O Hospital da Cidade, história

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O Hospital da Cidade, história

Em 07/08/2007, por Paulo Adil Ferenci


Paulo Adil Ferenci[1]


No início do século XX, a comunidade passo-fundense era constituída de grupos étnicos distintos, entre os quais o dos italianos e o dos alemães, muitos católicos e outros nãocatólicos, entre eles iniciados na maçonaria, cada grupo com suas características próprias e suas diversidades ideológicas, políticas, de costumes, de crenças e de ideais, todos convivendo com aqueles que há várias gerações tinham suas raízes fincadas no fértil e diversificado solo da região. Dentre eles, muitos idealistas, como Francisco Antonino Xavier e Oliveira, nome que se identifica com a própria história de Passo Fundo da primeira metade daquele século. Entre inúmeros outros ideais, ele tinha um em especial: a cidade precisava de uma casa de saúde.

Em torno desse ideal, ele conseguiu reunir os cidadãos de Passo Fundo, independentemente de suas divergências étnicas, religiosas, filosóficas e políticas. E no dia 20 de julho de 1914, domingo, nascia o Hospital de Caridade de Passo Fundo, mais tarde mudando seu nome para Hospital da Cidade de Passo Fundo.

De todos os lares e de todos os lugares surgiam tijolos, cimento, madeiras, e das caixinhas de coleta espalhadas pelas casas de comércio da cidade onde era colocado o troco das compras do dia-a-dia, o numerário necessário para adquirir os materiais não recebidos por doações. Trabalhando como voluntários aos sábados à tarde e domingos e feriados, inúmeras pessoas, anonimamente, participaram da construção dos alicerces e das primeiras paredes do futuro hospital. Assim, todos os habitantes de Passo Fundo participaram de alguma forma da construção da obra idealizada por Antonino Xavier e Oliveira, numa demonstração efetiva de que a união de todos torna possível a realização do sonho de alguns para atender às necessidades dos que precisam. Também gratuitamente, comerciantes, comerciários, operários, profissionais liberais transformavam-se em administradores, gerentes, cozinheiros, enfermeiros, atendentes, auxiliares de serviços gerais, todos coordenados por um médico, e atendiam os pacientes que procuravam os serviços do novel hospital. Doenças epidêmicas que acometeram os passo-fundenses foram tratadas com dedicação incomum, e muitos foram salvos, outros tiveram seus últimos dias acompanhados com dedicação e carinho. Algumas décadas mais tarde, a comunidade passo-fundense uniu-se novamente entorno de outro ideal semelhante: a construção de um hospital psiquiátrico. Sob a liderança incansável de Helena Engelsing Lângaro, mediante a realização de rifas, quermesses, coleta de jornais e papéis velhos, nasceu o Hospital Espírita Bezerra de Menezes.

Hoje, na realidade, essas duas instituições estão unidas e formam, o Complexo Hospitalar Hospital da Cidade de Passo Fundo e Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes, uma instituição que transcende os limites da cidade e atende pessoas de mais de 150 cidades dos três estados do Sul do Brasil, e até de outros Estados.

Com o Hospital São Vicente de Paulo, outra instituição que também nasceu da vontade e determinação dos passo-fundenses, e outras instituições de saúde, forma o terceiro polo de assistências à saúde da região Sul do Brasil, segundo informações do IBGE.

No seu primeiro estatuto, elaborado por seus fundadores, que ainda se encontra em vigor, foram traçados os principais objetivos da instituição Hospital de Caridade de Passo Fundo, dentre eles, o atendimento a todos que precisassem de seus serviços, sem qualquer restrição em razão de raça, cor, credo ou ideologia política, priorizando a caridade com que atuam seus dirigentes em todos os níveis e associados, além de dedicar-se ao ensino nas áreas da saúde e da assistência hospitalar.

Este último objetivo foi buscado com a criação da primeira Escola de Enfermagem na década de 1940, que hoje conta com mais de 600 alunos, e a partir da segunda metade da década de 1990, com o convênio firmado com a Universidade de Passo Fundo, para a admissão de estagiários nas áreas da medicina, da enfermagem, da psicologia, da fisioterapia e da farmácia, contando anualmente com mais de 100 estagiários universitários, além dos estagiários dos seus cursos técnicos, e com o credenciamento da instituição como Hospital-Escola para oferecer Residência Médica em várias especialidades da Medicina.

Com isso, a instituição mantém-se atualizada técnica e cientificamente para melhor prestar seus serviços aos pacientes que a procuram, para melhor formar seus médicos residentes e orientar seus estagiários técnicos e universitários. Essas instituições comprovam que os passo-fundenses, quando unem seus esforços a um ideal, estes tornam efetivamente uma feliz e próspera realidade.

Referências

  1. Associado ao Instituto Histórico de Passo Fundo