Passo Fundo das Missões, artigo

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Passo Fundo das Missões, artigo

Em 2010, por Luciana Aita Ost


Luciana Aita Ost[1]

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Convido os leitores à analisar os fatos históricos, não sob a visão positivista dos heróis nacionais, como a maioria de nós aprendeu na escola, mas sim, com um olhar crítico voltado por outra perspectiva histórica, povo.  Muitos autores dizem que a conquista do território do planalto Médio Rio-grandense, onde hoje é Passo Fundo, se deu em 1632, com a chegada dos Jesuítas espanhóis e a fundação da Redução de Santa Tereza dos Pinhais e Ervaçais. Essa região era habitada desde 8.000 anos passados por índios descendentes dos Gês e  Tupi-guaraní: os Caingangues e os Guaranis.

Os jesuítas chegaram com o intuito de catequizar os “selvagens”, segundo a visão eurocentrica da história, que viviam de acordo com tradições milenares: a caça, coleta, o cultivo de erva-mate, milho, mandioca e outras plantas; produziam, coletavam e caçavam somente para sua subsistência; viviam em aldeias, em casas onde moravam mais de uma família; tinham sua religião e sua cultura. A cultura européia introduzida nessas populações, não foi aceita de forma imediata e pacifica, esse processo de aculturação imposto pela ação missionária dos Jesuítas, através da catequização, promoveu a desestruturação cultural e social desses nativos.

Em “Passo Fundo das Missões” os índios, que totalizavam aproximadamente 4.000 indivíduos na redução, eram forçados a trabalhar, produzindo em larga escala a erva-mate, que era exportada para diversas reduções da região platina, como Montevidéu e Buenos Aires, e também para Europa, através do porto de Rio-Grande; além disso, trabalhavam na criação do rebanho de gado bovino, introduzido pelos jesuítas, pois no Brasil não existiam esses animais até a chegada do europeu, destes animais era aproveitado apenas o couro, pois não havia ainda o consumo de carne, que era jogada fora em sua maioria. O couro era exportado para Europa através do porto de Rio Grande, e para outras regiões. O ambiente para a criação de gado era propício e logo se multiplicaram em larga escala, era criado solto e sem muitos cuidados.

Em troca desse trabalho, os índios eram obrigados a aceitar uma religião diferente da sua, pois para os Jesuítas, esse era o bem maior feito à esses povos sem a Luz do Cristianismo; e aprendiam os costumes do europeu. Muitos desses nativos não se deixavam escravizar e se refugiavam para o interior do Estado, onde havia mata fechada, e ali permaneceram até o início do séc. XIX, quando a ocupação da região deu-se propriamente dita; mas sempre em conflito com o europeu que tentava aqui se estabelecer, impedindo a ocupação do planalto médio.

As Missões prosperaram até 1637 aproximadamente, quando os Bandeirantes paulistas, comandados por André Fernandes, para capturar os nativos para trabalhar como escravos nas lavouras de Cana-de-açúcar e na mineração das regiões centrais e norte do Brasil Colônia (os bandeirantes preferiam os nativos catequizados). A redução Logo se transformou em Arraial Bandeirante, como base para novas expedições de caça ao índio, seus habitantes foram, sua a população definhou e desapareceu depois de algum tempo. Restaram alguns mestiços e caboclos, das relações entre europeus e índios, e esses foram os primeiros gaúchos, dos quais muitos de nós descendemos. Hoje, vemos marginalizados pelas ruas o que restou dos índios Caingangues, vivendo na periferia da cidade em precárias condições de saúde e higiene.

Referências

  1. Acadêmica do Curso de História UPF – IV nível