Rio Passo Fundo, o Nilo passo-fundense

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Rio Passo Fundo, o Nilo passo-fundense

Em 07/08/2007, por Rogério Moraes Sikora


Rogério Moraes Sikora (*)


“Por isso, água querida, nós te devemos tanto

não haveria a vida sem este teu encanto

Tu vieste a nós como um presente, enviado pela mão divina

Que, para nos dar saúde e vida, te fez pura e cristalina” *

(Homenagem à água, de Clóvis Oliboni Alves)


O local onde hoje existe a cidade de Passo Fundo era uma passagem de tropeiros. Conservando o batismo que lhe foi dado pelos índios colorados, é chamado “Goyo-en”, palavra composta que na sua língua significa muita água, rio fundo e, portanto, por analogia, pode-se também traduzir por “passo fundo”.

Remonta o nome desta cidade aos velhos dias em que, para evitar a volta e demais inconvenientes da antiga estrada por Viamão e Santo Antônio da Patrulha, os tropeiros entraram pela campanha, ainda deserta, fazendo o trajeto da viagem do sul rio-grandense para São Paulo e vice-versa, passando por aqui. O Rio Passo Fundo foi sempre um marco referencial importante para a passagem dos tropeiros que abriram esse novo caminho para encurtar o trajeto até a feira de Sorocaba e de lá às Minas Gerais.

Ao vão que hoje chamamos “passo”, estendeu-se o nome ao rio respectivo e ao lugar da cidade, originada muito depois em pequeno núcleo de moradores formado junto à estrada, no centro da atual Av. Brasil, para não confundir-se com outro passo fundo situado pouco aquém do local em que posteriormente surgiu a Vila de Lagoa Vermelha, era chamado “Passo Fundo de Missões”, denominação com a qual aparece ainda em 1856 em documentos públicos. O rio que assim foi denominado “Passo Fundo” é o mesmo Uruguaimirim do tempo dos jesuítas.

Na localidade de Povinho Velho, na saída para o Município de Mato Castelhano, encontram-se as nascentes dos Rios Jacuí e Passo Fundo, local onde nascem esses importantes rios, cujas bacias hidrográficas são responsáveis pelo abastecimento de 70% (setenta por cento) da população de nosso Estado.

O Rio Passo Fundo foi testemunho de todos os momentos da nossa história. Viu chegar o índio; aproximar-se o bandeirante explorador; o interessado povoador; o trabalhador imigrante; viu passar o tropeiro; chegar o cargueiro; instalar-se o comerciante; mais tarde o industriário, o estudante e todos os demais que vieram somar esforços para construir esta gente alegre e esta terra hospitaleira.

Se o rio pudesse falar, diria tudo o que presenciou por aqui: o início do povoamento, a implantação do progresso e a busca do desenvolvimento e do bem-estar de todos os seus habitantes.

Apesar de sua grande importância na origem de nossa cidade, tal como o Rio Nilo, dando origem à civilização, nem todos o respeitam como merece. Há, em nossos dias, toda forma de agressão e poluição, as quais vão comprometendo seu futuro.

Por outro lado, há projetos que visam à recuperação e à preservação do Rio Passo Fundo, os quais propõem trabalhar com atividades de recuperação de seus ecossistemas e envolvimento de toda a comunidade passo-fundense. Esses projetos buscam reverter o alto nível de poluição provocado pelo lixo, entulho e esgoto, entre outros, com atividades que envolvem desde palestras para estudantes até plantio de recuperação das matas ciliares.

Essa tarefa de sensibilizar, informar e formar pessoas é da mais relevante importância para ajudar a salvar o Rio Passo Fundo, a qual figura entre os diversos desafios a serem vencidos para se conseguir uma gestão sustentável da água em nossa cidade.

Em outras palavras, hoje se trabalha para resolver muitas questões polêmicas da melhor maneira, para que as futuras gerações tenham um planeta mais equilibrado onde viver.