Difference between revisions of "Uma saga"
(Novo livro) |
(Correção palavras) |
||
Line 15: | Line 15: | ||
|- | |- | ||
|Assunto | |Assunto | ||
|Alemães | |Alemães – Migração – Rio Grande do sul. | ||
|- | |- | ||
|Formato | |Formato | ||
Line 21: | Line 21: | ||
|- | |- | ||
|Editora | |Editora | ||
|Projeto | |Projeto Passo Fundo | ||
|- | |- | ||
|Data da | |Data da publicação | ||
|2013 | |2013 | ||
|- | |- | ||
|Número | |Número de páginas | ||
|72 | |72 | ||
|- | |- | ||
Line 33: | Line 33: | ||
|} | |} | ||
]] | ]] | ||
'''Uma saga: os alemães russos''' o | '''Uma saga: os alemães russos''' - Acabei com o mistério de minha infância. Sei perfeitamente de onde vinham e como vieram. Sei das madrugadas. Despertos iam ao trabalho, abrindo os caminhos para outros passarem, ou tirarem de seu suor o suficiente para sua gente. Tiveram a coragem de chegar entre espantos, pois vinham carregados da violência e saudades de outros lugares. O certo é que nada, porém, afastava-os da esperança, tendo apenas em Deus o último socorro. O sofrimento social não lhes era estranho, até a morte não os assustava uma vez que andavam certos em sua fé. | ||
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2013 | |||
== Apresentação == | == Apresentação == | ||
Não sei ao certo de todos os motivos que levaram a querer me aproximar dos alemães russos que passavam, quando criança, frente á minha casa e eu imaginando que vinham de muito longe e, mal sabia, estavam logo ali. Maravilhosa é a cabeça infantil que faz de tudo uma grande poesia. Misturam-se os fatos à fantasia e daí a realidade torna-se fantástica, mas carente de clareza. Agora, então, quero me redimir de minha ignorância e, fugindo da fantasia, ver de perto e abraçá-los, mostrando minha crença de que a solidariedade pode ser maior. | ''do Primeiro Capítulo, pelo Autor'' | ||
Primeira Conversa | |||
Não sei ao certo de todos os motivos que levaram a querer me aproximar dos alemães russos que passavam, quando criança, frente á minha casa e eu imaginando que vinham de muito longe e, mal sabia, estavam logo ali. Maravilhosa é a cabeça infantil que faz de tudo uma grande poesia. Misturam-se os fatos à fantasia e daí a realidade torna-se fantástica, mas carente de clareza. Agora, então, quero me redimir de minha ignorância e, fugindo da fantasia, ver de perto e abraçá-los, mostrando minha crença de que a solidariedade pode ser maior. Se estivéssemos crentes da nossa fragilidade nossas aldeias estariam melhor servidas. Se tivéssemos maior socorro uns nos outros, do que inseridos em crenças particulares, então, acredito, seríamos melhores do que somos. Tentarei, assim, tornar-me melhor e fazer que outros possam se tornar melhores conhecendo quem são esses alemães russos que vieram entre lágrimas e esperança, tendo sua sorte resolvida aí junto ao rio Boa Vista e outros pequenos córregos. Me agrada Platão quando diz: Como é verdadeiro o ditado comum, de que aquilo que aprendemos quando meninos, o recordamos de maneira maravilhosa! Não tenho a pretensão de somente recordar, por que ainda é pouca a memória dos alemães russos. Quero me aproximar das lembranças e conhecer melhor, rendendo homenagem àqueles que vieram perplexos de uma região da Rússia, hoje Ucrânia. | |||
da | O interesse de voltar-me às recordações de minha infância consiste também na possibilidade de dizer do legado alemão-russo. Os descendentes, não importa a idade, ao saberem de sua história e das travessias de tempos e dos espaços para estarem onde estão, e do jeito que estão, podem ter um natural orgulho de sua identidade. A narrativa de quem quer que seja não é resolvida somente em ter na consciência sua breve existência, mas na longitude dada pelos que antecederam. Gestos, palavras, sentimentos, percepções não deixam de existir, mas, quando narrados, inscrevem-se sutilmente através das gerações e da gente já falecida. Assim, os jovens, ao saberem do movimento de avós, além de terem adquirido os movimentos do espírito, podem ter a alegria de saber de onde vieram e de que estofo humano são constituídos. | ||
== Conteúdos relacionados == | == Conteúdos relacionados == |
Revision as of 00:05, 27 August 2021
Uma saga: os alemães russos - Acabei com o mistério de minha infância. Sei perfeitamente de onde vinham e como vieram. Sei das madrugadas. Despertos iam ao trabalho, abrindo os caminhos para outros passarem, ou tirarem de seu suor o suficiente para sua gente. Tiveram a coragem de chegar entre espantos, pois vinham carregados da violência e saudades de outros lugares. O certo é que nada, porém, afastava-os da esperança, tendo apenas em Deus o último socorro. O sofrimento social não lhes era estranho, até a morte não os assustava uma vez que andavam certos em sua fé.
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2013
Apresentação
do Primeiro Capítulo, pelo Autor
Primeira Conversa
Não sei ao certo de todos os motivos que levaram a querer me aproximar dos alemães russos que passavam, quando criança, frente á minha casa e eu imaginando que vinham de muito longe e, mal sabia, estavam logo ali. Maravilhosa é a cabeça infantil que faz de tudo uma grande poesia. Misturam-se os fatos à fantasia e daí a realidade torna-se fantástica, mas carente de clareza. Agora, então, quero me redimir de minha ignorância e, fugindo da fantasia, ver de perto e abraçá-los, mostrando minha crença de que a solidariedade pode ser maior. Se estivéssemos crentes da nossa fragilidade nossas aldeias estariam melhor servidas. Se tivéssemos maior socorro uns nos outros, do que inseridos em crenças particulares, então, acredito, seríamos melhores do que somos. Tentarei, assim, tornar-me melhor e fazer que outros possam se tornar melhores conhecendo quem são esses alemães russos que vieram entre lágrimas e esperança, tendo sua sorte resolvida aí junto ao rio Boa Vista e outros pequenos córregos. Me agrada Platão quando diz: Como é verdadeiro o ditado comum, de que aquilo que aprendemos quando meninos, o recordamos de maneira maravilhosa! Não tenho a pretensão de somente recordar, por que ainda é pouca a memória dos alemães russos. Quero me aproximar das lembranças e conhecer melhor, rendendo homenagem àqueles que vieram perplexos de uma região da Rússia, hoje Ucrânia.
O interesse de voltar-me às recordações de minha infância consiste também na possibilidade de dizer do legado alemão-russo. Os descendentes, não importa a idade, ao saberem de sua história e das travessias de tempos e dos espaços para estarem onde estão, e do jeito que estão, podem ter um natural orgulho de sua identidade. A narrativa de quem quer que seja não é resolvida somente em ter na consciência sua breve existência, mas na longitude dada pelos que antecederam. Gestos, palavras, sentimentos, percepções não deixam de existir, mas, quando narrados, inscrevem-se sutilmente através das gerações e da gente já falecida. Assim, os jovens, ao saberem do movimento de avós, além de terem adquirido os movimentos do espírito, podem ter a alegria de saber de onde vieram e de que estofo humano são constituídos.
Conteúdos relacionados
A versão e-book foi lançada na III Semana das Letras da Academia Passo-Fundense de Letras ocorrida de 08 de abril de 2014.