Difference between revisions of "Casa em chamas"
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! colspan="2" style="text-align:center;" |Titulo | |||
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| colspan="2" |Capa | |||
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| colspan="2" style="text-align:center;"|'''Descrição da obra''' | |||
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|Autor | |||
|[[Agostinho Both]] | |||
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|Título | |||
|Casa em chamas | |||
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|Assunto | |||
|Romance | |||
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|Formato | |||
|E-book (formato PDF) | |||
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|Editora | |||
|Projeto Passo Fundo | |||
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|Data da publicação | |||
|2019 | |||
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|Número de páginas | |||
|120 | |||
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|ISBN | |||
|978-85-8326-386-9 | |||
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|Formato | |||
|Papel 15 x 21 cm | |||
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|Data da publicação | |||
|2019 | |||
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|Número de páginas | |||
|116 | |||
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|ISBN | |||
|978-85-8326-385-2 | |||
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'''Casa em chamas''' - Foram dias de tempestade para Teófilo. A natureza falava alto, a força divina pouco invocada, o desejo uma torrente e a vontade, dúbia. Foi ter com o pastor para ver como diminuir a tentação que se alastrava pelo corpo e alma. Não havia água suficiente para apagar a sede. | |||
–– Estou como Davi, pastor Norberto. Tenho tanto medo de desgostar Manoela. Se Davi viu a mulher de Urias nua, estou tentado, mesmo vendo a Simone toda vestida. | |||
–– É loucura ver o que viu e fez Davi. Nestes casos não há outra solução. É matar a pau esse diabo que te devora. Manda embora essa mulher, já que não controla o corpo e a tua arma; quer dizer, a alma. | |||
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2019. | |||
== Apresentação == | |||
''do Primeiro Capítulo, pelo Autor'' | |||
A CASA DE VERA CRUZ | |||
Aqueles foram dias perversos para a senhora Vera Cruz. O marido, falecido há duas décadas, deixara uma herança maldita. A pobre mulher teve em seu desfavor o pagamento de trezentos mil reais em dívidas para o senhor inglês, George Canning. A viúva sentiu a independência financeira chegar ao fim. Os agregados e vizinhos não tiveram respeito para com ela, dizendo–lhe: que se avenha! Mostravam filhos e netos, explicando o quanto para eles era difícil o sustento. Cada um dos devedores buscou ludibriar da melhor manei- ra a velha senhora. | |||
O marido João, fugido de Portugal, até que se dera bem na exploração das riquezas nativas. Sofria de uma mania: não levar a sério as contas. Farreava tanto quanto os filhos. Resultou aquela estúpida dívida. Pra maior desespero de Vera, descobriu que, além da dívida para com George, havia dívidas com o fisco. Para aliviar–se fez amizade com um político da capital, facilitando-lhe o pagamento ao tesouro nacional. O homem da vida pública pediu dez por cento do valor devido: a senhora sabe como é difícil a vida de um político, explicava–se. Assim conseguiu o livramento dos impostos. | |||
George, bem como todos ingleses da história brasileira, não poupou a velha senhora, jactava-se ser descendente de George VI, Rei do Reino Unido da Grã–Bretanha e Irlanda, Rei de Hanôver e Duque de Brunsvique. Não costumava tergiversar com dinheiro. Pontificava: ''I want my Money!'' | |||
Dos restantes débitos, ela que a pau, corda e justiça, conseguiu amealhar cento e cinquenta mil reais dos vizinhos, faltando–lhe outro tanto. | |||
Enquanto se sucediam os dias, Vera se quebrava a ver o quanto mais poderia amealhar. Veio, então, outro político em socorro. | |||
–– Dona Vera, tenho uma proposta para saldar o que deve. | |||
–– Vem de lá que respondo daqui. Andava sestrosa, pois a política andava muito corrompida. Não desejava que lhe comprometessem o nome. | |||
–– Pode retirar um empréstimo bancário pra pagar o restante ao senhor Canning. Serei o avalista. Quando vier a cobrança, confie em mim, serei seu fiador. | |||
–– A troco de que tanta bondade? | |||
–– Me dou demais com a diretoria em Brasília. Se a senhora me alcançar dez por certo do empréstimo e uns boizinhos, será a conta. | |||
–– Tão bonitos meus bichinhos, dois anos de pasto, reclamava. Assim, completou–se o pagamento ao George Canning. | |||
Certo dia de sol de acabar com as vistas, ela viu um senhor adentrar–se pelo portão da casa. Veio trazer–lhe a cobrança do em- préstimo bancário com juros módicos. Não teve dúvidas. Solita, dirigiu–se ao político lembrando o prometido. | |||
–– Não é mais possível. Consegui retirar do banco o título de fiador. Estou listo, me custou um bom dinheiro. Tudo se tornou mais difícil. A polícia está cercando certos políticos. Não quero compro- meter a minha honra. Vou conseguir devolver os boizinhos. | |||
–– E eu, como é que fico? | |||
–– Fica com a dívida. Consegui um juro bem baixinho. Ou quem | |||
sabe entrega parte da pastagem. Para que se matar no fim da vida? | |||
Espalhou–se a notícia pelo campo afora: Vera está entregando as terras. | |||
––Avisei, mamãe, que não confiasse nessa gente. Como a senhora sempre diz: pra tudo existe uma solução, falou o Tonico, filho do meio, vagabundo que só ele. Tem o seu filho Demétrio que pode comprar a terra e tudo ficará como dantes, em família. Ele até pro- meteu dar uma beira para mim e para a Andreia. | |||
== Conteúdos relacionados == | |||
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Titulo | |
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Capa | |
Descrição da obra | |
Autor | Agostinho Both |
Título | Casa em chamas |
Assunto | Romance |
Formato | E-book (formato PDF) |
Editora | Projeto Passo Fundo |
Data da publicação | 2019 |
Número de páginas | 120 |
ISBN | 978-85-8326-386-9 |
Formato | Papel 15 x 21 cm |
Data da publicação | 2019 |
Número de páginas | 116 |
ISBN | 978-85-8326-385-2 |
]] Casa em chamas - Foram dias de tempestade para Teófilo. A natureza falava alto, a força divina pouco invocada, o desejo uma torrente e a vontade, dúbia. Foi ter com o pastor para ver como diminuir a tentação que se alastrava pelo corpo e alma. Não havia água suficiente para apagar a sede.
