80 anos de amor ao trabalho
80 anos de amor ao trabalho | |
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Descrição da obra | |
Autor | Fidélis Dalcin Barbosa |
Título | 80 anos de amor ao trabalho |
Assunto | Biografia |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2013 |
Páginas | 188 |
ISBN | 978-85-8326-041-7 |
Formato | Papel 15 x 21 cm |
Editora | Edições EST, |
Publicação | 1996 |
80 anos de amor ao trabalho uma autobiografia do escritor Fidélis Dalcin Barbosa que promete: "procurarei não repetir o que escrevi no romance biográfico Caminhos do Senhor, entretanto, algumas repetições se impõem porque nesse livro, escrito em forma de romance, foram alterados nomes de pessoas e lugares".
Apresentação
APRESENTAÇÃO, por Rovílio Costa
Oitenta anos de amor ao trabalho.
Oitenta anos. Dimensão ideal de tempo. Imaginário completo. Maturidade, equilíbrio, realização! Segurança no olhar, coragem no assumir, vontade de continuar, mensagem a comunicar, utopias a realizar, capacidade de admirar e de se admirar... Espaço no coração para receber o carinho, o amor, as utopias de novas gerações que se afainam, às vezes incoerentemente apressadas, na construção de suas vidas. Oitenta anos, com uma palavra a dizer.
Oitenta pessoas de oitenta anos, teriam oitenta palavras diferentes sobre a vida e sobre si mesmas. Mas, a palavra de Fidélis Dalcin Barbosa e única, singular, específica. Por quê?
- Porque se trata de alguém que somente aprendeu a começar, nunca a concluir. Começar a estudar para desvendar os mistérios da vida e do ser humano. Começar a entender os outros, antes de entender a si mesmo. Começar a servir os outros, antes de servir a si mesmo. Começar a comprometer-se com os Caminhos do Senhor, antes de saber os próprios caminhos. Começar a comunicar o amor de Deus, sem se apossar do Deus do amor. Começar a ser para os outros, antes de ser para si mesmo.
Fidélis Dalcin Barbosa. Olhar direto e aberto. Porte mediano. Nem robusto, nem franzino. Nem sorridente, nem sério. Sempre sóbrio, alegre, disposto e disponível. Fidélis é Fidélis. É ele mesmo. Irrepetível. Sem apegos. Sem rotinas. Aberto e liberal. Livre de muitas prisões. Ensaiou a liberdade, descrevendo prisioneiros. Por quê?
- Porque a liberdade começa como experiência de prisão. Não poder escolher o existir, mas poder escolher o ser, começa o caminho de interrogação, de angústia, de fundir a cuca, de dias nebulosos, de noites de insônia, de sonhos sem coragem e de coragem sem sonhos... É a passagem do existir, vindo de Deus, para o ser, obra do homem, fruto da liberdade.
Fidélis foi um prisioneiro livre. Sentiu antes o diálogo que o monólogo. Sentiu antes o servir que o servir-se. Sentiu antes os outros que a si mesmo. Antes da arte de ser aprendeu a arte de servir. Por quê?
- Este porquê nem Fidélis, nem ninguém saberá explicar. A Filosofia afirma que o agir é da qualidade do ser. Fidélis começou pensando, agindo, propondo, desafiando, provocando, acenando esperanças, utopias, ascensões, caminhos infindos... para infindo número de pessoas:
- Pessoas-crianças que contemplou, amou, admirou, acompanhou e colocou nas suas cabeças as letras do alfabeto; no seu coração, a sabedoria da experiência; na alma, as águas regeneradoras do Batismo.
- Pessoas-jovens, que ouviu, acolheu, empolgou, animou, estimulou a realizar os próprios ideais, sem nada impor, colocando-se, com elas, sempre a caminho, porque a vida é um eterno caminhar.
- Pessoas-adultas, com quem dialogou, discutiu propostas e conquistas, desilusões e esperanças, coragens e covardias, retornos e avanços, sucessos e fracassos, ontens e hojes, vislumbrando sempre a proposta de um amanhã com alvorecer de sol nascente e anoitecer de luminosos horizontes infinitos.
- Pessoas anciãs com quem compartilha uma visão própria da vida: vida que não passa, que não é rotina, que não impede o sonhar, porque é capacidade de raciocínio, de amor, de rejuvenescimento e de sabedoria espiritual transformadora.
- Pessoas-crianças, pessoas-jovens, pessoas-adultas, pessoasanciãs, de dois continentes, nos quais lançou o fermento da nova humanidade, comunicando a força da graça, a liberdade da conversão, o fermento do reino de Deus, por suas pregações apostólicas, no Brasil e em Portugal.
