O Trabalho Educacional das Irmãs de Notre Dame

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O Trabalho Educacional das Irmãs de Notre Dame

Em 04/11/2011, por Gizele Zanotto


O Trabalho Educacional das Irmãs de Notre Dame[1]

Gizele Zanotto[2]


1922. O norte do Rio Grande do Sul ainda estava sendo colonizado com levas de migrantes e imigrantes quando da iniciativa do Frei Jacob Höfer (OFM) de solicitar às religiosas da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora de Coesfeld/Alemanha – Notre Dame (SND) que participassem da obra pastoral e educacional na região. Sobretudo o pedido referia-se a localidade de Não-Me-Toque, onde então o padre atuava. Na carta encaminhada a Superiora Geral Madre Maria Cecília, Frei Höfer expunha características dos habitantes e a premência de ensino também em regime de internato para sanar problemas específicos vivenciados pelos moradores. Afirmava o padre: “A população é composta de descendentes de antigos imigrantes portugueses e das imigrações mais recentes de alemães e italianos. Há poucas escolas, muito primitivas; por causa das grandes distâncias, das péssimas estradas, intransitáveis nas épocas de chuvas torrenciais, de calor às vezes insuportável, à frequência às aulas é muito irregular e as crianças perdem o interesse. Deveria haver internatos que as crianças pudessem frequentar durante alguns anos”. Como resposta a tal demanda, foram enviadas para o Brasil dez Irmãs para o trabalho educacional.

A chegada das religiosas ao norte do Rio Grande do Sul aconteceu em junho de 1923, quando o grupo foi dividido para atender a Não-Me-Toque e também Passo Fundo, onde implantariam colégios em regime de internato e externato. Em Não-Me-Toque foi criada então o Distrito Missionário de São José (1923-1936), órgão que gestaria a atuação das Irmãs no país até 1937, quando foi fundada a Província de Santa Cruz na cidade de Passo Fundo, sendo essa a primeira no Brasil. Segundo os documentos da Congregação, a chegada à estação férrea de Passo Fundo aconteceu na madrugada de 07 de junho, onde as Irmãs foram recebidas por Alice Bade, que, segundo registros, auxiliaria em vários momentos o grupo de Irmãs que sentia inúmeras dificuldades, sobretudo no idioma, já que falavam o alemão em uma localidade onde poucos dominavam tal língua. Nesse sentido, as Irmãs enviadas poucos dias depois a Não-Me-Toque tiveram mais facilidade já que lá descendentes de imigrantes alemães eram numericamente expressivos. Apesar dos contratempos iniciais, em pouco tempo os dois primeiros núcleos das Irmãs de Notre Dame no Brasil passaram a atuar no âmbito educacional. Em julho de 1923 iniciaram as atividades do Colégio São José, em Não-Me-Toque, e em agosto daquele ano iniciam as aulas do Colégio Notre Dame, em Passo Fundo.

Trabalhar pela educação é o mote da Congregação, já preconizado pela “mãe espiritual” das Irmãs de Notre Dame, Santa Júlia Billiart (1751-1816). Trabalhar pela educação foi um dos principais eixos de atuação das Irmãs no Brasil, onde mais de 40 escolas já foram criadas, sobretudo na primeira metade do século XX. Como missão e como prática, há quase 90 anos as Irmãs de Notre Dame marcaram o âmbito educacional do norte do estado com uma atuação difusa que se iniciara justamente de uma súplica do Frei Höfer pela qualidade da formação das crianças. Sua atuação na educação, saúde, assistência social, pastoral, etc., é destaque em Passo Fundo e região ainda em nossos dias – tal realidade evidencia a vivência da missão congregacional de forma ativa, permanente e especializada.

  1. Fonte: Acervo do AHR e SND
  2. Professora do Curso de História/UPF