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'''Construindo a vida''' uma | '''Construindo a vida''' Construindo a vida, de Welci Nascimento, é muito mais do que um livro: é o testemunho de um humanista. Somente um homem com um sentimento integral da condição humana escreveria o que ele escreveu. Ler esta obra, ainda nos originais, é muito mais do que uma honra; é um benção. Você leitor, tem as suas mãos uma lição de vida, de alma, no sentido etimológico do termo. Obrigado, Confrade Welci Nascimento por esta grande obra. - Paulo Monteiro | ||
== Apresentação == | == Apresentação == | ||
''Primeiro Capítulo, pelo Autor'' | |||
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Eu e a Clair somos naturais de Palmeira das Missões. Nascemos na década de 30 do século passado. Tempo das revoluções e das transformações sociais no Brasil. No entanto, por adoção, somos passofundenses de coração. Há décadas moramos neste chão. | |||
Moramos na rua coronel Mostardeiro, número 213. | |||
Uns dizem que moramos no bairro Nonoai, outros afirmam que é no bairro Operária e a prefeitura diz que moramos no bairro Boqueirão. | |||
O que eu sei, é que moramos, mais ou menos, no lugar onde havia o famoso “mato do barão”, que amedrontava as pessoas que por ali passavam, especialmente, à noite. Diziam que o lugar era mal assombrado e que havia muito dinheiro enterrado. Até um livro já foi publicado, contando a história. | |||
O tempo foi passando e as coisas foram mudando. | |||
O “mato do barão” virou um centro médico moderno. Para este lugar convergem, diariamente, centenas de pessoas da cidade e da região norte do Rio Grande do Sul, procurando assistência, médica. Comenta-se que logo será instalada uma faculdade de medicina. As áreas de terra valorizaram muito, por aqui. | |||
A nossa casa de alvenaria é pequena. O suficiente para abrigar nós dois e ainda sobra um pouquinho. O terreno também é pequeno. Cabe uma laranjeira, dois limoeiros, alguns arbustos, flores e folhagens cultivadas pela Clair, com muito gosto. | |||
Na primavera tudo são flores. | |||
Certo dia de verão, do ano 2010, chovia. | |||
Não era uma chuva muito forte, mas o suficiente para molhar as roupas que a Clair colocara no varal. Ela, correndo, saiu; para recolher as roupas, que estavam estendidas no fundo do quintal. Ao se aproximar do pé de laranjeira, que fica ha dois metros da nossa casa, a Clair avistou um ninho de pássaro. Ele se localizava numa forquilha da laranjeira, um pouco acima da sua cabeça. Ela olhou e viu, que era um ninho de sabiá. Pássaro estimado pelo seu canto e encantado pelos poetas. | |||
Ninho, que doçura de nome! | |||
É a habitação dos pássaros, feito por eles mesmos, para a postura dos ovos e para a criação dos filhotes. | |||
Ninho, berço de folhas e folhagens, habilidade, dedicação... é o que nos lembra a delicada morada, cheia de aconchego, onde as aves abrigam seus filhotes. | |||
O ninho era de um sabiá. | |||
O sabiá se assusta, ao pressentir a aproximação da Clair. Parece que ele estava se preparando para voar. | |||
Seria seu primeiro voo? | |||
Talvez. | |||
A aproximação da Clair assusta o pássaro e, este, por sua vez, também assusta a minha esposa. O pássaro, pequenino, acaba caindo do ninho, mas é amparado pelas mãos delicadas de uma mulher. | |||
Eu estava por ali e procurei colocar o pássaro numa gaiola velha que estava perto da nossa casa, sem uso. A gaiola não é o lugar preferido dos pássaros. No outro dia, bem cedo, abri a gaiola e lá se foi o sabiá. | |||
Um sabiá, certamente fêmea, rondava o filhote no beiral da casa do nosso vizinho, próximo da laranjeira. Os filhotes de sabiá ao abrir os olhos, mexem-se, agitam-se, aproximam-se das bordas do ninho e voam, voam... | |||
Ao voar, quantos inimigos terá o sabiá, pelo mundo a fora? No aconchego do ninho, não há o que recear. O difícil é sair, por aí. É preciso que a mãe o ensine a voar. A mãe parece dizer: | |||
- Venha, não tenhas medo!... | |||
- Não custa nada andar!... | |||
Para o pequeno filhote, exige-se um ato de coragem. | |||
O sabiá, lá de casa, saiu e foi voando, voando... Só ficou o ninho. | |||
Quem já não observou a construção de um ninho? | |||
O pássaro, pouco a pouco, agita-se para esse fim amoroso. | |||
Escolhido o sítio, ele voa e revoa. Ei-lo que vai, ei-lo que volta, trazendo no bico uma terrinha, um raminho de musgo, um fio de linha, uma florzinha... Entra, sorrateiramente, nas capoeiras, nos caponetes dos galhos, nas capoeiras e aproveita as pedras caídas, dão-lhe a devida forma e reveste-o, por fim, de uma almofada fofa, onde os pequenos hão de nascer. Se melhor material não encontra, arranca do próprio peito a penugem mais leve. O aconchego do ninho, tão bem preparado, aguarda o nascimento do filhote. | |||
== Índice == | == Índice == |
Latest revision as of 14:40, 19 January 2022
Construindo a vida | |
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Descrição da obra | |
Autor | Welci Nascimento |
Título | Construindo a vida |
Assunto | História |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2015 |
Páginas | 234 |
ISBN | 978-85-8326-123-0 |
Impresso | Formato 15 x 21 cm |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Publicação | 2015 |
]] Construindo a vida Construindo a vida, de Welci Nascimento, é muito mais do que um livro: é o testemunho de um humanista. Somente um homem com um sentimento integral da condição humana escreveria o que ele escreveu. Ler esta obra, ainda nos originais, é muito mais do que uma honra; é um benção. Você leitor, tem as suas mãos uma lição de vida, de alma, no sentido etimológico do termo. Obrigado, Confrade Welci Nascimento por esta grande obra. - Paulo Monteiro
Apresentação
Primeiro Capítulo, pelo Autor
1.
