Reserva Ecológica Arlindo Haas

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Reserva Ecológica Arlindo Haas

Em 07/08/2007, por Rogério Benvegnú Guedes


Rogério Benvegnú Guedes


A primeira conquista na conservação de um remanescente de floresta com araucárias em nosso perímetro urbano veio através da persistência de um grupo de passo-fundenses preocupados com a proteção da área chamada de “Invernadinha do Matadouro”.

Em 29 de outubro 1976, através da lei 1.714, o executivo municipal representado pelo prefeito Edu Villa de Azambuja estabeleceu comodato de uma área de 26,42 ha em favor da Sociedade Botânica de Passo Fundo, uma organização não governamental científica e ambientalista. O local fazia parte da primeira área industrial do município, oficialmente constituída em 23 de dezembro de 1954, pela lei municipal nº 554.

Em 1980, a Invernadinha passou a se denominar “Reserva Arlindo Haas”, homenagem póstuma a um militante ambientalista passo-fundense tragicamente falecido em acidente de trânsito.

O Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, reconhecida entidade ambientalista de nossa cidade, realizou várias ações em prol da Arlindo Haas entre elas as conhecidas “campanhas do palanque”, que com o auxílio da comunidade conseguiu cercar parcialmente a reserva. A Universidade de Passo Fundo, por meio de convênio desde 25 de agosto de 1999, vem realizando projetos de extensão e pesquisa na Reserva Arlindo Haas.

Outra iniciativa inovadora foi a criação, em 2007, da Reserva Maragato, com área de 41,60 ha. Essa é a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural do Planalto Médio gaúcho, fato este que quebra um paradigma, que é o de somente contar com o poder público na criação e gestão de áreas protegidas. Para alcançar seus objetivos, a reserva conta com a colaboração de entidades e instituições, onde cabe destacar o apoio do 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, que realiza ações de fiscalização e atividades de educação ambiental para o público escolar da região. A organização não governamental Guardiões da Vida acompanha todo o processo de criação e efetivação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Maragato, buscando junto aos diversos setores da sociedade a consolidação dessa importante unidade de conservação.

Diante destes exemplos que devem ser seguidos e incentivados, cabe refletir como se deu o desenvolvimento da nossa sociedade e a transformação da paisagem natural como conseqüência da ocupação do território.

Os relatos feitos pelos jesuítas espanhóis pelos anos de 1636 na então redução de Santa Teresa, localizada em Passo Fundo (conhecida como Santa Teresa de Los Piñales devido a imponente floresta com araucárias e erva-mate), descrevem uma surpreendente diversidade de plantas e arvores nativas, frutíferas e flores silvestres, bem como a riquíssima fauna com dezenas de mamíferos, anfíbios, répteis, aves, peixes, abelhas e outros insetos que aqui existiam. Se fossemos remeter estas descrições para a atualidade, poderíamos até pensar que o relato dos jesuítas se trata da floresta amazônica e não do território passo-fundense. É relevante citar que por volta de 1920 nossa região ainda possuía praticamente metade de seu território coberto com floresta de araucárias e a outra de campos nativos.

Constatamos, então, que é necessária e urgente a ampliação de áreas protegidas em nosso município não só para a conservação da natureza e de sua biodiversidade, mas também para proteger recursos hídricos abundantes em nosso território rico em nascentes, verdadeira benção da mãe natureza para os que aqui vivem.

Nossa sociedade tem pela frente o grande desafio de continuar criando oportunidades de crescimento, priorizando o bem-estar social sem que isto nos conduza à perda da identidade cultural e a extinção do patrimônio natural.

As futuras gerações têm o direito de conhecer e usufruir as riquezas da mãe-terra, experimentar o pinhão e tomar o bom chimarrão, tradição que herdamos de nossos ancestrais.