Uma página da História

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Uma página da História

Em 31/07/2005, por Jabs Paim Bandeira


Uma página da História[1]

JABS PAIM BANDEIRA


Um momento em que se registrou mais um elo do progresso de Passo Fundo foi a inauguração da Estação Rodoviária local, em 1975, cujo empreendimento não levou verba do orçamento municipal, como aconteceu com outros terminais, como Uruguaiana, Santa Cruz, Rio Grande, Alegrete, Cruz alta e outros, os quais usaram das economias desses municípios, em detrimento de outras necessidades, como creches e saúde. O imóvel foi adquirido pela Paim, Bordignon Concessionária, a qual, às suas expensas, construiu o terminal rodoviário. Mais um marco de progresso, como foi a chegada do Boeing, em nosso município, que nos diferencia das demais comunidades. Por coincidência, também a Paim, Bordignon é representante da Varig. Remexendo os meus arquivos, descobri, já amarelado, o pronunciamento que proferi, no dia da inauguração, em 03 de outubro de 1975, no qual falo do sacrifício para a construção do terminal.

"Autoridades civis, militares e eclesiásticas, meus amigos, meus senhores e minha senhoras:

Hoje iniciamos uma nova caminhada, peço aos presentes, neste momento, um minuto de sua atenção, pois vamos sintetizar nas palavras do pensador Abert Schwitzer, nossas primeiras palavras:

"Nenhum raio de sol se perde,

Mas o verde que ele banha.

Precisa de tempo para brotar,

E nem sempre aquele que planta

Viverá para ver sua colheita,

Todo o trabalho que tem valor é Realizado com fé ... "

Foi uma longa espera, de intensa expectativa. Receberia ou não Passo Fundo uma nova Estação Rodoviária? Havia esforço através da firma concessionária, em construir algo melhor para o usuário? Uma obra digna da grandiosidade de nossa bela e universitária Passo Fundo?

Todas as pedras foram removidas, valeu a pena esperar, eis que após uma luta gigantesca e até heróica, em certos momentos, vê-se construído aquilo que podemos denominar de "Terminal Rodoviário" !

Citamos a palavra heróica, não para enaltecer o que nossa pessoa fez, para que se edificasse esta Estação Rodoviária, mas sim, para salientar o sacrifício coletivo de todos os componentes desta organização, de Alcides Bordignon, de Bruno Borella Borges, que, com trabalho, com suor e até mesmo com lágrimas, conseguiram galgar e concluir o que até agora foi feito.

E foi feito, meus senhores, porque acima de tudo e de todos tivemos a nossa volta amigos denodados, que nos encorajaram e nos indicaram novos caminhos, novos rumos, ajudando-nos a enfrentar o desafio, empenhando-se e avalizando nossa conduta, com sua confiança em nossa organização. Nada no mundo, materialmente, poderá retribuir-lhes e agradecer-lhes o que fizeram, não por nós, mas por Passo Fundo, pela região e pelo Rio Grande.

Aqui estamos rodeados pelo concreto armado, por ferro, tijolos e argamassa, entre as paredes deste monumento, recheadas de fé, de amor e palpitação, cada momento vivido por nós, pelos amigos, obreiros, enfim, por aqueles que acreditaram em nossa empresa. Por isso, nos deixa felizes e nos faz crer que valeu a pena lutar e, por fim, vencer.

O calor humano realçado por suas presenças, nesta ocasião, é traduzido por nosso gesto de agradecimento, por nossa manifestação de apreço, por terem os senhores e as senhoras, além de oferecido uma estreita e indispensável colaboração ao nosso empreendimento, ainda são testemunhas oculares e perenes dos atos inaugurais desta obra.

O presente é um esforço projetado do passado, se não houvesse um inicio, é elementar, não teria um fim, uma conclusão.

E o passado da Estação Rodoviária de Passo Fundo é marcante, no cenário dos transportes rio-grandenses, pois foi esta "A Primeira Estação Rodoviária" criada em nosso Estado. Esta iniciativa se deve a Fredolin Paim, meu tio, que foi também seu primeiro proprietário, cujo nome muitas vezes se confunde com a própria história do transporte coletivo do Rio Grande do Sul, o qual, por suas qualidades empreendedoras, seu espírito imbatível, fez funcionar um escritório, ao lado do antigo bar Independência, na rua Gal. Netto, que se transformou mais tarde na Estação Rodoviária Passo-Fundense.

Por esta razão, rendemos nossas homenagens e o nosso reconhecimento Fredolin Paim, por sua iniciativa e sua luta, fazendo gravar no bronze a gratidão de seus companheiros, familiares e amigos.

Amanhã, se vivo fosse, Fredolin Paim estaria fazendo 68 anos de idade.