Eu e a Clair somos naturais de Palmeira das Missões. Nascemos na década de 30 do século passado. Tempo das revoluções e das transformações sociais no Brasil. No entanto, por adoção, somos passofundenses de coração. Há décadas moramos neste chão.
Moramos na rua coronel Mostardeiro, número 213.
Uns dizem que moramos no bairro Nonoai, outros afirmam que é no bairro Operária e a prefeitura diz que moramos no bairro Boqueirão.
O que eu sei, é que moramos, mais ou menos, no lugar onde havia o famoso “mato do barão”, que amedrontava as pessoas que por ali passavam, especialmente, à noite. Diziam que o lugar era mal assombrado e que havia muito dinheiro enterrado. Até um livro já foi publicado, contando a história.
O tempo foi passando e as coisas foram mudando.
O “mato do barão” virou um centro médico moderno. Para este lugar convergem, diariamente, centenas de pessoas da cidade e da região norte do Rio Grande do Sul, procurando assistência, médica. Comenta-se que logo será instalada uma faculdade de medicina. As áreas de terra valorizaram muito, por aqui.
A nossa casa de alvenaria é pequena. O suficiente para abrigar nós dois e ainda sobra um pouquinho. O terreno também é pequeno. Cabe uma laranjeira, dois limoeiros, alguns arbustos, flores e folhagens cultivadas pela Clair, com muito gosto.
Na primavera tudo são flores.
Certo dia de verão, do ano 2010, chovia.
Não era uma chuva muito forte, mas o suficiente para molhar as roupas que a Clair colocara no varal. Ela, correndo, saiu; para recolher as roupas, que estavam estendidas no fundo do quintal. Ao se aproximar do pé de laranjeira, que fica ha dois metros da nossa casa, a Clair avistou um ninho de pássaro. Ele se localizava numa forquilha da laranjeira, um pouco acima da sua cabeça. Ela olhou e viu, que era um ninho de sabiá. Pássaro estimado pelo seu canto e encantado pelos poetas.
Ninho, que doçura de nome!
É a habitação dos pássaros, feito por eles mesmos, para a postura dos ovos e para a criação dos filhotes.
Ninho, berço de folhas e folhagens, habilidade, dedicação... é o que nos lembra a delicada morada, cheia de aconchego, onde as aves abrigam seus filhotes.
O ninho era de um sabiá.
O sabiá se assusta, ao pressentir a aproximação da Clair. Parece que ele estava se preparando para voar.
Seria seu primeiro voo?
Talvez.
A aproximação da Clair assusta o pássaro e, este, por sua vez, também assusta a minha esposa. O pássaro, pequenino, acaba caindo do ninho, mas é amparado pelas mãos delicadas de uma mulher.
Eu estava por ali e procurei colocar o pássaro numa gaiola velha que estava perto da nossa casa, sem uso. A gaiola não é o lugar preferido dos pássaros. No outro dia, bem cedo, abri a gaiola e lá se foi o sabiá.
Um sabiá, certamente fêmea, rondava o filhote no beiral da casa do nosso vizinho, próximo da laranjeira. Os filhotes de sabiá ao abrir os olhos, mexem-se, agitam-se, aproximam-se das bordas do ninho e voam, voam...
Ao voar, quantos inimigos terá o sabiá, pelo mundo a fora? No aconchego do ninho, não há o que recear. O difícil é sair, por aí. É preciso que a mãe o ensine a voar. A mãe parece dizer:
- Venha, não tenhas medo!...
- Não custa nada andar!...
Para o pequeno filhote, exige-se um ato de coragem.
O sabiá, lá de casa, saiu e foi voando, voando... Só ficou o ninho.
Quem já não observou a construção de um ninho?
O pássaro, pouco a pouco, agita-se para esse fim amoroso.
Escolhido o sítio, ele voa e revoa. Ei-lo que vai, ei-lo que volta, trazendo no bico uma terrinha, um raminho de musgo, um fio de linha, uma florzinha... Entra, sorrateiramente, nas capoeiras, nos caponetes dos galhos, nas capoeiras e aproveita as pedras caídas, dão-lhe a devida forma e reveste-o, por fim, de uma almofada fofa, onde os pequenos hão de nascer. Se melhor material não encontra, arranca do próprio peito a penugem mais leve. O aconchego do ninho, tão bem preparado, aguarda o nascimento do filhote.
Índice
O livro divide-se em 28 Capítulos. Identificados por números romanos. O assunto segue uma linha de lembranças... vão desfilando fatos, acontecimentos, lembranças de como foi o cotidiano.
Conteúdos relacionados
O livro foi lançada na 29ª Feira do Livro de Passo Fundo de 5 de novembro de 2015.