O Barão

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O Barão

Em 2013, por Alfredo Rico Loureiro


Por ALFREDO RICO LOUREIRO

   

Como até hoje ninguém nada registrou sobre a pessoa exemplar, honesta e honrada de ANTONIO JOSÉ DA SILVA LOUREIRO – O BARÃO – que foi uma figura notável pela posição destacada que conquistou em Passo Fundo, quer como industrial, comerciante, fazendeiro e exemplar chefe de família, nós nos comprometemos, conosco mesmo, a fazer um apanhado retrospectivo de sua – passagem pela terra, para que muitos de seus descendentes, nascidos após o seu desaparecimento, conheçam e apreciem da cepa que lhes deu – origem.

     “ Portugal – Jardim da Europa à beira mar plantado” , segundo o linguajar do grande Camões. País engastado na parte ocidental de Península Ibérica, entre a Espanha e o Oceano Atlântico, porta por onde enviou seus denodados marujos, “por mares nunca dantes navegados” , para escreverem grande epopéia no alargamento de seus domínios e conquista de novas e ricas terras. Nação pequenina de povo gigante, que dominou mares, descobriu vastas glebas e edificou grandes países.

Foi de lá que veio

                                                                                             

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA LOUREIRO

Ainda bem menino, foi ele, de Braga onde nasceu, em 1835, para a cidade do Porto, trabalhar como empregado de um seu tio, que era comerciante, homem sisudo e austero. Tudo corria normalmente até o dia em que, no café da manhã, disse ao tio que não gostava de queijo (longe estava o menino de imaginar o quanto esta revelação iria ter influência no seu destino), o tio diante de tal confissão impôs-lhe, como castigo, passar uma semana comendo só queijo com café. Sentindo-se injustiçado com o castigo, resolveu fugir.

No dia seguinte, embarcou, clandestinamente, num navio cargueiro que estava estivando carregamento destinado ao Rio de Janeiro.

Dotado de imaginação fértil e ousadia desmedida, com apenas treze (13) anos de idade, já estava sob sua própria guarda para enfrentar o mundo, sem temor, e desassombro inaudito. Desembarcado no Rio de Janeiro, sem conhecidos ou apresentação, assim mesmo, logrou emprego numa casa de comércio da Praça da Alfândega. Sua vivência nesse ambiente muito lhe serviu de escola. Com o passar dos anos, amealhou algumas economias, o que lhe facilitou sua ida para o estado de Minas Gerais, atraído pela notícia de grandes facilidades para bons negócios. Não tendo logrado êxito na sua tentativa ali, as procelas da vida trouxeram-no para o Rio Grande do Sul.

Circunstâncias fortuitas o levaram as margens do Rio Uruguai, na fronteira com a República Argentina, onde vislumbrou possibilidades de futuros negócios na exportação de madeira bruta, de cedro, que se fazia pela grande via fluvial. Empreendedor como era, subiu o grande rio e, a altura de Nonoai, instalou-se. Extraiu madeira, organizou “balsas” e, como os outros comerciantes do ramo, aproveitando as enchentes do caudaloso Rio Uruguai, descia sobre aquele mostrengo, flutuando a superfície líquida da exuberante corrente até atingir mercado do produto extraído das gigantescas e verdejantes florestas dessa rica bacia. Esse mercado era na Argentina, São Tomé e Passo de Los Libres.

Seu empreendimento prosperou, tomou vulto e corria satisfatoriamente, mas, na descida da maior balsa que fizera, flutuando velozmente, a jangada precipitou-se contra as pedras da correnteza dos macacos, espatifando-se, donde, somente salvou-se juntamente com os companheiros de jornada, dando graças ao Criador.

Perdeu tudo.

Empobrecido de uma hora para outra, transferiu-se para Nonoai e dedicou-se ao comércio de balcão, vendendo utilidades de que necessitava a população e comprando os produtos da zona, que vendia em Passo Fundo, para onde transportava tudo em carretas ou tropas de cargueiros, sempre com cargas de retorno para bom aproveitamento das viagens.

Em Passo Fundo, afreguesou-se na maior casa comercial que era do Sr. Adão Schell, homem adiantado e observador que, conhecendo logo a psicologia do seu jovem freguês, tudo lhe facilitou.

