A importância da música na vida do homem

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A importância da música na vida do homem

Em 31/12/2003, por Carino Corso


A importância da música na vida do homem[1]

CARINO CORSO, in memoriam


Continuamente estamos cercados de sons e ruídos. O som difere do ruído, pela sua vibração, enquanto o ruído não vibra. O som e o ruído fazem parte da natureza. O homem canta e fala, a incalculáveis milhares de anos e, graças ao seu ouvido, maravilhosamente construído, que se parece a uma harpa, com infinidade de cordas, percebe sons e ruídos.

Todas as crianças, sem exceção, nascem com capacidade musical: voz e ouvido. A própria natureza é que nos dá a música. Depende de nós o proveito que dela tiramos.

Há milhões de anos, antes que houvesse ouvidos humanos para captar os sons, borbulhavam as águas, ribombavam os trovões e sussurravam as folhas ao vento.

O homem nasceu num mundo repleto de sons: o trovão, amedrontando-o, tornou-se símbolo dos poderes celestiais. No ulular dos ventos, o homem percebia a voz dos demônios; os habitantes do litoral conheciam o mau ou bom humor dos deuses pelo balir das águas. Os ecos eram oráculos e as vozes dos ani¬mais, revelações.

Religião e música mantiveram-se inseparavelmente ligadas, nos antigos tempos da humanidade.

O homem primitivo dispôs apenas de poucas palavras. Para exprimir os sentimentos, servia-se de sons e criava a música que o ajudava a manifestar o júbilo, a tristeza, o amor, os instintos bélicos, a crença nos poderes supremos e a vontade de dançar.

Desde a canção do berço, até a canção da morte, desde a dança ritual, até a cura dos doentes pela melodia, a música faz parte da vida.

Nos tempos históricos bíblicos, encontramos Davi tocando harpa, para afugentar a fúria do rei Saul. Mais adiante vemos Farinelli curando, com auxílio da música, a terrível melancolia de Felipe V. Timóteo, por meio de certa melodia, provoca a fúria de Alexandre, o Grande, e acalma-o por meio de outra melodia, mais suave.

Os sacerdotes celtas educam o povo com a música, abrandando seus costumes selvagens.

Terprando, tocando flauta, abafou a revolta dos lacedemônios. Santo Agostinho conta que, por meio de suas melodias, um pastor foi eleito imperador.

E a história do caçador de ratos de Hamelin é um exemplo conhecidíssimo do poder da música sobre o homem e o animal. Hamelin foi atacada por uma terrível praga de ratos. Um forasteiro se prontificou a exterminar a praga, tocando uma canção com sua flauta encantada. Milhares de ratos começaram a sair das casas e seguiram docilmente o músico que os conduziu ao rio onde se afogaram.

Os hindus, encantadores de serpentes, fazem desse mágico poder, de fundo musical, meio de vida e, ao mesmo tempo, atração para estrangeiros e curiosos.

Os antigos monumentos nos ensinam que a música foi grandemente apreciada pelos assírios, egípcios e outros povos.

Semelhante à pintura, a música nos apresenta imagens que nos fazem experimentar sensações alegres e tristes, heróicas e apavorantes. Os pintores combinam as cores, os músicos, os sons.

Entre todas as artes, a música desfruta do lugar mais importante, na vida contemporânea, sempre presente e até indispensável em qualquer manifestação pública, atraindo todas as camadas sociais. Nos meios de comunicação, televisiva e radiofônica, deleita a vida do pobre e a do homem mais favorecido pela sorte.

A música tem inúmeras facetas: uma canção de dança difere de um coral de monges, na solidão de um mosteiro. A canção do berço é totalmente diversa de uma marcha bélica que estimula os soldados a atacar o inimigo numa batalha.

Numa festa popular, a música é totalmente oposta a de uma marcha fúnebre. A variedade da música é ilimitada.

Quem desfila em uma galeria de célebres músicos e ouve suas criações, sem dúvida nenhuma, notará que cada um tem seu estilo diferente: encontraremos então um Giuseppe Verdi, com suas melodias alegres e festivas, contagiando as multidões. Opostamente, nos deparamos com Ricardo Wagner, com suas melodias melancólicas, capazes de levar até ao suicídio. A vida é movimento e o som se origina do movimento.

Quando nos deparamos com uma grande orquestra, vemos artistas, cada qual manejando o seu instrumento. Instrumentos de corda: violino, viola, violoncelo, contrabaixo, harpa. Instrumentos de sopro: clarineta, oboé, fagote, trombone, trompete, saxofone, trompa, trombone de vara, tuba, contrabaixo. Instrumentos de percussão: tímpanos, caixa, bomba, pratos, castanholas, rnaracá, triângulo. As orquestras filarmônicas não são acompanhadas ao piano, muito em uso nas orquestras menores.

Quem quiser levar uma vida melhor, entre na vida dos sons. Pois quem canta seus males espanta. A música dentro de casa, a música dentro de uma indústria, para a produção alcançar mais e melhor. A música numa loja de vendas, na rua, numa igreja, num colégio ou em praça pública.

Quando eu ouvia a extinta banda da Brigada Militar, de Passo Fundo, tocando o dobrado de minha autoria, "Jaime Luiz Lago" (prefeito de Erechim - in memoriam), eu permanecia extasiado, diante de tanta maravilha.

A música, numa palavra, é a realização dos sonhos e anseios mais sublimes que podem acontecer na vida de todo homem.

Beirando a idade de 85 anos, deixo para a posteridade muitas músicas religiosas, inclusive uma missa em italiano, também de minha autoria, e dedicada ao grande Papa, Giovanni XXIII; além de arranjos musicais, três CDs com músicas italianas e duas edições de músicas italianas com partitura: Va pensiero e Ricordi d Itália.

Desde o ano de 1986 até o ano de 1992, fui maestro da banda municipal de Erechim, onde deixei muitas músicas de minha autoria, sendo ao mesmo tempo maestro da Orquestra de Concertos da mesma cidade.

Mantenho escola de música em minha residência, ensinando piano, teoria, solfejo e harmonia.

Sou maestro do coral Nossa Senhora Aparecida, da Catedral de Passo Fundo, desde o ano de 1970; e maestro do coral Ricordi dItália, desde o ano de 1980.

Por isso, obrigado, meu DEUS, por este dom imerecido da música, que recebi do Pai do Céu, meu Criador.

Referências

  1. Da revista Água da Fonte nº 0