Depois de ensinar os outros a serem livres, de experimentar a liberdade do servir, aos 57 anos, voltou-se para si, permitiu-se a pergunta sobre o Deus de sua existência, que o quer homem livre por excelência. Aqui, o paradoxo. A radicalidade. A simplicidade. A ingenuidade de quem se alienou a serviço dos outros e esqueceu a si mesmo! Por quê?
- Porque Fidélis é Fidélis e nada mais. Mas o nada mais corresponde ao tudo mais. Depois de ter sido para os outros o anjoprofessor, que tirou gerações da prisão da ignorância; o anjo-sacerdote, que libertou multidões para a liberdade da graça e do reino de Deus; depois de escrever a angústia de seus Anjos Prisioneiros, Fidélis quis ser simplesmente anjo. Por isto Fidélis é Fidélis e nada mais! Por quê?
- Porque Fidélis quis ser anjo para si mesmo. Sentir-se anjo. Sentir-se harmonia. Sentir-se liberdade. Sentir-se amor. Sentir-se exclusivamente livre pela liberdade da coerência. Foi tudo para todos, sobrando a dúvida sobre si. Continuou tudo para todos, sobrando a harmonia e a liberdade para si. Por quê?
- Porque, ser anjo para todos, pode não ser anjo para ninguém. Continuar a falar, ensinar, escrever, proclamar a liberdade e grandezas do reino de Deus, a comunhão com a Igreja, o significado das vocações aos estados de vida, foi o compromisso essencial que definiu toda sua vida e toda sua obra. Antes de idealizar seus alunos como futuros mestres, médicos, engenheiros, escritores, ele os idealizou como cristãos, de prática e coerência, na igreja e na sociedade.
Fidélis fez-se primeiro missão e missionário, fez-se proposta e mensagem, desafio e esperança, para tomar-se indagação e liberdade. O que era, sacerdote e religioso, queria sê-lo com demasiada perfeição. Exigia-se demasiadamente anjo. Não aceitou o paradoxo da interrogação e da dúvida, do humano e do divino, do passageiro e do transcendente, do santo e do pecador. Auxiliou-se de amigos, de sábios conselhos e comprovadas experiências, iluminou-se do Deus da luz, até desvendar em seus desígnios, o Cármen , termo latino que significa canto, de libertação e encontro com sua utopia de coerência e liberdade. A mesma vocação, os mesmos escritos, os mesmos ideais continuam na sua vida, agora protegidos e participados pela compreensão, colaboração e inspiração de sua Cármen , a consorte feita seu canto de amor!
Mas Fidélis é Fidélis: para uns é o professor; para outros, o amigo singular; para outros, o festeiro e alegre caçador; para outros, o conselheiro; para outros o leal e simples confrade capuchinho; para outros, o sacerdote do batismo, do casamento, da primeira-eucaristia, do funeral de ente querido, da conversão pessoal, da mudança de vida, da revelação do santo de sua devoção.
Mas para todos, todos, todos..., indistintamente, Fidélis é simplesmente Fidélis, homem da fides, da fé, que o faz o homem de Deus no meio dos homens; homem da fidelitas, fidelidade, que o faz o homem dos homens junto de Deus. Seu ontem e seu hoje se harmonizam na percepção dos amigos: para uns é frei Fidélis, confrade amigo; para outros é padre Fidélis, um mensageiro de Deus; para outros, é o professor Fidélis, que ensina a sabedoria de Deus; para outros é o escritor Fidélis, que relata histórias e utopias dos encontros, de Deus com os homens e dos homens com Deus.
Este é o Fidélis singular cujos oitenta anos celebramos. Oitenta anos que ele os diz de amor ao trabalho. Mas que, antes, são oitenta anos de quem se fez amor e trabalho. Amor e trabalho e amor ao trabalho, símbolos do lar e do município que lhe deram berço, Carlos Barbosa; amor, como único trabalho, símbolo da Ordem Capuchinha que lhe deu segundo berço; amor pelo trabalho, na cátedra da escola e do livro, como símbolo da Lagoa Vermelha, que lhe foi berço adotivo; amor como trabalho, na utopia cristã da fraternidade e da unidade, como símbolo dos dois países, Portugal e Brasil, que ajudou a evangelizar.
Oitenta anos de amor ao trabalho colocam Fidélis, diante e antes do trabalho, diante e antes da construção a ser realizada. Posição de quem ainda não trabalhou mas se propõe trabalhar; de quem ainda não viveu a vida que se propõe a viver; de quem ainda não proferiu ou escreveu a palavra que se propõe dizer ou escrever; de quem ainda não escreveu o livro que se propõe escrever; de quem ainda sonha o que pretende ser. Oitenta anos de quem é oitenta anos mais jovem. Oitenta anos como oportunidade para começar a eterna construção do Amor!
Porto Alegre, 15 de novembro de 1995 Rovílio Costa
Índice
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Referências
- ↑ BARBOSA, Fidélis D. (1996) 80 anos de amor ao trabalho -Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 2013. 188 páginas. E-book