Em uma de suas vindas a Passo Fundo, em dia de chuva, ao chegar na casa comercial de Adão Schell, vestindo pala e calçando botas, num desnível do solo, deu uma escorregadela e sentou-se no barro. Ao levantar-se, deparou com duas pessoas que por trás do vidro de uma janela que estava em frente, se divertiam com seu tombo.

Estavam elas, uma senhora e uma moça, ambas sorrindo, e ele, desapontado, morrendo de vergonha, também sorria...e passou.

No dia seguinte, menos envergonhado, passou, sorriu e a moça também...

Assim foi o encontro de duas criaturas que se compreenderam, se uniram e constituíram um grande lar.

Adão Schell, vendo que seu freguês era homem de largos horizontes e futuro previsível e como tinha diversas filhas, e, sendo praxe, ofereceu-lhe uma das suas filhas em casamento. Foi chover no molhado, pois já andava de olho. Aceitou a gentileza para noivar com a Srta. Filipina, que já era sua conhecida, uma das mais jovens. Houve tumulto na família porque as mais velhas é que estavam na vez, mas noivou com a sua eleita.

Noivo,  transferiu a sede de suas atividades para Passo Fundo, já com melhor ajuda do futuro sogro. Casado, como era trabalhador e arrojado, prosperou vertiginosamente, tornando-se, para a época, homem de grandes negócios. Além de comerciante, tornou-se industrial nos ramos de curtume e artefatos de peles de animais silvestres e domésticos, olaria, sapataria e lombilharia. Instalou entre a sua casa e o seu curtume, em 1886, o primeiro telefone da cidade, e um dos primeiros do Estado.

Adquiriu inúmeras propriedades, grandes e pequenas, na cidade e na zona rural, para atividades agrícola e pastoril. Chegou a possuir mais de cem (100) quadras de sesmarias de campo, afora outras propriedades como NÃO-ME-TOQUE e TAQUARAL.

Construiu a melhor casa da cidade tendo, para tanto, trazido da Europa artífices para construí-la.

Ainda hoje, passados mais de um século, é digna de admiração para os que tem a ventura de visitá-la. Alvenaria sólida, com pedras em volta até um metro de altura, largas calçadas de grandes lajes, platibandas e claras bandeirolas, portas, portais cimalhas trabalhadas, assim como as escadas; vidraças com guilhotinas com contrapeso para serem levantadas sem esforço, peças grandes e amplos salões iluminados. É digno de menção que, em Passo Fundo, foi a casa que teve a primeira mobília de ébano, o primeiro piano, a primeira máquina de costura de pedal, a primeira estufa, a primeira lareira, as primeiras mangas de candelabro com pingentes de cristal. Enfim, um magnífico solar, considerando-se a época e a situação.

O seu feliz consórcio com Filipina Hein Schell, nascida na Alemanha, por esse evento tornada Schell Loureiro, originou uma progênie composta de doze (12) rebentos; sendo cinco (5) moças e sete (7) rapazes.

Casa alegre, animada, onde à noite faziam música, recitavam e tomavam chá para encerrar a noitada. Após casarem-se os filhos, surgiram os netos em grande número, que movimentaram ainda mais, o acolhedor solar. Como estas notas são concatenadas à guisa de comentário, não se pode deixar de registrar os nomes da prole do afortunado casal que constituiu padrão de lar brasileiro, conquanto mesclado de sangue germânico e lusitano, duas grandes raças.

O primogênito foi FELIPE, casado no Estado do Paraná com AURORA DO AMARAL MARCONDES, de cujo matrimônio houve doze (12) filhos: cinco moças e sete (7) rapazes.

O segundo, foi EMÍLIA, casada com JOAQUIM GABRIEL DE OLIVEIRA LIMA, havendo doze (12) rebentos: seis (6) moças e seis (6) rapazes; com dois pares de gêmeos.

O terceiro foi ANTONIO “(PUPE)”, casado com ALICE ISSLER, ambos jovens, ele com dezoito (18) anos de idade, e ela com dezesseis (16) anos de idade, tiveram quatro (4) filhas;

O quarto foi ADOLFO, casado com ERNESTINA “(PEPITA)” NIEDERAUER, tiveram três (3) herdeiros, duas (2) e um (1) rapaz.

