Barcos sem pescadores

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Autor Agostinho Both
Título Barcos sem pescadores
Assunto Romance
Formato E-book (formato PDF)
Editora Projeto Passo Fundo
Data da publicação 2017
Número de páginas 96
ISBN 978-85-8326-295-4
Formato Papel 15 x 21 cm
Data da publicação 2017
Número de páginas 92
ISBN 978-85-8326-294-7

Barcos sem pescadores - Outros resistentes e mais outros engolidos pela história, deixaram um legado de sortes diferentes. Assim se iam os papos: sumindo aos poucos. Por não haver políticas sociais ou as tendo pouco efetivas, resultaram a semeadura de pessoas, desmanchadas, vivendo da frugalidade e do improviso. Era disso que mais se falava. O Rio Fundo tornou-se um motivo de lembranças para todos. E entre elas será contada, por muito tempo, a história do fim de Alfredo Mirandola, o Pico.

Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2017

Apresentação

Carta ao Autor por Miguel Augusto Guggiana

Passo Fundo, 01 de julho de 2017.

Prezado Agostinho,

“-Foi matado, suicídio ou afogado?” Esta pergunta do Nico para o Professor Inácio, quando se viram num fim de tarde, quase noite, no meio do Rio Fundo, as voltas com o defunto boiando. O primeiro, quase batendo no barco em que pescavam; pensei cá comigo: que situação periclitante! Isso lá é coisa que se faça, assim adredemente, no início da história lançada magistralmente, diga-se de passagem, através da boca do personagem? Uma pergunta desta nos peitos de quem lê?  Pelo sim e pelo não, mesmo administrando o golpe e os efeitos da provocação, chego ao fim da leitura com o mesmo questionamento: “foi matado, suicídio ou afogado?” Mas, deixe prá lá, ainda vou descobrir o que realmente aconteceu naquelas grotas, tim tim por tim tim, vírgula por vírgula.  Juro!

Comecei a ler teu “Barcos sem pescadores” e de vereda me saltou aos olhos a singularidade na forma da contação da história, em cotejo com teus outros escritos que andei especulando: Pequenos seres da terra, A cuidadora, Aquiles o inconstante, Sonhos pedagógicos da professora Antônia. Este, que te falo, de cabo a rabo, uma conversa só. Momento! Já te explico.  Agostinho, tu usa e abusa, com talento impar de escriba de mão cheia, de diálogos, diálogos e diálogos, do começo ao fim, costurando numa prosa única, uma história rica, gostosa de ler, em que misturas, com especial performance literária, dramas, amores fora da lei, traições, sofrências e sobretudo mistérios, tanto que até agora estou me perguntando: o de cujo foi matado, suicídio ou afogado? E que dizer do outro presunto que tempos depois desceu o rio,falecido com um tiro de vinte e dois, um pouco abaixo da paleta, assombrando o professor Inácio – de novo – e o Levino, que pensavam, puxavam pati macanudo? Este, deixo de lado. O furo é mais embaixo. Outros quinhentos!

Tenho cá prá mim, com quase absoluta certeza, que essa forma que me referi com que pintaste Barcos sem Pescadores, foi influenciada pela tua vivencia à época, milnovecentosecinquentaepouco, talvez adentrando alguns anos na década de sessenta, quiçá setenta, um pouco mais, um pouco menos, por aí, no teatro, que pela sua peculiaridade, pede do autor, do artista, essa condição, criando cacoete literário que só viceja em campo fértil. Deu no que deu.  Como sei disso? Agostinho, te revelaste para teus leitores, homem de teatro, quando desencravaste do fundo do baú a peça Marina, Marina, tua última publicação, que já anda galopando a toda brida de Passo Fundo para o mundo. .

Voltando à tua obra, em foco, digo que fotografaste com maestria o ambiente ribeirinho, quando pensas “quieto é o rio, mas não as barrancas”: palco onde o chibo corria solto, protegido pela noites grandes e nervosas, contrastando com a placidez das águas, escondendo segredos daquilo que todo mundo sabe, todo mundo vê, mas, ninguém fala.  E a convivência entre teus personagens, então?  Conseguiste botar num mesmo saco toda aquela gente da costa, alemães, italianos, poloneses e, no entremeio, colorindo as relações, a caboclada; inserindo-os num cotidiano ao mesmo tempo que árido, também, buscando tuas palavras, “romântico”. E que ficou prá trás.

Já estou espichando a conversa demais para quem pretendia, tão somente dizer através destas mal traçadas linhas, que apreciei demais teu escrito, e agradecer a liberalidade com que me honraste ao permitir ler a saga – não deixo por menos - antes de assumir vida eterna, no prelo.

Mais, aproveitando a carona do Correio e, abusando de tua paciência, encerro pedindo uma resposta à dúvida que me persegue, que juro, se liberada, não conto prá ninguém. Agostinho, num particular, me diga aqui, baixinho, ao pé do ouvido, por favor, que mal pergunte, em relação à morte do Raimundo:  foi matado, suicídio, ou afogado?

Do outro, - o segundo -  nem falar.  Só a Lisandra pode dizer alguma coisa, se um dia decidir abrir o bico, nem tu, penso cá com meus botões, mesmo sendo o inventor da história.

Tenho dito.

Subscrevo-me, atenciosamente.

Guggiana

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