Pedro-Mole um homem folclórico

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Pedro-Mole um homem folclórico

Em 10/03/2015, por Ari Ferrão


PEDRO- MOLE

UM HOMEM FOLCLÓRICO

Um homem que por suas características próprias, aspectos físicos, atitudes diferenciadas na sua maneira de ser, de se expressar e de viver, se tornou uma pessoa muito conhecida no Bairro Vera Cruz, na cidade de Passo Fundo.

Ele, diariamente, caminhava pela grande Vera Cruz, assim nenhum local era novidade, pois conhecia bem toda aquela região. Inclusive visitava às casas, até de desconhecidos, para pedir um trabalho qualquer, para ganhar um dinheirinho ou por uma troca por algum tipo de alimento.  Era uma pessoa  transparente, confiável, embora suas deficiências estava sempre alegre, vivendo na sua simplicidade, com problemas de coordenação motora, sem estudos, grande parte de sua fala era com palavras ou frases ditas erradamente.  Com todas essas dificuldades, ele conseguia se comunicar com qualquer pessoa e todos acabavam gostando dele.

De uma maneira geral às pessoas sempre falaram, que é preciso vencer uma batalha diária na luta pela sobrevivência, tendo em vista às dificuldades que se apresentam.  Pensando nessa afirmativa, certamente, Pedro-mole descobriu que, das suas deficiências físicas, de todas as suas dificuldades, da sua honestidade, da sua transparência, da sua alegria, é  que emerge a sua grande força, dada pelo Criador, para vencer na luta diária pela sobrevivência.  

Quando encontrava uma pessoa, mesmo sendo desconhecida, ele parava em frente e fazia continência, se apresentava como terceiro sargento do exército. Agindo daquela forma, ele ia conquistando pessoas, que gostavam daquele ser humano, frágil, sofrido, porém com um sorriso no rosto, parecia estar agradecendo o criador pela vida.                              

Naquela época, era só perguntar para qualquer morador daquela região. Você  já ouviu falar dum homem chamado Pedro- mole?  A resposta era  imediata: sim conheço,  inclusive  ele se apresenta fazendo continência, é uma pessoa carismática e engraçada.

Muitos conhecidos, para brincar e fazer com que o Pedro desse longas risadas, pagavam rodadas de cachaça e bebiam juntos, inventando historias e outras brincadeiras para se divertirem, porém sem maldades. Também aguardavam a hora, que ele iria sair para ir embora, para mais risos. Eles saiam caminhando logo atrás, para ver ele tonto, andando, falando alto e cantarolando, de quando em quando, atravessava a rua de um lado para outro, tudo isso se tornava muito divertido.

No local onde, hoje, funciona a Escola Estadual Ernesto Tochetto, na Vera Cruz, existia um pequeno colégio municipal, construído de madeira. Na parte dos fundos, havia um pátio grande, era tudo aberto, ali durante o recreio os alunos jogavam  CAÇADOR,  um esporte que, na época, os jovens gostavam de praticar, e o Pedro, seguidamente, estava lá  assistindo os alunos jogar e quando a bola saia fora da quadra, improvisada, indo  para longe,  lá ia o Pedro correndo buscar a bola, por essa amizade e pela sua forma de ser, todos os alunos o consideravam um bom amigo e adoravam conversar com ele.

Oportunamente o Pedro trabalhava, por um período, numa lenheira rachando paus cortados, fazendo lenha apropriada  para uso em fogão. A cada mil unidades de lenha pronta para o uso, ele recebia o pagamento, esse dinheirinho era importantíssimo para ele conseguir  levar a vida.  

Posteriormente, ele carregava uma Carroça de lenha, encilhava o cavalo para puxá-la e saia para entregar a lenha nas casas que solicitaram.  

Quando ele passava conduzindo a, Carroça a piazada corria ao lado, para vê-lo e gritavam  Pedro-mole, Pedro –mole.., e ele ficava feliz, brincava com a turma, fazendo carretas dando risadas, se sentindo importante por estar com às rédeas na mão, conduzindo o cavalo que puxava a Carroça.  

Naquele tempo no Bairro Vera Cruz, haviam dois times de futebol, o Vera Cruz e o Estrela.  Eles representavam o Bairro, participando do grande campeonato amador da cidade. Seguidamente jogavam entre si, era uma rivalidade muito forte, e isso, motivava o comparecimento de grande público ao campo nos dias de jogos.

O Pedro, era um torcedor assíduo do Estrela, que chamava a atenção com a sua presença em todos os jogos, ele ficava sempre rodeado de pessoas, que gostavam de ficar ao seu lado torcendo  e ao mesmo tempo se divertindo com ele.

Na conhecida praça da Vera Cruz, já havia o antigo Kiosk, pequeno bar, um ponto de encontro de pessoas e, do bom trago de cãnha, o qual está lá de portas abertas até hoje, atendendo pessoas o dia inteiro. Esse local, era frequentado por Pedro, pois ali os conhecidos lhe ofereciam o bom e forte trago. Que, muitas vezes, servia para aquecer o seu corpo sofrido frio, principalmente durante o período de inverno. Inclusive ele ajudou na plantação das primeiras arvores, no momento que iniciou a construção daquela praça.  

Na Hípica, hoje um pujante bairro da grande Vera Cruz, muito populoso, com boas linhas de ônibus, escolas, posto de saúde, super-mercados, ruas asfaltadas, luz, agua encanada, em fim, lá existe o necessário para as pessoas viverem bem.  Porém, naquela época, havia nesse local apenas três casas de moradia, um pavilhão, algumas baias para cavalos e um grande campo aberto com gramas e capins. Por ser um lugar deserto, o CTG Lalau Miranda construiu uma grande hípica, para corrida de cavalos em cancha reta, que movimentou Passo Fundo e a região.

Nos finais de semana ou feriados, quando aconteciam as competições, corridas de cavalos, lá estava o Pedro, andando de um lado para outro, sempre chamando a atenção, bem alegre e rodeado de pessoas.

Também naquele tempo, existia a Sociedade Recreativa Vera Cruz, frequentado pelas famílias que habitavam naquela região, reconhecida e muita respeitada pela sociedade Passo-fundense.    Ao lado, pertencendo a sociedade, havia uma tradicional cancha para o jogo de bochas, muito concorrida, nos finais de semanas, sempre tinha bastante gente, esperando a oportunidade para poder jogar. Naquele local, seguidamente, o Pedro dava uma chegada para assistir os jogos e encontrar conhecidos, para ganhar uma cervejinha.

Uma grande maioria de famílias daquela região, pensando em ajudar o Pedro, quando precisavam de alguém para realizar pequenos serviços ou  cuidar da casa, procuravam ele, inclusive pela confiança.  

Pedro-Mole, sempre chamado assim, ficou conhecido com esse apelido, foi uma pessoa iluminada por Deus, que passou aqui pela terra, num passado não distante, pois ele conseguiu viver sempre com alegria e, para sobreviver, buscava a força nas suas próprias deficiências e nas suas múltiplas dificuldades, em todos os aspectos, e mesmo assim, se comunicava e conquistava às pessoas, isso é coisa de Deus, ainda cuidava e sustentava sua própria mãe.