Uma trajetória de muita luta, amor e fé
Uma trajetória de muita luta,
amor e fé | |
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Descrição da obra | |
Autor | Heitor José Pandolfo |
Título | Uma trajetória de muita luta,
amor e fé |
Subtítulo | autobiografia |
Assunto | Autobiografia |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2018 |
Páginas | 80 |
ISBN | 978-85-8326-376-0 |
Impresso | Formato 15 x 21 cm |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2018 |
Uma trajetória de muita luta, amor e fé: autobiografia Ao meu querido companheiro, Heitor! São tantos anos de convivência... Quase sessenta e sete, sendo sessenta e cinco de casados e dois e meio de namoro. Foram muitas batalhas, decepções e crises financeiras que juntos enfrentamos, mas sempre recomeçamos! Nunca nos faltou fé e esperança. Construímos nossa família e hoje temos tudo, graças a Deus, para viver o tempo que nos resta ao lado de nossos filhos, noras, netos e bisnetos. E que sejam, dentro do possível, felizes momentos! Você sempre fala como é bom ficar velho. E eu te digo: como é bom estar ainda ao teu lado! (Maria, esposa)
Apresentação
Primeiro Capítulo, pelo Autor
Nasci no dia dezenove de março de 1925 na localidade de Linha Nona, pertencente a Serafina Corrêa, próximo à Capela São Luiz. Minha mãe, Carolina, teve o parto em casa com a ajuda de uma parteira, como era o costume da época. Sou o filho mais velho de três irmãos: Alcides, Silvestre (em homenagem à data de seu nascimento, 31.12.1928) e Quintina, a qual faleceu aos 33 anos de idade.
Nossa mesa de refeições media cinco metros e meio: em uma ponta ficava nossa família e na outra ficavam meu avô paterno, Ângelo; minha avó paterna, Teresa; tio Quarto; tia Catarina e seus sete filhos. Virgínia, Olga, Sunta, Ângelo; Antônio; Quintino (faleceu com quatro anos de apendicite estourada - vi ele morrer em cima da cama da sua mãe); e outra prima. A tia Catarina gostava muito de mim porque eu fazia as gaiolas, com sobra de madeira, para as galinhas.
Comíamos, basicamente, polenta, muita sopa de feijão, feijão com arroz e galinha com massa. Tínhamos duas festas por ano: uma na Capela São Luiz e outra no Natal, quando comíamos bolachas caseiras preparadas pela tia Catarinona e primas. Essas bolachas eram o nosso presente.
Brincávamos muito de carrinho de lomba. Eu fazia as rodinhas com facão porque a serra era muito larga e não fazia a volta. Tínhamos tempo para brincar aos sábados e domingos, porque com sete anos eu já estava na roça. Tenho na cabeça metro por metro da estrada que ia até a roça. Ajudava a carpir, a semear trigo, a colher milho. Mesmo em dias de geada continuávamos a trabalhar com pés descalços. Trabalhávamos todos juntos. O café era lá pelas 9:00, levado pela mãe ou primas. O cardápio era queijo, salame frito, polenta sapecada na boca do fogão com ovo (era coisa mais boa!) café e leite, mas tio Quarto tomava vinho. Ele gostava muito de vinho e, nos finais de semana, o porre era sagrado (boas risadas). Produzíamos três pipas de 800 medidas (mais ou menos quatro garrafas).
Voltávamos para almoçar ao meio-dia, refeição preparada pela tia Catarina que, por essa razão, não ia para a roça. Lá pelas duas horas voltávamos para a lida e ficávamos até o pôr-do-sol, mas minha mãe voltava antes para tirar leite das vacas. O lanche da tarde era, praticamente, só laranjas, o que tínhamos bastante. Banho tomávamos às quartas e aos sábados em um tanque de quatro metros. No dia a dia lavávamos os pés e o mais necessário. Nossa janta era, sobretudo, polenta, queijo, salame, manteiga e nata com pão caseiro. Depois da janta, minha mãe ia rezar conosco e íamos dormir, lá pelas 22:00. No outro dia, entre 6:30 e 7:00 já estávamos de pé.