O quinto, foi AUGUSTO, casado com CARLOTA RICO, de cuja união existe cinco (5) filhos, sendo duas (2) moças e três (3) rapazes.

O sexto foi JOSEFINA, “(PICUCHA)”, casada com ARTUR SCHELL ISSLER “(TUTU)” que deram ao mundo um (1) casal de filhos.

O sétimo foi LEONOR, casada com JUVENAL DE OLIVEIRA XAVIER e não deixaram descendentes.

O oitavo foi ANA CRISTINA “(NICOTA)” casada com VALÊNCIO DE OLIVEIRA XAVIER e tiveram apenas uma (1) filha.

O nono foi JOÃO, casado com ANITA MATEOTTI, falecido prematuramente, sem deixar descendentes.

O décimo foi AURORA, casada com JOÃO FERNANDO KRUEL, e tiveram cinco (5) herdeiros, sendo, três (3) moças e dois (2) varões.

O décimo-primeiro foi MÁRIO, casado com ALANI PEIXOTO, e tiveram somente um (1) filho homem.

O décimo segundo e último foi ADÃO, casado com ESTELA CAMINHA de cuja união tiveram somente uma (1) filha.

No ano de 1910, o feliz casal comemorou suas BODAS de OURO com extraordinária festa, que durou vários dias, e na qual tomou parte toda a população da cidade. Para festejar o acontecimento, o velho BARÃO importou da Europa, principalmente de Portugal e Alemanha vinhos e especiarias. Nessa época sua descendência era constituída de quarenta e seis (46) netos e três (3) bisnetos.

Foi monarquista estremado e tomou parte ativa ao lado das forças revolucionárias de 1893, às quais incorporou alguns de seus filhos, sendo, por isto, muito visado pelos adversários. Esteve preso numa estrebaria e ameaçado de ser degolado, ocasião em que lhe apresentaram um papel para assinar, pelo qual faria cessão de toda a sua fortuna a determinadas pessoas, com a promessa de salvarem-lhe a vida, ao que ele respondeu:

     “Poderei ser morto e roubado, mas de bobo ninguém me fará”.

E devolveu o papel sem assiná-lo, enquanto outros seus companheiros de prisão subscreveram o famigerado documento.

Logo em seguida, porém, graças à interferência de amigos em Porto Alegre, foi solto, não antes de ter passado por maus momentos. Apesar de livre, continuou sendo vigiado por guardas mal encarados que ostensivamente acompanhavam seus passos. Não podendo mais suportar a pressão dos donos da situação e da vigilância exercida em torno de sua pessoa, resolveu fugir.

Como ia diariamente à casa de seu cunhado João Schell, que residia em frente à sua, certo dia mandou preparar um cavalo, encilhado com todos os utensílios necessários, inclusive armas, e escondeu-o nos fundos da casa de João Schell. Ã hora costumeira, atravessou a rua, entrou na casa do cunhado, despediu-se saindo pelo fundo do quintal. Montou o animal e quando o janízaro deu pela coisa, o velho BARÃO já estava longe...

Não podendo unir-se às forças de Gumercindo Saraiva, imigrou para a República Argentina, onde esteve dois anos, só retornando ao Brasil, depois da pacificação.[1]

Constatada a sua fuga, os adversários Pica-paus – dilapidaram seu respeitável patrimônio, roubando tudo quanto puderam carregar. Foram à sua residência, onde estava a família e ordenaram a abertura da casa de comércio, depósitos e armazéns e carregaram carroçadas e mais carroçadas, nada deixando, pois a ordem era “tirar até o pão dos filhos do Barão”.

Concomitantemente, com o saque da casa, carregaram duas (2) mil cabeças de gado que povoavam a fazenda do “Valinho”, cortada pelo rio Passo Fundo e anexa à cidade, dali arrancando o arame das cercas e queimando as casas, deixando a fazenda completamente arrasada.

Logo após o saque, era comum ver-se cavalos de seus saqueadores à soga em peças de tecidos roubados.

Se o Barão era um homem completo, sua companheira lhe era igual. Nada lhe faltava, era portadora de todas as virtudes de uma grande dama e dotada de máscula energia, pois assistiu a esse trágico espetáculo sem desfalecimento. Foi uma forte que, com um marido imigrado, a casa comercial saqueada e a fazenda roubada e talada, não perdeu a serenidade, orientando e mantendo galhardamente a família em casa até o fim do trágico e sangrento episódio.

