Grêmio Literário União de Ideais, sua formação

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Grêmio Literário União de Ideais, sua formação

Em 30/04/2006, por Alberto Antônio Rebonatto


Grêmio Literário União de Ideais

ALBERTO ANTÔNIO REBONATTO[1]


A iniciativa de formar um grêmio literário partiu de um grupo de jovens interessados em aprofundar os conhecimentos sobre literatura brasileira, despertados pelo movimento cultural-literário que se registrava em Passo Fundo nos idos da década de 50. Estudantes, liderados pela UPE (União Passo-Fundense de Estudantes) e pelos grêmios literários dos colégios dedicavam especial atenção ao tema. Eventos importantes, conclaves e concursos diversos, especialmente de declamação, eram comuns e movimentavam não só o universo estudantil, mas também as equipes docentes e a própria comunidade passo-fundense.

Eram tão acirradas as discussões e as apresentações que chegavam até a criar um clima de animosidade sadia entre os grêmios dos diversos colégios. E eram tão importantes esses concursos e esses encontros culturais, que muitos aconteciam nos ambientes mais nobres e mais aristocráticos da cidade, como o Clube Comercial. Personalidades que mais tarde iriam brilhar em Passo Fundo e em outros recantos do país se alimentaram desse manancial cultural. Como exemplo, citamos Paulo Totti, João Batista de Mello Freitas e Jayme Sirotski.

Outros, com nome já conhecido no mundo das letras, como Jorge E. Cafruni e Gomercindo dos Reis, prestigiavam esses eventos, valorizando com sua presença os debates e as apresentações dos jovens estudantes. Devo ter omitido o nome de muitos outros colaboradores e incentivadores. Mas o registro foi feito para dar uma noção do ambiente propício à formação de grupos interessados em literatura, que se registrava em Passo Fundo à época da fundação do Grêmio Literário "União de Ideais". Não sei exatamente de quem foi a iniciativa ou se foi de todos ao mesmo tempo. Não participei da reunião de fundação do grêmio nem das reuniões iniciais.

Trabalhava como revisor do Diário da Manhã, sob o comando austero de Guilherme Amatus Boor, e iniciava meus primeiros passos como redator, sob a tutela de dois dos mais reconhecidos jornalistas da época: Alady Berleze de Lima e Mário Sperry César. Convivia ainda com a capacidade e a competência de Jarbas Sampaio Correia, um linotipista que não precisava de texto prévio para produzir suas reportagens.

Ao me deparar com a notícia da criação do Grêmio Literário "União de Ideais", formado pela Geisa, Jane, Jurema e pelo Grazziano, redigi um pequeno artigo elogiando a iniciativa. No outro dia recebi a visita da Geisa e da Jurema e o convite para integrar o movimento, que aceitei de pronto, satisfeito e orgulhoso. Passamos a nos reunir regularmente na casa da Jurema, gentilmente franqueada pelos inesquecíveis amigos e incentivadores Aurino e Ercília do Valle.

Vivemos e discutimos literatura e poesia por um largo período. Produzimos alguns textos publicados na imprensa local. Chegamos a sustentar polêmicas. Foi nesse período que consolidamos alguns conhecimentos que nos eram sinalizados nos bancos escolares. Mais do que isso, aprendemos a gostar da literatura, a apreciar os textos produzidos em bom português e a conhecer melhor os grandes nomes das letras nacionais.

Como se observa, já naquele tempo, e creio que antes também, se esboçavam em Passo Fundo iniciativas que visavam incentivar o gosto pela literatura e pela leitura, provavelmente fruto do interesse e da motivação dos abnegados e competentes professores da época. E não era só nosso grupo ou nosso grêmio que assim procedia. O empenho era geral e o entusiasmo também.

Eu não sei se o Grêmio Literário "União de Ideais" foi importante para muita gente. O que sei é que para mim foi uma grata experiência da qual extraí conhecimentos que me são úteis até hoje. Guardo daqueles colegas e daqueles dias a melhor recordação e uma imensa saudade.

Referências

  1. Alberto Rebonatto é membro da Academia Passo-Fundense de Letras