúlio Vargas. Um cavalheiro que lá se achava, como mero espectador, quando irrompeu um sério conflito, deu as de Vilas Diogo em direção à Praça. Topando-se comigo em frente à “Casa Sonora”, disse: “Vem tiroteio, foge, Reis, porque bala contra o povo não traz endereço certo...” Publicado em P. Fundo, 28-8-1954
  5. Por causa de duas mulheres rivais, uma chamada – Turca – e outra – Turquinha – houve um sério quebra-cara no salão de danças do Cassino de Passo Fundo. Iraí, outubro de 1952.
  6. Poesia dedicada aos consagrados artistas Renato Murce e Eliana. 26-9-1954.
  7. Homenagem póstuma à memória de Prestes Guimarães e Joaquim Fagundes dos Reis. Dedicada, também, aos habitantes do poético Boqueirão, legítimo fundadores da cidade, pioneiros da emancipação política do município. P. Fundo, 30-10-53
  8. Dedicado aos habitantes do lendário Boqueirão, que foi a cidade primitiva, o berço de Passo Fundo.
  9. Ao ilustre historiador patrício e amigo, Sr. Francisco Antonino Xavier e Oliveira. Passo Fundo 13-9-1948
  10. Aos habitantes da Comuna. Natal de 1951
  11. À Soberana da Graça, Srta. Yara Lucas, Rainha do Carnaval do Clube Caixeiral e candidata a miss Rio Grande, com muitas possibilidades de vitória. Carnaval de 1949