Adeus a Delma Rosendo Gehm

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Adeus a Delma Rosendo Gehm

Em 2009, por Diego Chimango Vargas


Adeus a Delma Rosendo Gehm

Aos 91 anos, morre uma educadora a frente de seu tempo.


O clima frio e chuvoso dos últimos dias de maio não foi tão triste quanto a dor que assolou os corações de todos aqueles que participam ativamente do desenvolvimento cultural e educacional de Passo Fundo. No dia 29/05, aos 91 anos de idade, após lenta e tenaz enfermidade, faleceu uma grande cidadã passo-fundense, sinônimo de dedicação, hombridade e determinação.

Delma Rosendo Gehm, filha de Manoel Tomaz Rosendo e Universina Ribas Rosendo, nasceu em Passo Fundo em 09/10/1917, e foi uma educadora na mais ampla significação do termo. Iniciou sua alfabetização aos 4 anos de idade, revelando precocemente sua aptidão aos estudos. Estudou latim, francês, grego e matemática, tendo deixado marcas de sua inteligência em todos os educandários por onde passou, seja como mestre ou aprendiz. Casou-se em 1939 com o comerciante Waldemar Daniel Gehm, com quem teve três filhas: Valéria, Silvana e Carla.

De acordo com o presidente da APL, Paulo Monteiro, era o seu estilo de mestra, prestigiar os mais jovens. Hoje tanto se fala em fortalecer a auto-estima. Dona Delma, à frente do seu tempo, prestigiava a auto-estima de todos, especialmente dos mais novos. Com sua inabalável firmeza e conhecimento, Dona Delma transparecia um caráter de princípios nobres, sendo respeitosamente reverenciada pelos alunos e professores, os quais devem relembrar ainda as aulas magistrais ministradas por uma professora integra e abnegada. Lecionou em diversas escolas, tais como Protásio Alves, CENAV (EENAV), Instituto Educacional e outras. Em resumo, foi uma mulher que dedicou sua vida ao estudo e ao saber, motivo de orgulho para o magistério no Brasil, pois aperfeiçoou o caráter e o aprendizado de milhares de pessoas.

Aposentou-se em 1966, após 32 anos de bons serviços no magistério, mas continuo desempenhando diversas atividades de âmbito cultural e educacional. Escrevia excepcionalmente bem, foi autora de diversos livros, deixando um raro legado sobre a história de Passo Fundo. Publicou diversos artigos nos jornais O Nacional e Diário da Manhã, abordando os mais diversos temas. Foi a primeira mulher a presidir a Academia Passo-Fundense de Letras entre 1972 e 1974, além de ser a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária da Educação e Cultura de Passo Fundo. Na política, ainda menina, integrou-se ao Partido Federalista (Maragatos), acompanhando caravanas políticas em Campanhas Eleitorais. Representou em 1930 a classe estudantil de Passo Fundo, saudando Getulio Vargas em sua visita à cidade. Dois anos depois, passou a hostilizar o chefe da nação, seguindo os princípios do pai, um republicano. Em 1964, integrou a ARENA, quando da extinção dos partidos políticos pelo golpe militar. Em 1972, foi candidata a vice-prefeita na chapa de Ivo Biazus, abandonando a campanha por motivos de saúde.

Sua vida pública foi intensa. Presidiu a Sociedade das Senhoras dos Caixeiros Viajantes de Passo Fundo; atuou também como secretária no Núcleo da Cruz Vermelha Brasileira, secretária-presidente da Legião Brasileira de Assistência local e da SAMI, membro do Instituto Histórico de Passo Fundo e vice-presidente da APAE desde a sua fundação em 1967. A vida e a obra de Delma Rosendo Gehm representam para os Passo-Fundense um imensurável orgulho, pois sua participação atuante, seja na política, na educação, na cultura ou ações sociais, servem de modelo para todos os cidadãos que almejam um futuro alicerçado em princípios éticos e morais. A vida terrena de Dona Delma, findou no dia 29/05/2008, mas sua obra permanecerá imortalizada nas páginas históricas de Passo Fundo, tal como as lições da eminente educadora.