–– Estou como Davi, pastor Norberto. Tenho tanto medo de desgostar Manoela. Se Davi viu a mulher de Urias nua, estou tentado, mesmo vendo a Simone toda vestida.
–– É loucura ver o que viu e fez Davi. Nestes casos não há outra solução. É matar a pau esse diabo que te devora. Manda embora essa mulher, já que não controla o corpo e a tua arma; quer dizer, a alma.
Livro escrito por Agostinho Both, publicado em 2019.
Apresentação
do Primeiro Capítulo, pelo Autor
A CASA DE VERA CRUZ
Aqueles foram dias perversos para a senhora Vera Cruz. O marido, falecido há duas décadas, deixara uma herança maldita. A pobre mulher teve em seu desfavor o pagamento de trezentos mil reais em dívidas para o senhor inglês, George Canning. A viúva sentiu a independência financeira chegar ao fim. Os agregados e vizinhos não tiveram respeito para com ela, dizendo–lhe: que se avenha! Mostravam filhos e netos, explicando o quanto para eles era difícil o sustento. Cada um dos devedores buscou ludibriar da melhor manei- ra a velha senhora.
O marido João, fugido de Portugal, até que se dera bem na exploração das riquezas nativas. Sofria de uma mania: não levar a sério as contas. Farreava tanto quanto os filhos. Resultou aquela estúpida dívida. Pra maior desespero de Vera, descobriu que, além da dívida para com George, havia dívidas com o fisco. Para aliviar–se fez amizade com um político da capital, facilitando-lhe o pagamento ao tesouro nacional. O homem da vida pública pediu dez por cento do valor devido: a senhora sabe como é difícil a vida de um político, explicava–se. Assim conseguiu o livramento dos impostos.
George, bem como todos ingleses da história brasileira, não poupou a velha senhora, jactava-se ser descendente de George VI, Rei do Reino Unido da Grã–Bretanha e Irlanda, Rei de Hanôver e Duque de Brunsvique. Não costumava tergiversar com dinheiro. Pontificava: I want my Money!
Dos restantes débitos, ela que a pau, corda e justiça, conseguiu amealhar cento e cinquenta mil reais dos vizinhos, faltando–lhe outro tanto.
Enquanto se sucediam os dias, Vera se quebrava a ver o quanto mais poderia amealhar. Veio, então, outro político em socorro.
–– Dona Vera, tenho uma proposta para saldar o que deve.
–– Vem de lá que respondo daqui. Andava sestrosa, pois a política andava muito corrompida. Não desejava que lhe comprometessem o nome.
–– Pode retirar um empréstimo bancário pra pagar o restante ao senhor Canning. Serei o avalista. Quando vier a cobrança, confie em mim, serei seu fiador.
–– A troco de que tanta bondade?
–– Me dou demais com a diretoria em Brasília. Se a senhora me alcançar dez por certo do empréstimo e uns boizinhos, será a conta.
–– Tão bonitos meus bichinhos, dois anos de pasto, reclamava. Assim, completou–se o pagamento ao George Canning.
Certo dia de sol de acabar com as vistas, ela viu um senhor adentrar–se pelo portão da casa. Veio trazer–lhe a cobrança do em- préstimo bancário com juros módicos. Não teve dúvidas. Solita, dirigiu–se ao político lembrando o prometido.
–– Não é mais possível. Consegui retirar do banco o título de fiador. Estou listo, me custou um bom dinheiro. Tudo se tornou mais difícil. A polícia está cercando certos políticos. Não quero compro- meter a minha honra. Vou conseguir devolver os boizinhos.
–– E eu, como é que fico?
–– Fica com a dívida. Consegui um juro bem baixinho. Ou quem
sabe entrega parte da pastagem. Para que se matar no fim da vida?
Espalhou–se a notícia pelo campo afora: Vera está entregando as terras.
––Avisei, mamãe, que não confiasse nessa gente. Como a senhora sempre diz: pra tudo existe uma solução, falou o Tonico, filho do meio, vagabundo que só ele. Tem o seu filho Demétrio que pode comprar a terra e tudo ficará como dantes, em família. Ele até pro- meteu dar uma beira para mim e para a Andreia.