O precursor da aviação civil

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O precursor da aviação civil

Em 19/11/2011, por Ana Paula Brustolin


O precursor da aviação civil

Sábado, 19/11/2011 por Arquivo Histórico Reginal

Ana Paula Brustolin[1]


A década de 1940 inicia marcada pela Segunda Guerra Mundial e suas repercussões para além do continente europeu, onde as principais frentes de batalha eram travadas. Junto a isso invasões, anexações de territórios e outras questões derivadas da guerra eram frequentemente noticiadas mundo afora, inclusive em Passo Fundo. Enquanto esses fatos se desenrolavam, na cidade inaugurava-se o Aeroclube de Passo Fundo, entidade esta que angariou de início um pequeno número de sócios encabeçados por Ruy Della Méa. Esses sócios, em geral, eram pessoas importantes e bem sucedidas de Passo Fundo.  Segundo Diego Chimango, em artigo na revista Água da fonte de maio de 2011, Ruy Della Méa, natural de Passo Fundo, desde muito cedo sonhava em cruzar os céus nas asas de um avião. E foi justamente o que aconteceu. Em 1939 Della Méa obteve licença para voar, o denominado brevê, e tornou-se piloto na Base Aérea de Marte, em São Paulo. Esse aviador foi o precursor que vislumbrou fundar um Aeroclube na cidade.

Em 1940 Ruy Della Méa retornou a Passo Fundo com o intuito de abrir uma escola para que os jovens pudessem aprender o ofício de pilotar aviões. Houve um grande número de inscritos, mas, como registrado nos jornais de época, a população local achava que aquilo tudo era loucura. Havia receio sobre a instrução do ofício a jovens tão despreparados. Além de muitas ressalvas a proposta da escola, também Della Méa foi alvo de algumas notícias que o tinham como idealista. Segundo registro no jornal O Nacional de 15 de outubro daquele ano “fácil era ter as idéias o difícil era por em prática”, seria esta a avaliação da população com relação às idéias do aviador.

As críticas só cresciam em relação ao aviador e ao Aeroclube. Os críticos diziam que seria muito fácil fundar um campo de aviação reunindo possíveis sócios, em geral pessoas abastadas, fazer atas e estaria pronto o processo. Tal consideração articulava-se ao problema que seria a manutenção do dito clube para que pudesse funcionar plenamente, evitando que o mesmo logo fosse fechado, como estaria acontecendo com muitos outros locais. De certo modo rebatendo os opositores, Della Méa apontava em entrevista que a “aviação não é um esporte, mas sim uma coisa séria que exige sem nada oferecer a própria vida daquele que envereda por sua carreira, mas o ardor com que abraçaram a causa supera toda a linha, o amor a sua própria vida. E assim procedem os idealistas”. Suas palavras evidenciavam a disposição com que o aviador dedicava-se a sua profissão.

Embora o movimento pró e contra o Aeroclube dividisse opiniões, a empreitada foi realizada. O Nacional de dezembro de 1940 trazia como manchete: “A escola que parecia quimera no começo virou realidade palpável”. Segundo a reportagem o Aeroclube já contava com 27 alunos, destes alunos 5 eram mulheres, e esses se mostravam muito entusiasmados. A determinação e empenho de Della Méa resultaram na instalação do Aeroclube de Passo Fundo em 29 de outubro de 1940. O piloto atuou por muitos anos em companhias comerciais de aviação e faleceu em 1975.

Referências    

  1. Ana Paula Brustolin - Acadêmica do Curso de História da UPF - Fonte: Acervo do AHR