Terra dos Pinheiraes

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Terra dos Pinheiraes
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Descrição da obra
Autor Francisco Antonino Xavier e Oliveira
Título Terra dos Pinheiraes
Assunto História
Formato Digitalizado (formato PDF)
Editora Livraria Nacional
Publicação 1927
Páginas 58
ISBN N I
Impresso Formato 21 cm
Editora Livraria Nacional
Publicação 1927

Terra dos Pinheiraes Si quizermos revêr uma dessas lembranças materiaes que costuma­mos guardar como vestigios ou, an­tes, como cinzas de gratas emoções que no passado andaram por este orgam que vive a bater em nosso peito, e nelle se extinguiram dei­xando-o para sempre embebido no seu perfume suavissimo, que é a saudade — sentimento cuja nature­za celéste a palavra humana até ho­je foi mesquinha para definir sequer de modo approximado, — mister se torna que busquemos o compartimento da nossa casa, em que a mesma lembrança esteja, e, ahi, a retiremos do escrinio em que foi posta para que mãos indiscretas lhe não tocassem ferindo a santidade do nosso Culto.

Apresentação

ORAÇÃO FILIAL, pelo Autor

A Passo Fundo

Terra de meu berço!

Eu te amo na simplicidade dos teus dias primitivos, porque foi ahi que a tua gente, campeando na vastidão das estancias solitarias, ou mourejaudo nos cerrados hervaes, em lucta corn o selvicola traiçoeiro e feroz, adquiriu ou desenvolveu as nobres qualidades que deveriam exalçal-a depois, através os feitos impereciveis dos seus grandes expoentes, legando ao futuro esse patrimônio robusto que é a tua historia.

Eras então o deserto, pairava o mysterio nas sornbras espessas das tuas florestas colossaes ; féras ululavam nas tuas solidões pondo em guarda o homem, emquanto lá fóra o gado, disperso, corria para o alto, das coxilhas formando nucleos de resistencia, em torno aos quaes os touros da velha raça, na sua bravura imponente e heroica, rugindo e escarvando o chão com as patas, afiavam as pontas para o combate imminente ; em compensação, porém, na suavidade ineffavel do teu ar saturado de aromas agrestes; na poesia infinita do teu panorama cheio de luz, e na orchestração vibrante, profunda e harmoniosa dos teus passaros, das tuas selvas e dos teus rios, havia esse effluvio doce, essa actuação vaga mas penetrante, que só a Natureza ainda não contagiada pelo vicio, que mareia o fulgor do progresso, póde offerecer ao coração humano.

Foi ahi, na suggestâo poderosa desse ambiente povoado de mysticismo, que surgiram tuas lendas, hoje quasi apagadas, e desabrochou, repassada de belleza, a alma lyrica daquelles trovadores maviosos que á noite, ao som da viola, nos serões junto ao fogo em que circulava o matte, cantavam seus amores, celebravam suas façanhas ou fortaleciam a fé patriótica do teu povo, evocando os heroes e as luctas da Patria.

Justa é, pois, a minha veneração pelo teu passado — relicario sacratissimo que encerra a origem do teu presente e a esperança do teu futuro.

Bemdicta sejas, minha terra amada; bemdita para sempre e sempre!

Possa a luz fulgurante de um progresso immenso e verdadeiro, lavado de corrupção e aureolado pelo phanal celeste do Amor universal, guiar-te ao destino esplendoroso que te espera!

Passo Fundo 14 – X – 1922

Índice

  • ORAÇÃO FILIAL 3
  • 01 PASSO FUNDO ANTIGO 4
  • 02 Arvores históricas 11
  • 03 Bernardo Paes de Proença 13
  • 04 Alexandre da Motta 14
  • 05 Um recurso do Cabo Neves 15
  • 06 Subordinação da terra no passado 16
  • 07 Aritmética errada 19
  • 08 Adão Schell 20
  • 09 José Domingues Nunes de Oliveira 22
  • 10 O povoamento de Passo Fundo SEUS ANTECEDENTES HISTORICOS 23
  • 11 O povoamento de Passo Fundo O COMEÇO DO POVOAMENTO 24
  • 12 O povoamento de Passo Fundo OS PRIMEIROS MORADORES 24
  • 13 À margem das MEMORIAS DE JOSÉ GARIBALDI 26
  • 14 Memórias de um Umbu 28
  • 15 Fotos de pessoas ilustres 31
  • Nota Final

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Referências