Quando os ladrões iniciaram o saque, como os depósitos eram muito grandes e sortidos, ela, roubando à noite, dos saqueadores, organizou um depósito secreto com provisões, principalmente sal, e açúcar, que deram para manter a família, com muita parcimônia, é verdade, durante o tempo martirizante que durou a revolução.

Exaltando a marcante energia de seu nobre coração que, além de ter forças para suportar os pesados sofrimentos, ainda “semeava o bem sem olhar a quem”.

E a bondade desse grande coração mais uma vez se manifestou, sem rancor, no dia da entrada das forças revolucionárias em Passo Fundo, numa sublime e empolgante demonstração de solidariedade humana, abrigou a ilustre Dama, a todas as pessoas que necessitavam guarida, inclusive a uma Senhora que a pouco dera à luz uma criança e que outra não era senão a esposa chefe dos perseguidores do seu marido.

Antônio José da Silva Loureiro era homem decidido, resoluto, desassombrado. Não se intimidava, nem se deixava vencer. Pacificada a situação reinante, retornou da Argentina, onde continuou trabalhando, trazendo uma manada de quinhentas (500) águas para povoar a fazenda. Até aí se constata o descortino e alcance comercial de nosso avô. Não havendo mercado para gado vacum, ele povoou seus campos com éguas, iniciando a criação de mulas, animais de grande procura nos cafezais de São Paulo.

De Porto Alegre, onde gozava de sólido crédito, trouxe grande sortimento para a casa comercial, que entrou novamente em atividades. Foi como a FENIX da lenda: “Ressurgiu das próprias cinzas”.

Dirigiu seu estabelecimento até o seu esgotamento pela idade quando o passou para seu último filho Adão, extinguindo-se com o falecimento prematuro deste. Digno também de registro na Abolição da Escravatura.

No decorrer do ano de 1919, já velho e cansado, ficou doente.

Chamado o médico, este, após examiná-lo, disse: “Não há doença, é natureza gasta. Nada tenho a fazer...”, e em vinte e cindo (25) de novembro de mil novecentos e dezenove (1919), contendo oitenta e quatro (84) anos de idade, como um justo essa criatura excelsa, conformado, entregou a alma a Deus, ele que foi um bravo, que lutou espetacularmente contra as procelas da vida, conquistando vasto patrimônio, constituindo grande e numerosa família, e legando para a sua descendência um respeitável nome que muito nos honramos em assinar.

Não foi só durante a revolução que o velho Barão sofreu em seus bens. Terminado o conflito, continuaram a perseguí-lo os senhores detentores do poder, como é o caso das propriedades de Não-Me-Toque e Taquaral. A primeira, hoje município, lhe foi esbulhada sob a alegação de que fora mal-selada o instrumento de compra, e a segunda, não havendo furo para poderem tomá-la, intrujaram-na toda.

Antes de encerrar estes apontamentos, impõe-se um esclarecimento.

Deve causar estranheza a quem ler os “ANAIS” de Passo Fundo e nele não encontrar nenhuma referência a ANTONIO JOSÉ DA SILVA LOUREIRO, sua atuação e influência na vida deste, hoje, fenomenal e bendita terra.

Eis o motivo: quando foi escrito os “ANAIS” ainda imperava no Rio Grande do Sul o coronelismo. Cada município ou região do Estado era uma espécie de Feudo entregue a um cacique, cognominado “coronel”, chefe unipessoal do Partido Republicano, que diga-se de passagem, desgraçou este continente de São Pedro desde a Proclamação da República até o seu desaparecimento, aliás já bem tarde.

Esses coronéis, Senhores de baraço e cutelo dos bens e das vidas dos moradores da região onde imperavam, perseguidores ferozes daqueles, que como meu avô, tinham a coragem de pertencer ao partido Federalista – OS INTIMORATOS MARAGATOS.

Passo Fundo não podia fugir à regra, tinha o seu coronel e sua indefectível camarilha, cujos figurantes tudo fazia para agradar ao seu chefe poderoso, prestando-se, despersonalizados como não podiam deixar de ser, para quaisquer serviços.