Não poderia deixar de fazer referência, não por um dever de lealdade, mas por justiça, a Alcides Bordignon, que, há mais de 20 anos, dividiu com Fredolin Paim a difícil tarefa de dirigir a Estação Rodoviária Passo-Fundense e, a cada dia mais aperfeiçoá-Ia, no sentido de melhor servir aos usuários e ao público em geraI. A Alcides foi confiada a missão mais complexa, ou seja, de implantar a infraestrutura racional e objetiva da Rodoviária. Graças a esta iniciativa e ao seu espírito organizado, capaz e inteligente, pudemos somar a força de seus conhecimentos, aliados ao entusiasmo de nossa juventude, e mais tarde, de seu genro Bruno Borella Borges, ir ao encontro dos anseios de nossa população, do poder concedente (Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem), os quais desejavam um novo terminal. Por isso, resolvemos assumir o risco deste desafio e, muitas vezes, superando nossas próprias forças, diante das incompreensões, incredulidades e dificuldades naturais, econômicas e financeiras. Aí está, pois a primeira parte de nosso trabalho realizado.

Uma obra, como podem constatar, realizada pela iniciativa privada, uma obra de caráter social, agora construída. Cabe empreender uma nova caminhada, buscar novas energias, que a própria luta nos oferece, e satisfazer os compromissos assumidos com os financiamentos obtidos, que são naturais em obra de tal envergadura.

A Obra

Iniciamos essa obra em 18 de junho de 1974, tendo 3.500 m2 de área construída, pavimentada, com mais de 4.500m de asfalto, para o estacionamento, e uma área verde de 2.000 m2, a qual levou 16 meses para ser construída.

Foi projetada por Wladimir Kupak, dentro de uma técnica avançada e de linhas arquitetônicas arrojadas, de comodidade e acolhimento para os usuários, sendo apontada como uma das mais belas do Rio Grande do Sul, graças ao atendimento e aos benefícios que proporciona, como também ao sistema em que foi projetada, com módulos, os quais, à medida que houver necessidade de espaço, poderão ser acrescidos de mais blocos, quantos forem necessários.

O engenheiro responsável é o dr. Ronaldo Antonio Marsson, sendo construída pela firma Paim, Bordignon & Cia. Ltda., que teve como mestre de obras o Sr. Otavio Sostisso.

Meus senhores, minhas senhoras, meus amigos, não poderíamos deixar de agradecer às pessoas e entidades que mais colaboraram com esta obra. É muito difícil nomear a todos, dado o número excessivo daqueles que nos compreenderam e nos motivaram a lutar.

Nossos agradecimentos

Ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), através do Eng. Edmar Fernando Heineck; aos estabelecimentos bancários, através do Sr. Manoel Augusto Diniz, gerente do Banco Itaú, e também à Seguradora Itaú, através do Sr. Wilmar Vieira, ao Sr. José Celso Duarte, gerente do Banco Real; ao Sr. Antonio Araci da Silva Borges gerente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul; ao Sr. Atílio José Edgar Dornelles, gerente da Caixa Econômica Estadual; ao Sr. Cícero da Silva, gerente do Banco Brasileiro de Descontos; e aos demais estabelecimentos bancários; à Habitação, através do Sr. Clio Fiori Druck; ao Sr. Pericles de Freitas Druck; ao Dr. Camilo Fortuna Pires; ao Gal. Plácido de Castro Nogueira; ao Dr. Valdir Dalbosco; ao jornalista e amigo Túlio Fontoura; ao Dr. Adirbal Corralo; ao Sr. prefeito municipal Cel. Edú Vi lia de Azambuja; à Câmara de Vereadores; ao Dr. Fernando Carrion; ao comércio, às uni¬ades militares, aos radialistas,jornalistas, classes conservadoras, produtoras e indústria, às empresas de transportes coletivos: Pluma, através do Sr. Dorvalino Galiotto; Unesul, através do Sr. Belmiro Zaffari; Real, através do Sr. Eloy Pinheiro Machado; Águia Branca, Planalto, Hélios, Tupinambá, Agostinho Panisson, Olavo Machado Rico, Hoffmann e Cia. Ltda.; Pedro Salvático; ao Sr. Oscar Olinto Haase, presidente do sindicato e agências de estações rodoviárias do estado; ao arquiteto Wladimir Kupak; ao engenheiro Ronald Anto¬nio Marson; ao Sr. Azir Trucullo; ao Sr. Manoel Garrido; ao Sr. Ivaldo Paim; ao Sr. Otávio Sostisso; aos demais funcionários da estação rodoviária, aos trabalhadores desta obra, e a todos os nossos amigos, o nosso muito obrigado.

Finalizando

Deixamos com os senhores esse marco histórico, social, econômico para Passo Fundo, ao Rio Grande e ao Brasil, pois os grandes caminhos são desbravados por grandes homens. Só nos resta escolher o caminho a ser seguido e a maneira de caminhar, pois muitos que já não mais existem nos legaram uma missão, que devemos cumprir, para não sermos responsabilizados pelas gerações vindouras, e para estarmos em paz com nossa consciência.

Referências

  1. Discurso proferido por Jabs Paim Bandeira, por ocasião da inauguração do prédio da atual Estação Rodoviária de Passo Fundo, em 15 de outubro de 1974.