Só íamos à escola quando chovia. Ficava perto da igreja. Porém, próximo do encerramento do ano, íamos mais seguido, em função da avaliação final. Eu gostava de ir na escola. O que nós brincávamos....
O caminho até a missa em Serafina era feito a pé. Depois da missa íamos no bodegão que tinha em frente e comprávamos bombinhas e doces. Na volta, dê-lhe bombinhas pela estrada (risos). Às 15:00, desde que não estivesse chovendo, tinha terço na Capela São Luiz. Depois do terço íamos caçar, pescar, jogar bola e Heitor era sempre o capitão, o que tomava a dianteira (risos).
Jogávamos bola no potreiro, descalços, e, quando era época das rosetas, elas entravam e não furavam a sola do pé, tamanho cascão que se formava. Eu queria ser jogador de futebol. Tínhamos um time de futebol. Meu irmão Alcides e eu éramos zagueiros (risos). Quando tinha festa em outra capela, Nossa Senhora do Caravaggio, Linha Nona, 3km adiante da nossa propriedade, mesma estrada que vai à cidade de Vila Oeste, que felicidade! Churrasco e cuca.
Também tínhamos muita plantação de nogueira. Dava 800 a 1000 kg por ano. Eu não via a hora de que as nozes viessem maduras para comer. O que comi de nozes... Deus me livre!
Quando eu tinha cinco anos, meu pai adoeceu. Lembro que falavam que ele tinha dor no fígado. Foi consultar em Lajeado e Estrela. Vi, muitas vezes, minha mãe chorando pelos cantos da casa. Ele também era o filho predileto da minha avó. Eu ficava sempre na janela, esperando pela volta dele. Lembro de uma cena em que ele voltava do médico de Serafina: amarrou o cavalo no galpão, deu milho para ele e me entregou doces. Só que, dessa vez, ele não voltou. Achei que era por causa da chuva...
A cirurgia foi realizada pelo médico de Lajeado que nada encontrou. Nosso vizinho, e meu padrinho, Eliseu, estava acompanhando meu avô. Contavam que escorria sangue no chão. Ele ficou quatro horas na mesa de cirurgia. Segundo eles, o médico jogava os instrumentos contra as paredes, dizendo que estavam errados. Meu avô disse que, se estivesse com um revólver, teria matado o médico.
A notícia da morte dele foi dada por uma prima que morava perto da Capela, pois na escola tinha telefone. Ela era filha do professor, Vitório Zanbenedete, e na escola tinha telefone. Também vieram os primos Ângelo e Antônio. O desespero foi total! Ele foi enterrado em Estrela mesmo. Não sei porque não foram buscá-lo. Acho que se amava muito esse casal... (olhar profundo)
Às vezes via amigos no encerramento da aula com os pais e o meu não estava... A gente sentia falta, né?
Heitor José Pandolfo
Fez do ofício da marcenaria sua graduação máxima, e, por extensão, a partir dela possibilitou que seus filhos alçassem voos bem maiores. É com a presença inestimável da família que segue os seus dias, amparado na fé, amor e na forma cheia de generosidade como olha para o amanhã.
Índice
01 Eu Nasci de Uma trajetória de muita luta, amor e fé 9
02 Um Novo Ciclo Inicia 13
03 A Vida no Quartel 17
04 Voltando para Casa 21
05 Conhecendo Maria, a mulher dos meus sonhos 23
06 Uma Nova Aposta 27
07 Desistir Jamais 31
08 Minha Melhor Sociedade 35
09 Minha Família, Meu Maior Bem 37
10 A Vida Muda, Mais uma Vez 43
11 Muita Fé, Desde Sempre 49
12 Pelas Estradas da Vida 51
13 O amanhã??? Simplesmente deixo ele chegar.... 75
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- 2018 - Uma trajetória de muita luta, amor e fé[1]
Referências
- ↑ PANDOLFO, Heitor J. (2018) Uma trajetória de muita luta, amor e fé -Passo Fundo: Projeto Passo Fundo. 80 páginas. E-book