Dentre os integrantes da pandilha imperante, contava-se o “HISTORIADOR DOS ANAIS”, autodidata, culto, inteligente e honesto, mas sobretudo de um servilismo rastejante a seu chefe, Coronel da macega, Rábula, semi-analfabeto, solteiro e mentiroso. Ora, sendo nosso avô, com muita honra Maragato Militante, não podia o historiador falar nele porque, se o fizesse, seria para exaltá-lo, o que desagradaria sobremaneira o seu amo.

Posteriormente, depois da morte do tal coronel, o historiador confessou que tinha recebido insinuações suas para não mencionar o Barão em seu relato. Ainda um por menor que ia me passando: o coronel chamava-se Gervásio Lucas Annes e o historiador Francisco Antonino Xavier e Oliveira.

Que Deus ou o diabo os tenha numa guampa de urina para não se deteriorarem.

FELIPINA SCHELL e sua descendência

(Texto extraído do Livro Joham Adam Schell e sua descendência de Marina Xavier e Oliveira Annes)

               Felipina Schell nasceu a 3/4/1846, batizada a 10/10/1849 em Passo Fundo.

Filhos:

1-            Felipe Schell Loureiro, fazendeiro no Estado do Paraná, nasceu a 25-12-1865. Batizado a 22-8-1866. Foram padrinhos Adam Schell e D. Anna Christina Schell, casou com D. Aurora Marcondes, filha de Brasileiro Marcondes Pimpão e de D. Ignácia do Amaral Marcondes. Tiveram 12 filhos. D. Aurora Marcondes faleceu a 2-4-1931 em Passo Fundo, aos 49 anos de idade, diagnóstico do Dr. Vergueiro, lesão cardíaca.

    Foto de 1893. O último da esquerda é o “barãozinho” (Felipe Schell Loureiro)

2-            Emilia Schell Loureiro casou aos 16 anos de idade, em, 14-5-1885, com Joaquim Gabriel de Oliveira Lima, de 34 anos, negociante, filho legítimo do Tem. Cel. Francisco de Oliveira Lima e de D. Francisca dos Santos Silva, residentes em Palmas, Província do Paraná, batizado na cidade de Faxina. Foram testemunhas o Cap. João de Vergueiro e Franklin Machado da Silva. Vigo. Thomaz de Souza Ramos. O casal teve 12 filhos. Joaquim Gabriel de Oliveira Lima (Nhô Quim) nasceu a 28-12-1851 e faleceu a 6-6-1920, com 69 anos de idade. Diagnóstico do Dr. Vergueiro, aneurisma da aorta

.

3-              Antonio Schell Loureiro (Pupe), representante comercial, casou a 14-12-1889, aos 19 anos de idade, com D. Alice Magdalena Issler, de 16 anos, filha legítima do Cap. João Issler e de D. Lucia Eugenia Schell Issler. Foram testemunhas Guilherme Morsch e Cap. João Schell, Vigo. Thomaz de Souza Ramos. O casal teve 3 filhas.

Dona Felipina Com os filhos.

Em pé. João (Jango), Mário, Adão, Augusto e Adolfo

Sentados: Felipe, Dona Felipina e Antônio (Pupe)

4-            Adolfo Schell Loureiro, comerciante, casou a 30-12-1903, aos 30 anos de idade, com D. Ernestina Niederauer, de 24 anos, filha legítima de Jacob Niederauer e de D. Rosalina Kruel. Foram testemunhas Arthur Schell Issler e Coriolano Camboim. Padre João Varbisan. O casal teve 3 filhos. D. Ernestina Niederauer Loureiro (Pepita) faleceu em Porto Alegre a 25-7-1963.

5-            Augusto Schell Loureiro, do comércio, casou a 8-6-1898, aos 23 anos de idade, com D. Carlota Bordallo Rico, de 17 anos, filha legítima de Leoncio Amado Rico e de D. Maria da Conceição Bordallo. Foram testemunhas Ramon Rico e Jesuíno Bordallo. Vigº. José Ferreira Guedes. O casal teve 6 filhos. Augusto Schell Loureiro faleceu a 28-10-1917.

