O contexto educacional de Passo Fundo na década de 1930

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O contexto educacional de Passo Fundo na década de 1930

Em 2019, por Alex Antônio Vanin e Roberto Biluczyk


O contexto educacional de Passo Fundo na década de 1930

Alex Antônio Vanin[1]

Roberto Biluczyk[1]

Anúncios do Guia Ilustrado 1939

Publicado em razão da Exposição que ocorreria em 1939, o “Guia Ilustrado Comercial, Industrial e Profissional da Cidade de Passo Fundo”, oitenta anos mais tarde, pode ser utilizado para a pesquisa histórica relativa ao desenvolvimento do setor educacional na cidade e na região, uma vez que conta também com dados relativos a antigos distritos passo-fundenses, hoje emancipados.

De acordo com a publicação, a instrução pública e privada era bastante desenvolvida no núcleo, dispondo as escolas estaduais de diversos estatutos, definidos como colégios, grupos escolares e escolas complementares. Destas, o Guia salienta a atuação do Colégio Elementar Protásio Alves, o mais antigo estabelecimento de ensino da cidade, fundado em abril de 1911. “Pioneiro da instrução”, o educandário estava instalado – assim como nos dias de hoje – em prédio próprio junto à Praça da República (atualmente Praça Ernesto Tocchetto). O Colégio possuía em 1939, 1240 alunos, atendidos por 34 professores.

Já a Escola Complementar (atual Escola Estadual de Educação Básica Nicolau de Araújo Vergueiro), fundada em 1929, destacava-se, dez anos mais tarde, pela liderança feminina da professora Mathilde Mazeron no cargo de diretora. Ao longo do período, apresentava-se, segundo o Guia, como uma escola de resultados, uma vez que a maioria de seus alunos formados já havia se colocado no mercado de trabalho, em funções ligadas ao magistério.

Quanto ao ensino privado, três instituições já se viabilizavam como alternativas na cidade, conservando seu prestígio e destaque ao longo do tempo. Duas delas, de inspiração católica, atendiam em regime de internato e externato. No caso do Ginásio Nossa Senhora da Conceição, administrado pelos Irmãos Maristas desde a década anterior, destacavam-se cursos diferenciais como o de Datilografia, bem como o desenvolvimento do ensino primário, secundário e técnico-comercial. A instituição havia recentemente adquirido uma nova área a fim de ampliar suas instalações, transferindo-se para a atual sede nos anos seguintes.

Já o Ginásio Notre Dame, de propriedade das Irmãs de Nossa Senhora, fundado em 1923, era dotado de pátios arborizados e ambiente para a convivência de 360 alunas. A instituição contava ainda com a estrutura de uma chácara nas proximidades da cidade. A Congregação possuía ainda outros dois outros colégios no município, em Vila Teixeira (atual Tapejara) e em Benjamin Constant (hoje, Constantina). Tanto o Ginásio Conceição, para meninos, quanto o Notre Dame, para meninas, tinham como público-alvo especial, a mocidade católica.

Instalou-se no município, por iniciativa da Igreja Metodista, dezenove anos antes da publicação do Guia, o Instituto Ginasial (atual Instituto Educacional Metodista). Fundado pelo Reverendo Jerome Walter Daniel, a escola ocupava destaque por sua estrutura física e docente. Seus imponentes prédios eram, de acordo com o Guia, sinônimos de modernidade pedagógica. Ainda hoje se preserva o Edifício Texas, junto à Avenida Brasil, atualmente em processo de restauração. O Instituto também oferecia a seus alunos cursos sobre comércio, além do tradicional secundário. Liderado na ocasião pelo professor estadunidense William Richard Schisler, muitos membros de sua equipe possuíam origem na América do Norte.

Através da percepção do desenvolvimento educacional em Passo Fundo pode-se construir um interessante capítulo na escrita da história regional, analisando-se as permanências e mudanças ocasionadas pelas atitudes humanas ao longo do tempo. O “Guia Ilustrado” utilizado para o desenvolvimento deste texto faz parte dos arquivos de Nicolau Araújo Vergueiro, mantidos pelo Arquivo Histórico Regional (AHR), junto ao Campus III da Universidade de Passo Fundo.

  1. 1.0 1.1 Mestrandos em História – PPGH-UPF