Estórias do Vovô Zacharias

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Estórias do Vovô Zacharias
Descrição da obra
Autor Pedro Ari Veríssimo da Fonseca
Título Estórias do Vovô Zacharias
Assunto Crônicas
Formato E-book (formato PDF)
Editora Projeto Passo Fundo
Publicação 2013
Páginas 100
ISBN 978-85-64997-99-8
Impresso Formato 15 x 21 cm
Editora Diário da Manhã
Publicação 1991

Estórias do Vovô Zacharias O galo estava empoleirado na parreira e veio o graxaim com interesse em pegá-lo. O graxaim, muito astucioso, puxou prosa.

- O senhor sabe que agora há um novo decreto do Rei? Pela nova lei do Rei dos Animais está proibido um bicho de matar outro, nem você pode me matar, nem o cachorro pode te pegar. O homem não pode mais fazer mal a você. Desça daí que eu vou te contar o causo direito. O galo, que já era cismado com o graxaim, maliciou que aquela conversa toda era astúcia para pega-lo. Então espichou o pescoço, botou as asas na testa para proteger as vistas do sol e ficou na ponta dos dedos, olhando firme.

- Espere um pouco aí, que eu vou vendo uma coisa...

(Segue...)

Apresentação

Apresentação, pelo Autor

João Zacharias Martins (1898-1990) é meu sogro. Nasceu no dia de São Zacharias, em Lagoão, distrito de Cruz Alta, onde seu pai era médio proprietário e vivia da criação de gado, venda de madeiras, roças e de alugar campo para pouco se tropas e de tropeiros. É nesse ambiente rude onde a mulher não tomava parte que o menino Zacharias aprendeu a contar causos. Em 1935, já artífice da Viação Férrea, ganhou um passe para visitar a Exposição Farroupilha e conhecer a capital do Rio Grande do Sul. Em 1962, levei-o para conhecer o “mar-oceano” na praia do Cassino, onde provou da água e se convenceu que era salgada.

Já com os meus cinco filhos crescidinhos, o vovô Zacharias sentava-se à mesa e mantinha-os atentos e excitados, ouvindo os velhos causos do tempo das carretas. Um dia veio-me a ideia de registrá-los num gravador de som. As crianças já estavam grandotas e elas mesmas se encarregaram da tarefa. Nas horas vagas, transcrevi os registros. Em 1982 resolvi publicá-los no DIÁRIO DA MANHÃ. Foi necessário que eu cortasse as passagens repetitivas e desse uma forma mais linear, mas mantendo a linguagem e o estilo dele.

Encontrei muita gente que passou a comprar o jornal e a recortar os causos. Resolvi enfeixa-los em um livro, bem da maneira como haviam sido contados.

Não gostei do trabalho que fiz.

Em novembro de 1983, o meu caro amigo Barbosa Lessa aparece aqui por casa para tomar um mate. Conversa vai, conversa vem, falei-lhe da minha frustração. Ao se despedir, levou o conto A GUERRA ENTRE O TIGRE E O MACACO, para dar uma olhada e mais alguns outros. A resposta não se fez demorar:

“Pois os referidos causos me parecem uma notável exemplificação do que seja a narrativa folclórica”, e mais “Seja pelo conteúdo, seja pela forma, os causos me cativaram como documento folclórico”.

“Mas se passarmos para outro terreno – o da edição de uma obra de LITERATURA dedicada ao público em geral – os causos do Zacharias precisariam, talvez, receber uma reformulação, pequenina, no tocante às redundâncias, repetições; e, como a maioria dos personagens não tem nome, o leitor fica meio confuso diante de um “ele” ou “ela” que pode ser tanto o Fulano como o Sicrano”.

Animado por essa opinião pessoal, comecei tudo de novo. Aguardei a resposta.

De qualquer maneira, pessoalmente eu achei formidáveis os causos. Pela autenticidade e espontaneidade.

“Ressurge aqui o problema do “ele” a que já me referi desde o princípio. De nome aos personagens”.

Acontece que o único conto com nome próprio era o do Padre José Francisco. Nenhum outro conto tinha título. Inventei nomes e títulos. Recebi uma longa carta abordando vários assuntos e, lá no finzinho, “Basta dar uma olhada nos 36 títulos e já se vê a bela contribuição que estás dando à literatura sul-riograndense em geral e à serrana, em particular. Meus cumprimentos! Sucesso!”

 

Obrigado amigo Lessa, aprendi muito;

Junho de 1991,

Índice

  • APRESENTAÇÃO 7
  • O GALO E O GRAXAIM 11
  • JOGO DE PRENDA 12
  • O DIA DA MORTE 14
  • O CASAL DE VELHOS 17
  • O COXO E O CALVO 20
  • O PARALÍTICO 23
  • O CARRAPATO E A AVESTRUZ 25
  • O SAPO E O VEADO 26
  • O SAPO NAMORADOR 27
  • A REFEIÇÃO DO LEÃO 28
  • O BAILE DOS CACHORROS 29
  • NA ALEMANHA TUDO É GRANDE 30
  • O ABRAÇO DO TAMANDUÁ 31
  • COMO CORTAR CIPÓ 32
  • A LINGUIÇA DE FUMO 33
  • OS DOIS VELHACOS 34
  • O REI DOS PÁSSAROS 36
  • O PAPAGAIO E O JARDIM 37
  • O ANEL DA BARBONESA 38
  • O CASO DO FUMO PODRE 40
  • A PANELA MISTERIOSA 42
  • O PÁSSARO MISTERIOSO 43
  • A VELHACA DO PEDRO 44
  • O INVERNO 45
  • O TRATO DO PEDRO MALAZARTE COM O DIABO 47
  • O MATUNGO DO MACACO 52
  • A GUERRA ENTRE O MACACO E O TIGRE 54
  • A ESTÓRIA DO PADRE JOSÉ FRANCISCO 61
  • O FORÇUDO 64
  • O MÉDICO E O FAMACÊUTICO 67
  • O LADRÃO E O SAPATEIRO 72
  • A ESTÓRIA DA PITA 76
  • O CAÇADOR MEDROSO 89
  • O GALPÃO MAL ASSOMBRADO 91
  • TEM QUE TER VENENO 94

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Referências