6-            Josefina Schell Loureiro (Picucha) casou a 20-3-1897, aos 16 anos de idade, com Arthur Schell Issler de 22 anos, negociante, filho legítimo de João Issler e de D. Lucia Eugenia Schell Issler. Foram testemunhas o Major João Schell e Julio Issler Filho. Arthur Schell Issler, industrialista, foi o primeiro gerente do Banco da Província do R.G.S. em Passo Fundo, cargo no qual aposentou-se, tendo após transferido sua residência para Porto Alegre, onde faleceu a 24-4-1942, aos 67 anos de idade. Tiveram um casal de filhos: Victor Loureiro Issler, deputado federal e D. Aida Issler Horta, esposa do Dr. Rebello Horta.

O Sr. Antônio José da Silva Loureiro (Barão) com suas filhas

1 -  Emilia Loureiro Lima (Mila) –                         (Joaquim Oliveira Lima)

2 -  Leonor Loureiro Xavier –                                               (Juvenal Xavier)

7-            Leonor Schell Loureiro, casou aos 22 anos de idade, a 27-4-1901, com Juvenal de Oliveira Xavier, de 19 anos, filho legítimo de Fortunato Xavier de Castro e de D. Lucia Pureza de Oliveira Castro. Foram testemunhas Cesario Xavier de Castro e Valencio d´Oliveira Xavier. Sem descendência. D. Leonor Loureiro Xavier faleceu a 22-9-1937, com 59 anos de idade. Foi seu médico o Dr. José Carlos Medeiros. Diagnóstico, uremia. Declarante de óbito, Dorival de Oliveira Xavier, Juvenal de Oliveira Xavier nasceu em Lagoa Vermelha, funcionário público. Faleceu aos 56 anos de idade, a 2-1-1939, vítima de colapso cardíaco. Foi seu médico o Dr. Vergueiro.

Reunião de alguns dos netos do BARÃO[2]

Helena Kruel (Bortolon)

Victor Loureiro Issler

Diva Issler Loureiro ( Solteira)

Gil Rico Loureiro

Felipina Niederaur Loureiro (Ortiz)

Alfredo Rico Loureiro

Sentadas:

Cacilda Niederauer Loureiro

(Freira Carmelita em P. Alegre)

Anita Loureiro Kruel (Azeredo)

Carlota Rico Loureiro(Bandeira)

Alvarina Loureiro Kruel (Solteira)

8-            João Schell Loureiro (Jango), do comércio, nasceu a 12-5-1881. Faleceu a 28-5-1913. Era casado com D. Anita Mattioti. Tiveram um filho que faleceu em terna idade.

9-            Anna Christina Schell Loureiro (Nicota) casou a 13-4-1905, aos 22 anos de idade, com Valencio D´Oliveira Xavier, criador, de 23 anos, filho legítimo de Fortunato Xavier de Castro, já falecido, e de D. Lúcia Pureza de Oliveira Castro. Foram testemunhas Juvenal de Oliveira Xavier e João Schell. D. Anna Christina faleceu a 23-8-1968, vitimada por edema agudo do pulmão, insuficiência ventricular e arteriosclerose. Foi seu médico o Dr. Telmo Ilha. O casal teve uma filha.

10-          Aurora Schell Loureiro casou a 21-12-1904, aos 21 anos incompletos, com João Kruel, de 33 anos, negociante, resid. No município de S. Angelo, filho legítimo de João E. Kruel, falecido e de D. Izabel F. Kruel. Foram testemunhas Jacob Luiz Niederauer e Antonio Schell Loureiro. O casal teve 5 filhos. D. Aurora faleceu a 23-8-1953. João Kruell faleceu a 4-3-1958.

11-          Mario Schell Loureiro, odontólogo, casou a 18-4-1920, aos 34 anos de idade, com D. Alany Peixoto, de 26 anos, filha legítima de Luiz Peixoto e de D. Pacífica Tatsch Peixoto. Foram testemunhas D. Emilia e Acyr Lima, Alvaro e D. Amazilia Azambuja. Vigº. Padre Rafael Iop. O casal teve um filho. Mario Schell Loureiro faleceu em Porto Alegre a 21-2-1964.

