Miriam Postal, a Pintora do Aconchego

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Miriam Postal, a Pintora do Aconchego

Em 30/11/2004, por Paulo Domingos da Silva Monteiro


Miriam Postal, a Pintora do Aconchego


A passo-fundense Míriam Postal tem alcançado destaque nacional e internacional no campo da pintura, participando de mostras e exposições desde 1982. Pinta por vocação e profissão, assim, para usar a conhecida expressão comoniana, serve-se de "engenho e arte". Para tanto, visitou diversos países da América, Europa, África e Ásia, ampliando seu horizonte visual, que aplica em sua arte. "Meus sofás - confessa com uma certa inocência, típica dos grandes criadores - reproduzem sofás que eu vi em Cuba, numa casa que conservava móveis anteriores à Revolução". Sua arte é quase memória. O "quase" é que faz a diferença. Em Picasso, faz da sua Guernica destruída pelo Fascismo, todas as Guernicas do mundo... Faz o "fingidor" de que Fernando Pessoa falava...

Miriam estudou no Colégio Joaquim Fagundes dos Reis, onde sua mãe lecionava, e na EENAV, fez bacharelado em Desenho e Plástica, e Pós-Graduação em Arte e Educação pela Universidade de Passo Fundo. Lecionou Português e Educação Artística no Instituto Educacional. Prestou concurso para o magistério estadual, exercendo suas funções na Escola Estadual Salomão Iochpe e na 7a. CRE. Também lecionou Desenho na UPF. Deixou o magistério para dedicar-se à sua arte.

"Sempre gostei de arte. Toco piano e sempre gostei de desenhar. Toco piano desde os 10 anos. Comecei a pintar aos 13. Fui me aprimorando. Desenvolvi várias coisas: cenários, teatro e balé..., pois quem gosta de arte se abre para diversas manifestações", conta a pintora. E os olhos da professora de 4ª. série, no IE, se iluminam ao falar de educação. "Usei muito a arte para ensinar Português e Estudos Sociais. A educação é integrada. A Pintura, a Escultura, a Palavra, são interligadas".

Impossível falar de arte, sem falarem educação, com Miriam. "Vejo-diz ela - que falta profundidade, mais base para que o ensino não seja limitado. A arte e a vida prática estão interligadas. A arte serve para a pessoa desenvolver sua própria capacidade. O importante é cada um buscar sua própria linguagem".

Arte e diletantismo. Falamos de artistas de televisão, treinadores de futebol e outras "celebridades" que pintam. Muitos deles também são subliteratos. "Existe uma pintura e uma subpintura. Hoje há muito marketing criando uma valorização fictícia. Muitas vezes, pessoas famosas, que pintam por passatempo, não sobrevivem como valor artístico, mas como suvenir. Adquirem notoriedade artística pela mídia, mas não sobrevivem para a história da arte".

Falamos dos escritores e pintores doidos. “De artista e de louco, cada um tem um pouco", diz o adágio. Van Gog era pirado. E os pintores malucos? "Acho mais interessante o trabalho de um alienado, um Antônio Bispo do Rosário, por exemplo, com muito mais valor do que as telas de certos figurões".

Impressionismo e expressionismo. Miriam: - "O artista se torna introspectivo. A arte vale por ser diferente, nova. Comecei usando um material diferente, empregado em solado de sapatos. E aí está o diferencial. A introspecção existe. Até mesmo o realismo mais radical das fotografias, por exemplo, tem muito de impressionismo, transmitindo o sentimento e as sensações do artista".

Falamos do traçado redondo, curvilíneo, de suas figuras, especialmente quando reproduzem pessoas. "Cada figura, nos meus quadros, representa coisas dispersas captadas e unificadas na pintura. As janelas, as cortinas, as luminárias, os tecidos, tudo simples. São pessoas simples, homens com roupas mais antigas. Gosto das flores. Tudo o que faço é o que vi em algum lugar. As figuras são as mesmas, curvilíneas, mais dóceis, mais aconchegantes, as roupas frouxas. São figuras conservadoras. Adoro panos estampados".

"Passo Fundo tem bons artistas na música, no teatro, na pintura – continua Miriam. Tenho o sonho de criar um atelier livre, municipal. Poderíamos ter um lugar onde fossem oferecidos cursos, com espaço para exposições. Penso no local onde hoje funciona a Biblioteca Pública. Quero falar sobre isso com o prefeito Airton Dipp".

Lembro à artista que o programa de governo da nova administração propõe a criação da Casa da Cultura de Passo Fundo, onde a sua idéia já estaria contemplada. Imagino essa idéia integrando os prédios da Academia Passo-Fundense de Letras, da prefeitura antiga e da câmara velha, com um anfiteatro ao ar livre, onde hoje é o estacionamento, e com um novo prédio confrontando com a rua Morom. E com três ou quatro andares. "É. Ali tem espaço, é central. Poderia ser feito um concurso entre os alunos do curso de Arquitetura, para escolher o melhor projeto...", diz Míriam, quando nos despedimos. (PAULO MONTEIRO).