O lugar e o tempo de Juvelino Messias Pampa
O lugar e o tempo de Juvelino Messias Pampa "Agostinho Both destaca nesse livro a trajetória de um pobre menino que nasceu num pequeno lugarejo. Ao chegar à velhice, deixa pegadas no solo de sua trajetória transformada pela educação. O bom do livro, sua densidade extrema, é a descrição do olhar do menino que do alto de uma gaiota, aprende a conviver em sua cidade adversa e aí acerta seus passos. Esta é uma daquelas obras que seu autor escreveu e deixou na gaveta, guardada, (in)segura, por mais de vinte anos. Dessa gaveta se aprende que nada é definitivo e que a nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções. O destino, como já afirmou Mário Quintana, é acaso metido a besta!"
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2009
Apresentação
da Apresentação, por Pia Elena Zancanaro Borowski
Mais um desafio se descortina em meu caminho... Mais uma vez ele me é presenteado pelo autor Agostinho Both. Na ânsia de discorrer a contento, agora na dimensão literária, sobre a romance O Lugar e o tempo de Juvelino Messias Pampa, sentimentos ambíguos de apreensão e contentamento invadem meu ser.
Confesso que minha atenção foi sendo arrebatada desde as primeiras páginas: pelo envolvimento de seus personagens – visionários de ásperas lutas –, pela retomada de lugares conhecidos e, assim, poder vivenciar o cotidiano pitoresco de Passo Fundo e seus habitantes, percorrendo vagarosamente – palavra por palavra – a natureza, com todos os seus encantos e seduções.
A trajetória de Juvelino Messias Pampa, seu lugar e seu tempo, é uma história de amor, ternura e comprometimento; narrativa de fé e de luta pelo resgate da dignidade do ser humano em todas as suas fases de vida, principalmente na velhice. Pontua, enfaticamente, as questões sociais e afetivas, tanto para as relações cotidianas das gerações, quanto para a criativa e fantasiosa imaginação, que devem acompanhar o percurso da existência humana, tornando seu jugo mais leve e suave. Histórias de espantos e encantos, vozes recolhidas nos caminhos... E sonhos... Muitos sonhos! Realidades deliradas, delírios realizados, palavras andantes, que o autor encontrou – ou que o encontraram: como a esperança de dias melhores para os desafortunados dessa sociedade excludente.
Enfim, a trama produzida prende e encanta... Prende pelo contexto (de grande singeleza); pela garra de seus personagens... Encanta pela proposta de esperança e possibilidade no caos, conduzindo seus leitores a encontrar, mansa e suavemente, o sentido largo e profundo do envelhecimento humano:
“(...) Que a estrela de Juvelino brilhe ainda mais”.
“Já não existe mais a sombra,
Aparece a estrela suficiente
A iluminar a casa inteira.
Sonhos andam soltos pelo teto.
Folhas caem solenes pelo pátio.
A madrugada chega devagar
E o sol que vem está repleto.
De imagens, cores a iluminar as horas
Que chegam com destino certo
E um sorriso largo e sem demoras.”
(...)
“Bastava a necessidade de existir,
Vibrar com os sopros do passado
e o fluir das coisas.”