12-          Adão Schell Loureiro, comerciante, casou a 10-9-1913, aos 25 anos de idade, com D. Stela Ortiz Caminha, de 25 anos, filha legítima de João Gonçalves Caminha, falecido em Santa Maria e de D. Maria Ortiz Caminha, falecida em Passo Fundo. Foram testemunhas Antônio Manoel Caminha e Mário Schell Loureiro faleceu aos 39 anos de idade, a 3-8-1927, de insuficiência cardíaca. Foi seu médico o Dr. Godofredo Loenbergen. Declarou o óbito, Hugo Loureiro Lima. O casal teve uma filha.

Foto de 1900 – No local da primeira parada de trem de Passo Fundo, hoje, entroncamento das Av. Brasil com Sete de Setembro.

1 – Conti, 2 – Antônio Manuel Caminha, 3 – João Issler 4 – Antônio José da Silva Loureiro (Barão), 5 – Osório de Moraes Silveira, 6 – Fernando Goelzer, 7 - Paulinho Costa

OS pais de Dona Felipina: Johan Adam Schell

E

Ana Christina Hein Schell Johann Adam Schell

Johann Adam Schell, mais conhecido por Adão Schell, o tronco ancestral de quatro das mais antigas famílias de Passo Fundo – Schell, Araújo, Loureiro e Morsch – nasceu a 24 de junho de 1809 na aldeia de Bosen, ducado de Oldenburg, principado de Birkenfeld (Alemanha).

Foram seus pais, Nicolaus Philip Schell e Elisabeth Catharina Leonhardt, filha de Johann Peter Leonhardt e de Margaretha Rhein, esta nascida em 1699 em Bosen, onde faleceu a 21 de julho de 1756.

Segundo ficha existente no Instituto Staden de São Paulo, “...... aos 12 anos estava Johann Adam Schell na escola de sua aldeia natal (Dorfschule em Bosen). Depois serviu como aprendiz de carpinteiro (Tischler) durante 3 anos”.

Atraído pelo Brasil, deixou em 1828 sua Pátria, com vistas à então nascente colonização de São Leopoldo.

A saída da Europa deu-se pelo porto belga de Antuerpia. No dia 18 de junho de 1829, conforme nota do Dr. Hillebrand, Adão Schell teria Chegado a São Leopoldo. Era solteiro e contava 20 anos de idade.

Foi sua primeira residência a localidade de Bom Jardim, atualmente Ivoti, a qual faz parte de novo município com o mesmo nome, criado em 1964. Até então Bom Jardim foi o 3º distrito de São Leopoldo, estando situado a 25 Km do mesmo.

A 30 de outubro de 1830 realizou-se em São Leopoldo o casamento de Adão Schell com Anna Christina Hein, de Hildburghausen, Saxonia, filha legítima de Johann Matheus Hein e de Eva Dorothea Rohring. Ambos eram evangélicos.

Inicialmente o novo casal residiu na colônia pertencente ao pai de Anna Christina, situada também em Bom Jardim. Algum tempo depois passou a morar em Rio Pardo, donde veio no ano de 1836 fixar-se em Passo Fundo.

Outra versão porém existe, segundo a qual, daquela colônia o casal teria se transferido para Três Vendas, em Cachoeira do Sul, onde estabelecera uma oficina para o fabrico de carretas. As madeiras para esse mister, segundo a mesma fonte, eram habitualmente compradas por Adão Schell em Passo Fundo, fato que influiria, em sua posterior resolução de mudar-se para esta então aldeia.

Parece, no entanto, que ambas as versões são mais ou menos exatas, visto o nascimento de seu filho João Ter ocorrido em 1833 na vila do Rio Pardo, ao passo que Guilherme, seu outro filho, veio a nascer em Cachoeira no ano de 1835.

Época desfavorável marcou a chegada de Adão Schell em Passo Fundo, pelo fato do Rio Grande estar em guerra civil. Este o motivo que o impossibilitou de manter a pequena casa de negócio que abrira. Face a esta situação e também por ser legalista, “emigrou em 1838 ou 1839 para Montevidéu, com três filhos e uma filha mais velha” – no caso, Maria, nascida a 16 de novembro de 1831, um ano após o casamento de Adão Schell e na época com idade de 7 anos mais ou menos.

Os três filhos, Jorge, João e Guilherme teriam então respectivamente 6, 5 e 3 anos de idade. A pequena Emilia, nascida a 5 de janeiro de 1838, em Passo Fundo, foi batizada em Montevidéu.

