A primeira prova do kart

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A primeira prova do kart

Em 30/04/2012, por Marco Antônio Damian


MARCO ANTONIO DAMIAN[1]


O resgate da história do kartismo em nossa cidade se faz necessário. Foi há 39 anos que jovens pilotos passo-fundenses do automobilismo, foram a São Paulo buscar esses pequenos carrinhos, que, para os menos avisados, representavam uma atividade apenas lúdica.

Em 1972, os pilotos estavam praticamente órfãos, pois as corridas de rua haviam sido proibidas, pelas tragédias ocorridas alguns anos antes, entre seus carros e os espectadores que, sem nenhuma proteção se aglomeravam muito próximos à pista e nas curvas.

Autódromo, só o de Tarumã, inaugurado em 1970 e alguns outros de terra. Passo Fundo, como ocorre até hoje, é pródiga na revelação de grandes e vitoriosos pilotos que não têm casa própria para treinar e competir.

A proibição de corridas de rua falava em automóveis, mas não de kart, e assim, mais de uma dezena de pilotos adquiriram os equipamentos e se organizaram para competições. Inicialmente, a prova era domar a máquina, que foi fácil, pois todos eles vinham do automobilismo.

Depois, era pensar em dar maior potência ao motor, e diminuir o peso (do piloto e do equipamento), para torná-lo mais veloz. Os treinamentos eram realizados no pátio da Cesa, pois era um dos poucos locais asfaltados da cidade.

Chegou então o dia 5 de junho de 1972, data da primeira prova de kart disputada em Passo Fundo. A pista improvisada foi o centro da cidade, nas ruas asfaltadas: General Neto, General Osório, Bento Gonçalves e Moron. Alguns sacos de areia foram, estrategicamente, colocados em pontos que oferecessem maior dificuldade para os pilotos domarem a máquina, em curvas apertadas. Exatamente 11 karts estavam inscritos, número muito acima do esperado.

Mas o domingo amanheceu cinza, nublado, um pouco triste. A chuva era iminente e ela realmente deu as caras. Nada, porém, arrefeceu o ânimo dos competidores, e o público foi enorme. Aproximadamente cinco mil pessoas se espremeram entre guarda-chuvas, ao longo do trajeto.

Foram quatro baterias, todas de altíssima velocidade, adrenalina em alta e o coração batendo mais forte. Cada bateria consistia em 10 voltas na improvisada pista. A primeira bateria foi vencida por Ison Iaione, com Paulo Tagliari, em segundo lugar, e Roberto Albuquerque, de Carazinho, em terceiro. Um descanso merecido, e os preparadores, na maioria os próprios pilotos, ajustando seus equipamentos para a segunda largada. Esta foi vencida por Hércules Borges, tendo Paulo Tagliari chegado em segundo lugar, e Carlos Alberto Oltramari, em terceiro. O povo delirava com o arrojo dos pilotos. A fumaceira e o estrepitante barulho dos motores eram coisa familiar e saudosa para os passo-fundenses. Veio então a terceira bateria, e ela foi vencida por Paulo Tagliari, seguido de Hércules Borges e Celso Menegaz. O asfalto liso e perigoso não era impecilho para nenhum dos intrépidos homens voadores.

A média de velocidade, de 80 km. por hora, considerando os empíricos equipamentos, era alucinante para os pequenos carrinhos. A quarta e última bateria foi vencida por Roberto Tasca, com Paulo Trevisan, em segundo, e Hércules Borges, na terceira colocação.

Ao final da contagem de pontos, quem ergueu o primeiro troféu do kart, em provas realizadas em Passo Fundo, foi Hércules Borges, com 22 pontos, seguido por Paulo Tagliari, com 21, Izon Iaione, com 11, Paulo Trevisan, João Carlos Klaus e Roberto Tasca, com 9 e Celso Menegaz, com 8 pontos.

Referências

  1. (Marco Antonio Damian é membro da Academia Passo-Fundense de Letras.)