Meditações breves

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Titulo
Capa
Descrição da obra
Autor Agostinho Both
Título Meditações breves
Assunto Romance
Formato E-book (formato PDF)
Editora Projeto Passo Fundo
Data da publicação 2013
Número de páginas 246
ISBN 978-85-64997-77-6

]] Meditações breves De fato, o que dá pra rir dá pra chorar. Pensava contente, muito contente, quase rindo com meu zíper: Barcelona é uma cidade de loucos. E a alegria está por toda parte. Vai da Sagrada Família ao time do Barça, sem esquecer de Dali, Miró, Picasso e dos loucos que se vestem nas Ramblas. Pensava mais... é gente linda e aberta pra todos lados. Mas não tem jeito... o ser humano tem lá suas complexidades, ambivalências, paradoxos e tudo mais que encanta e desencanta. Andando nas ruas da louca cidade, encontrei um catalão que dava graças a Deus por ter casado com uma brasileira. Disse-lhe que eu não conhecia as mulheres catalãs e que, possivelmente, fossem tão interessantes quanto as brasileiras. Falou sério: usted habla eso porque não conoce las españolas e lo digo: não perdió nada por no las conocer. Fiquei abismado, achando que os lugares

têm muita força em deixar as pessoas melhores.

Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2013

Apresentação

do Primeiro Capítulo, pelo Autor

Da ternura: pra além da dor

Começo minhas meditações com um grupo de jovens. Ao terem lido o livro Sonhos pedagógicos da professora Antônia, comentavam, com certa crítica, que o texto fora duro por mostrar tantas mortes, mas, por outro lado, fazia pensar sobre os caminhos de suas vidas. Teriam mais cuidado de si.

Não me pejo, então, de começar com as dores da vida para ver se consigo tirar mais proveito de tudo que tenho, a começar pelo próprio nome, tendo-o com tal dedicação como se dele dependesse a salvação do mundo. E de fato assim é, uma vez que ninguém me garante que outro haverá ou como será, além daquele que está ao alcance de minha presença.

Dia 29/04/08

Enquanto vigiava sobre a doença de Orlene, a mais doce sobrinha, foi me dada a sorte de visitar o padre Jovino peleando com seu sofrimento. Homem de fé e de uma palavra simples, ilustrada. Tinha um verbo exímio, parecendo efetivar, por ele, o melhor de sua alma. Agora, aí estava ele pedindo um pedacinho de pão consagrado. Em sua fé, uma certeza inarredável. Convivi com ele durante todo o ano de 1964, auscultando, agora, mais uma vez, a firmeza de sua crença.

Ao me despedir em seu leito 503 do São Vicente, disse-lhe que havia em mim um grande reconhecimento por ter convivido e aprendido a cuidar das palavras como se fossem animais de estimação. Ele como um sopro, disse: no início foi a Palavra. Seus olhos diziam que Ela continuaria após sua morte. Meu pensamento duvidoso falou: com que boca vamos falar é que não sei. Jovino sabia mais que eu, e quem não sabe fica quieto. Calado, tomei o elevador. Ia participar com os agentes de idosos do DATI de uma reunião e ver sobre a II Conferência de Idosos de Passo Fundo e, no caminho, vinham as lembranças jovinas de 64.

- Pois é, Agostinho, havia uma mulher linda em Quarai, uma tentação. Ela se apaixonou por mim. E foi tanta a paixão dela, fazendo com que me afastasse da paróquia.

Pensei: de quanta fé e decisão o avassalavam? Bem que naquela mulher palavras tão bem postas, e, nelas, cuidado e afeição, faziam emergir fantasias de tê-lo por íntimo companheiro.

Quarenta e quatro anos se passaram, e eu aí com a imagem retida. Lembranças de paixões resistidas e agora, como nunca, pedindo que tivesse o poder da palavra absoluta. Terminada a oração e a comunhão, a irmã, que levara o pão consagrado, pediu para beijá-lo. Riu Jovino com certo humor... não estaria Jovino pensando... agora pode beijar... a carne em mim está envelhecida e envelecida. A Palavra já toma conta de mim.

Buenas, sigamos...

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