O exílio de Adão Schell teria durado, talvez, apenas uns dois anos, visto o nascimento de sua filha Maria Luiza registrar-se a 16 de novembro de 1840 em Passo Fundo.

Em Terra dos Pinheirais, Francisco  Antonino Xavier e Oliveira, referindo-se ao regresso de Adão Schell, diz: “ .... nem chegada a meio a guerra que o afastara, já de regresso aparecia aqui, reabrindo o seu estabelecimento e desta vez para uma longa vida, pois que ininterruptamente o manteve por muitos anos, sendo que nos últimos tempos desse largo período de atividade comercial, teve como sócio, no mesmo a seu genro e antigo empregado Antonio José da Silva Loureiro.

Esse estabelecimento, onde residia com sua família, situava-se na rua do comércio, atual Avenida Brasil, esquina da rua Teixeira Soares. Posteriormente, construiu, Adão Schell, no mesmo local, um grande prédio para seu negócio e moradia, ainda existente mas já reformado, o qual tem os números 843 e 845 na frente para a Avenida Brasil e 855 em sua face para a rua Teixeira Soares.

Com sua esposa Anna Christina, foi o primeiro casal estrangeiro a povoar Passo Fundo.

Já no fim de sua existência, fundou Adão Schell a loja Maçônica Concórdia III, nesta cidade, tendo sido seu primeiro Venerável.

No Cemitério Protestante, que também se originou de iniciativa sua, foi sepultado após seu falecimento ocorrido a 28 de agosto de 1878. Situava-se esse cemitério na saída para Nonoai, defronte ao atual quartel do 3º/1º Reg. De Cavalaria Motorizada, na rua Teixeira Soares. Com a inauguração do cemitério municipal da vila Vera Cruz e conseqüente demolição da necrópole protestante, seus restos mortais foram transferidos para o novo cemitério.

Eis o que escreveu F. Antonio Xavier e Oliveira, em sua obra “Anais do município de Passo Fundo”, sobre o falecimento de Adão Schell:

     “24/08/1878. Falece o venerado ancião Adão Schell, natural da Alemanha e um dos mais antigos moradores da vila, onde, por muitos anos tivera importante casa de comércio.

Chefe de uma das mais numerosas e distintas famílias da localidade, e primando por um caráter ilibado e uma educação severíssima, a sua influência moral foi enorme na evolução social de Passo Fundo, e será sempre recordada como um título de justa benemerência à sua memória”.

Anna Christina Hein

Anna Christina Hein, a esposa de Johann Adam Schell, nasceu a 21 de agosto de 1815 em Hildburhausen, no reino de Saxe, Alemanha. Faleceu a 4 de agosto de 1882 em Passo Fundo.

Seu pai, João Matheus Hein, protestante, carpinteiro (Zimmermamm), teria nascido mais ou menos em 1781 na Saxonia. Faleceu no Brasil, com cerca de 45 anos de idade. Com a primeira esposa Eva Dorothea Rohring, falecida na Alemanha, teve os seguintes filhos:

1 – João Jorge Hein, nascido aproximadamente em 1814. Teria 12 anos de idade em 1827, quando a família Hein chegou a São Leopoldo. Mais tarde casou com Catharina Fritz, com quem teve os seguintes filhos:

       1.1 – Josefina Hein

       1.2 – Emilia Hein

       1.3 – Leopoldina Hein

       1.4 – João Hein

       1.5 – Maria Elisa Hein, nascida a 6-8-1843. Esta seria, mais tarde, a esposa de

        seu primo major João Schell.

       1.6 – Frederico Hein nasceu a 8-10-1849. Batizado em Passo Fundo a 30-6-1850.

       Foram seus padrinhos Francisco Helmann e Anna Helmann

2 – João Christiano Hein

3 – Anna Christina Hein. Esta seria, anos depois, a esposa de Johann Adam Schell.

Do segundo casamento de Johann Matheus Hein, com Carolina Hein (Esta com 30 anos de idade em 1826), houve mais uma filha.

Pesquisa efetuadas pelo Dr. Jorge Schell Felizardo

Referências

  1. Ilustrado com: Foto de 1891 –  Fazenda do Valinho   –   Parada Federalista do Valinho
  2. Foto: Reunião de alguns dos netos do BARÃO