Um Universo Cultural

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Um Universo Cultural

Em 2009, por Diego Chimango Vargas


Um Universo Cultural


As tradições, crenças e superstições são elementos culturais remanescentes de cada civilização, transmitidos através das gerações e caracterizando cada um dos povos. A diversidade étnica é imensa, e a originalidade de cada nação é transmitida através de músicas, danças, festas, linguagens, usos e costumes, brincadeiras, lendas, mitos, contos, religiões, artes e artesanato.

Com o avanço cientifico e tecnológico, todas essas tradições passaram a ser consideradas frutos da ignorância popular. Nasceu então o medo de que as tradições populares fossem “engolidas pelo progresso”, e desta forma passaram a ser desenvolvidas pesquisas acerca da identidade cultural de cada povo. Os estudos se intensificaram por toda Europa no século XIX, a cultura passou a ser difundidos na forma de obras artísticas e organização de eventos, despertando o patriotismo nos corações e mentes dos cidadãos. A valorização cultural ganhou uma denominação especial no dia 22/08/1846, em Londres, quando o arqueólogo inglês William John Thoms propôs à revista The Atheneum um novo vocábulo para designar os registros de cantos, narrativas, costumes e usos de todos os povos. Thoms uniu duas palavras de origem saxônica: folk (saber), e lore (povo), que formaram o termo “folk-lore”, (sabedoria do povo). Após algumas variações gramaticais, o vocabulo passou a ser usado no Brasil com a grafia “folclore”.

O folclore assinalou a importância da cultura no mundo. No decorrer dos anos, a cultura foi ganhando cada vez mais espaço, tanto que começaram a surgir diversos manifestações que tinham como prioridade expor a cultura de um determinado grupo social. Eram exposições, espetáculos de dança, musica e contação de histórias, que passaram a atrair públicos cada vez maiores, e desta forma nasceram os festivais. Em 1970, num momento em que o mundo sofria os reflexos da Segunda Guerra Mundial como crises diplomáticas e conflitos étnicos, o francês Henry Coursaget fundou em 10/08/1970 o CIOFF (Conselho Internacional das Organizações de Festivais de Folclore), uma organização não-governamental que passou a englobar e coordenar eventos de valorização da cultura no mundo. Hoje, o CIOFF realiza mais de 250 festivais de folclore com mais de 50.000 artistas amadores, além de mostras de arte e outros eventos nos 78 países em que está representado, promovendo a integração entre os povos.

No Brasil, o primeiro festival folclórico aconteceu em Caruarú (PE). O segundo e um dos principais é o Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo (FIFPF), criado por um grupo de cidadãos com o propósito de realizar um evento que promovesse conhecimento, entretenimento e inclusão social a comunidade em geral. O grupo de pessoas desenvolveu e encaminhou um projeto fiel aos critérios do CIOFF à Prefeitura Municipal de Passo Fundo em 1991. Segundo Paulo Dutra – Delegado Seccional e Presidente da Secção do CIOFF do Rio Grande do Sul –, ”a meta sempre foi projetar Passo Fundo e o Rio Grande do Sul para o Brasil e para o mundo, bem como seus potenciais e vocações. Além disso, pretendia trazer a cultura de outros povos ao conhecimento do nosso e mostrar a nossa a estes”, pretensão amplamente conquistada.

A primeira edição do FIFPF realizou-se de 17 a 31 de agosto de 1992. Participaram 3 grupos estrangeiros, 6 grupos nacionais e 7 grupos gaúchos. Mais de 500 dançarinos, cantores e músicos brasileiros e estrangeiros subiram ao palco. Milhares de pessoas visitaram o Parque de Exposições Wolmar Salton, demonstrando uma positiva aceitação da população em relação ao evento. De lá para cá o evento foi crescendo, adquirindo novos apoios e se popularizando. Na décima edição que em 2008 se realizará de 15 a 23 de agosto, estima-se que 130 mil pessoas visitem o Circo da Cultura no Parque da Gare, que contemplarão as apresentações de 14 grupos estrangeiros, além de outros locais e de outras cidades e Estados brasileiros.

O Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo cumpre um papel extremamente importante na difusão cultural, pois moderniza-se a cada edição e prioriza o contato de crianças, jovens, adultos e idosos com as diversas etnias, sendo um instrumento de integração e paz. O folclore é a maior riqueza de um país, e apesar de toda evolução cientifica e tecnológica e das oscilações políticas, o culto às tradições em momento algum poderá perder seu valor, pois é através do legado dos antepassados, mesclado ao espírito humanitário, poderão transformar a Terra num lugar justo, digno e fraterno.