CTG Lalau Miranda, dados históricos

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CTG Lalau Miranda, dados históricos

Em 07/08/2007, por Welci Nascimento


Welci Nascimento

Na década de 1920, surgiu, no Rio Grande do Sul, um movimento cultural denominado de “Regionalismo Rio-Grandense”, trazendo à tona a cultura gaúcha que, no dizer dos críticos daquela época, estava prestes a se apagar. A figura do gaúcho estaria morrendo?

O escritor Roque Callage (1919) dizia, através das páginas do velho Correio do Povo: “O gaúcho tem outro tombo na andadura”. Chegamos a um estágio, dizia ele, “onde os costumes estão sendo apagados. Só ficou no coração do gaúcho a saudade pelo orgulho do passado heróico”. Estaria havendo um imobilismo cultural? Os grêmios gaúchos, fundados no interior do Estado, embora elitizados, procuravam reviver a chama gaúcha.

Na prática, o que se observava é que a cultura e as tradições gaúchas estavam num processo de esquecimento na memória do povo. Vai daí que um grupo de estudantes do tradicional colégio Júlio de Castilhos de Porto Alegre, quase todos com origem no interior do Rio Grande, resolveu criar o primeiro centro de tradições gaúchas. Era o “35 CTG”, no final da década de 40, o qual dinamizou de tal forma as tradições gaúchas que passou a ser alvo das atenções das cidades do interior gaúcho.

No ano de 1952, um grupo de passo-fundenses constituído pelos senhores Tenebro dos Santos Moura, Ney Vaz da Silva, Jorge Cafruni e Múcio de Castro se reuniu nas dependências do jornal O Nacional, sob a liderança do jornalista Múcio de Castro, para ouvir o professor Antônio Donim, recém chegado da cidade de Rio Grande, que desejava transmitir uma notícia. Dizia o professor: “Está surgindo no Rio Grande do Sul uma sociedade que procura cultuar as tradições dos gaúchos. Outras cidades do Rio Grande do Sul, já fundaram suas entidades. Passo Fundo necessita contar com um desses Centros para impedir que desapareçam, sufocadas pela veracidade da evolução, as tradições e a genuína alma gaúcha, que nosso passado heróico goza de admiração de todos os brasileiros.”

A idéia foi amplamente debatida e o jornalista Cafruni, de imediato, tomou todas as providências para que fosse realizada uma reunião mais ampla, com a participação de lideranças do interior. Pessoas “campeiras”, no dizer do nosso escritor. Em 24 de janeiro, nas dependências do Clube Comercial, estavam reunidos Gomercindo dos Reis, Sabino Santos, Juliano Poleto, Falbo Pimentel, Conrado Hexsel, José Paim Brites, Francisco A. Xaviel e Oliveira, Heitor Saldanha, entre outros. O grupo ultimou os preparativos para a realização de um programa na Rádio Passo Fundo.

Em 24 de março de 1952 foi eleita a primeira patronagem, cuja escolha recaiu na pessoa do jornalista Múcio de Castro, e o Centro passou a chamar-se CTG Lalau Miranda em homenagem ao sr. Estanislau de Barros Miranda, “tradicionalista de escol”, como costumavam dizer, pelas suas qualidades campeiras e artísticas, proprietário de terras na região do Butiá e Passo do Miranda, nascido em Passo Fundo em 1853 e falecido em 1916.

Daí em diante, o CTG Lalau Miranda não mais parou. Varou fronteiras, levando em seus aperos as tradições do Rio Grande do Sul. Sua invernada de danças, muito bem treinada pelo tradicionalista Ivo Paim, encantava as pessoas das cidades por onde passava.

Nas décadas de 1950, 60, 70 e 80, o CTG percorreu o norte do Rio Grande do Sul e os Estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Goiás se apresentando com suas invernadas artística e campeira e auxiliando os gaúchos que residiam fora do Rio Grande a fundarem um CTG. Getúlio Vargas, presidente do Brasil, mandou um avião a Passo Fundo para levar o CTG Lalau Miranda a fim de se apresentar, com sua invernada de danças, na Capital da República, Rio de Janeiro. A Rádio Nacional e o Teatro do Rio de Janeiro foram palcos onde se apresentou o CTG Lalau Miranda.

O CTG 101, ao longo de sua trajetória, um verdadeiro “embaixador da cultura gaúcha”. Suas invernadas artística e campeira, se apresentando nos festivais e nos rodeios tradicionalistas gaúchos, quase sempre, alcançavam os primeiros lugares nas diversas modalidades que disputavam. Como ainda vem acontecendo, conquistando platéias e tornando Passo Fundo conhecido no Brasil e além-fronteira.

Por tudo o que fez, e ainda faz, o CTG Lalau Miranda, através das suas patronagens, peões e prendas, merece constar neste livro, que registra os fatos mais importantes no ano em que Passo Fundo completa 150 anos de emancipação política.