Do Pathé ao Pampa: o cinema em Passo Fundo

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Do Pathé ao Pampa: o cinema em Passo Fundo

Em 2010, por Murillo Dias Winter


Murillo Dias Winter[1]


Desde o dia 28 de dezembro de 1895, quando os irmãos Lumière apresentaram no Salão Grand café, em Paris, sua nova invenção: o cinematógrafo, a sétima arte gera encantamento, surpresa e admiração em todos. Em Passo Fundo não é diferente, as primeiras projeções cinematográficas que datam do inicio do século passado, deram origem a uma história que conta com um aventureiro vindo de fora, alguns mistérios e uma pitada de drama.

Em 1910, já existiam algumas projeções de cinema em Passo Fundo. As ‘’funções’’ ocorriam no edifício do Club Pinheiro Machado, atual Academia Passo-Fundense de Letras. O cinematógrafo pertencia à empresa de João Pozo, vindo de Porto Alegre, mas precedido de bom nome na cidade, afirma o jornal O Gaúcho do mesmo ano. Neste mesmo período Roberto Silva, conhecido como Robertinho, chega à cidade, vindo de São Paulo com alguns estranhos objetos nas mãos, aluga um galpão na Rua General Neto e ali funda a primeira sala de cinema de Passo Fundo, o Pathé. Inaugurado em abril de 1911, O Pathé funcionava de terça a domingo, exibindo diversas fitas e com uma tarde reservada para as crianças que às 14 horas acompanhavam a matinê.

O primeiro grande cinema de Passo Fundo foi o Coliseu, uma imponente construção inaugurada em 1920 e que também se localizava na Rua General Neto. Filmes clássicos conciliavam espaço com outras apresentações artísticas. Divididos entre a platéia na frente da tela, a frisa e os luxuosos camarotes, os espectadores geralmente lotavam os 500 lugares do local. Em 1948 o Coliseu foi destruído por um incêndio, foi reconstruído e alguns anos depois voltou a funcionar até 1953, quando a Empresa Cinemas Rossi, de Porto Alegre compra o estabelecimento e muda seu nome para Cine Real.

Durante os anos 30, algumas salas de cinema fizeram sucesso na cidade, com pequena duração como o Cine Avenida ou mais prolongada como o Cine Rex, que projetava seriados todo o domingo para a comunidade, as projeções cinematográficas ainda era algo rentável e atraiam muitos empresários. O mais famoso deles foi o Cine Imperial inaugurado no final dos anos 30, que se localizava na Rua Bento Gonçalves na esquina com a Rua General Osório. Logo após a abertura o prédio foi tomado por um incêndio, foi reconstruído no andar térreo do Edifício Rotta e ali permaneceu até sua extinção.

Com a chegada efetiva da Empresa Rossi de Cinemas, os cinemas de Passo Fundo foram monopolizados, pois o Cine Real e o Cine Imperial também foram comprados pela empresa. O Cine Real foi transformado em uma grande casa de espetáculos, com mais de mil assentos e ficou em atividade até 1970 quando foi transformado em um banco.

Durante a década de 50, a Empresa Turismo Cine-Hotéis, estava construindo um hotel de luxo em frente à Praça Marechal Floriano, junto dele seria construída uma sala de projeção que também abrigaria shows e peças de teatro. Inaugurado em 1962, O Cine Teatro Pampa era um luxuoso local em que duas mil pessoas assistiam a shows de estrelas da época como Nelson Rodrigues e Sandra Bréa. E mais uma vez a imponência de um cinema passo-fundense é destruída pelas chamas, no dia 14 de dezembro de 1968 um incêndio toma conta do Cine Teatro Pampa, o hotel permaneceu intacto e após dois anos de reconstrução, volta à ativa no natal de 1970, exibindo o filme O planeta dos macacos. Em 2005 o Pampa fecha definitivamente e o espaço dá lugar a um estacionamento.

Referências

  1. Acadêmico do 4º nível do Curso de História da UPF e estagiário do Museu Histórico Regional. - Fonte: Acervo AHR