Há 24 anos, a magia da literatura transforma Passo Fundo em uma biblioteca gigante

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Há 24 anos, a magia da literatura transforma Passo Fundo em uma biblioteca gigante

Em 22/08/2005, por Paulo Domingos da Silva Monteiro


Com a ajuda da professora Tania Rösing e de sua equipe, Passo Fundo organiza o que é hoje o maior debate literário do Brasil, a Jornada Nacional de Literatura. Em sua 11ª edição, a Jornada promete formar novos leitores e discutir assuntos como Diversidade Cultural: o diálogo das diferenças. Na programação, atividades para todas as idades.

É a professora Tania Rösing quem tem a fórmula que transforma a cidade de Passo Fundo (310 km de Porto Alegre e 170 mil habitantes) em uma biblioteca gigante. Há 24 anos ela e sua equipe batalham incessantemente para organizar a Jornada Nacional de Literatura, uma movimentação cultural sem igual que cresce a cada edição e mobiliza milhares de pessoas na discussão da literatura. Em sua 11a edição, a Jornada está marcada para o período de 22 a 26 de agosto, vai reunir 110 escritores do Brasil e do exterior, 20 mil pessoas (entre adultos e crianças) e mais de cem artistas na discussão do tema Diversidade cultural: o diálogo das diferenças. Haverá ainda homenagens a Miguel de Cervantes, Hans Christian Andersen e Erico Verissimo.

Tania tem 57 anos, é licenciada em Letras e em Pedagogia pela Universidade de Passo Fundo, Mestre e Doutora em Letras (Teoria Literária) pela PUCRS e apaixonada por Literatura. Por causa dessa paixão, criou a Jornada Nacional de Literatura e é a coordenadora até hoje. Ela conta que o início, em 1981, foi tímido. A I Jornada Sul-Rio-Grandense surgiu durante uma conversa dela com o escritor Josué Guimarães, quando ela contava ao amigo da “mesmice” do curso de Letras da Universidade de Passo Fundo e de como era difícil o acesso a filmes, encontros com escritores, concertos e peças teatrais, que eram sempre em Porto Alegre, distante 300 km. Com a ajuda do escritor, a professora conseguiu fazer o sonhado evento. Foi um sucesso e até Mario Quintana, com 75 anos, estava entre os 750 participantes. Mas não houve uma segunda edição. Tania resolveu, então, aceitar a sugestão de Josué Guimarães e dar um passo maior. A Jornada passou a ser bienal e nacional.

As dificuldades em se fazer um evento dessa complexidade são muitas. Mas Tania continua firme no sonho. “O que nos move é o objetivo da movimentação cultural e a certeza de seus efeitos sociais, educacionais e culturais positivos e grandiosos. Se a tarefa de organizar uma jornada de literatura com essa metodologia, com esse perfil, com esse objetivo fosse fácil, todo mundo faria, especialmente porque seu desejo é o lucro imediato na venda de materiais de leitura. O gostoso de tudo é enfrentar junto com os meus companheiros de paixão os desafios que a construção de cada jornada impõe”.

Ao longo desses 24 anos, Tania ganhou adeptos, como o escritor Ignácio de Loyola Brandão, e batalha, a cada ano, para melhorar esta que é a mais profunda discussão literária do país. A 11ª Jornada Nacional de Literatura vai reunir 16.500 pessoas (12 mil são crianças e adolescentes), mais de uma centena de escritores nacionais e internacionais e até um grupo de estudantes poloneses.

Passo Fundo, que antes estava longe dos eventos culturais, hoje é referência nacional. Forma leitores, envolve pessoas em atividades artísticas, faz pensar e contribui para a construção de uma sociedade culta e crítica. Isso tudo não teria sido possível se não fosse pela persistência da professora Tania Rösing e de sua equipe, que batalham sem pausa para a realização das jornadas.

E por que a trajetória das Jornadas Literárias já atinge 24 anos?, por Tania Rösing, criadora e coordenadora geral das jornadas literárias de Passo Fundo:

“Inicialmente, não pensei que chegaríamos tão longe. Nosso grupo trabalha incessantemente para alcançar um grande objetivo: formar mais leitores; despertar o gosto por textos literários em um número cada vez maior de pessoas de diferentes faixas etárias; conscientizar grupos cada vez mais numerosos acerca da amplitude da leitura e da necessidade de se apropriarem de linguagens apresentadas em diferentes suportes, peculiares a distintas manifestações culturais. Escritores, editores, produtores culturais, bibliotecários, artistas têm se aproximado de nossa movimentação cultural pelos resultados concretos que estamos atingindo, podendo reproduzi-los em locais os mais distantes deste país e fora dele. Atendemos às imposições dos novos tempos, onde as inovações tecnológicas já conquistaram seu lugar, e às necessidades e aos desejos dos leitores emergentes, portadores de um novo perfil. Aprimorar o potencial do ser humano, ajudando-o a conquistar novos patamares em sua existência pela leitura, não se constitui apenas numa atividade profissional, mas é um projeto de vida”.


Mais informações com Ivani Cardoso e Maria Fernanda Rodrigues (Lu Fernandes Escritório de Comunicação) pelo telefone (11) 3814-4600